Rui Car
04/04/2017 11h11 - Atualizado em 04/04/2017 08h27

A tesoura que ainda não cicatrizou: Ederson chega a 9 meses sem jogar

Camisa 10 rubro-negro vive fase final de recuperação

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Globo Esporte

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Dia 3 de julho de 2016. A tesoura de Fagner em Ederson, lance no qual o árbitro Heber Roberto Lopes não marcou falta e terminou expulsando Zé Ricardo por reclamação, foi o último momento do camisa 10 do Flamengo em campo. Nesta segunda-feira, o jogador de 31 anos completa nove meses sem atuar pelo Flamengo.

 

O retorno aos campos do jogador ainda não tem data. Embora o Flamengo não divulgue previsão de recuperação, a expectativa inicial era da volta de Ederson em 40 dias, prazo que não se confirmou. Já se passaram mais de 270 dias e todo o cuidado tem sido feito na fase final de recuperação do jogador que tem contrato com o Flamengo até o fim de 2017

 

Com histórico de lesões na carreira, o atleta abriu mão de salários no Lazio para rescindir com o clube italiano e jogar no Flamengo. Sempre elogiado pela dedicação e comprometimento ao longo da carreira, Ederson chegou valorizado como um dos principais nomes e salários do elenco rubro-negro. Sem entrar em detalhes, o departamento de futebol do Fla informou que “o atleta já está trabalhando com o grupo, se condicionando fisicamente, fortalecendo o local e, ao mesmo tempo, mantendo o trabalho individualizado no CEP, como os demais atletas”.

 

Tratamento “conservador” no início até a decisão pela cirurgia  

O Flamengo apostou inicialmente num tratamento que o chefe do departamento médico rubro-negro, Marcio Tannure, tratou como “conservador” – jargão da medicina que, em linhas gerais, trata do lesionado sem a necessidade de cirurgia. À época, Tannure explicou por que precisaram de tempo até optar pela artroscopia.

 

Ederson se recupera de lesão em treino na academia do Flamengo (Foto: Gilvan de Souza / Flamengo)
Ederson se recupera de lesão em treino na academia do Flamengo (Foto: Gilvan de Souza / Flamengo)
 

– Ederson teve fratura osteocondral (de cartilagem), um edema ósseo, naquela entrada do Fagner. Foram múltiplas lesões e uma dessas pequenas lesões foi de menisco. Então a gente primeiro tratou essa fratura osteocondral e o edema ósseo na expectativa de que, com o tratamento conservador dessas outras patologias, evitasse o procedimento cirúrgico. Mas só saberíamos se haveria necessidade de cirurgia ou não após o tratamento da fratura osteocondral e do edema ósseo. Infelizmente após todo o esforço do atleta na reabilitação dele e de todo o esforço aqui do CEP, ele ficou recuperado da fratura e do edema, mas a dor permanece, e a gente vai ter que realizar a artroscopia para poder tratar essa lesão de menisco – disse Tannure, em entrevista ao GloboEsporte.com em 6 de setembro (a cirurgia foi feita no dia seguinte).  

 

Esperança frustrada para reta final de 2016

Com o Flamengo inserido na disputa pelo título brasileiro e a demora na evolução de Ederson, o departamento médico ainda tinha confiança em colocá-lo para jogar no fim de 2016. A recuperação, todavia, desenvolveu-se de maneira mais morosa, e o departamento de futebol não o arriscou na reta final da competição.

 

– É difícil dar uma previsão. Porque a última previsão que a gente deu já não se concretizou. Óbvio que a gente vai fazer todo o esforço. A gente espera contar com ele neste ano. É nosso pensamento, nossa vontade. Só que tem que respeitar a individualidade de cada um e do atleta. Mas todo esforço vai ser feito para isso, pode ter certeza – dizia Tannure no fim de outubro.

 

Preocupação com o emocional do atleta

Além do problema no joelho esquerdo, o sofrimento de Ederson longe dos campos era motivo de preocupação do Rubro-Negro. A angústia passou a ser compartilhada por familiares e amigos, que aguardavam ansiosamente o retorno do atleta. O psicólogo do Flamengo, Fernando Gonçalves, contou um pouco do momento que passava o atleta no início do ano.

 

– Ederson passa por esse sofrimento, algo de quem quer demais a recuperação. Mas em função do edema ele não consegue avançar. Falamos com o Márcio (Tannure) nesse processo. Ele (Ederson) é muito perfeccionista, gosta de ter muitas certezas, flexibiliza o processo para a recuperação ser a mais saudável possível, para que a cabeça ajude. É difícil, ele quer muito ajudar. Tivemos a fatalidade do jogo contra o Corinthians, que é um fator externo, que comprometeu. Ele acaba usando tudo de forma inteligente para que esse processo seja da maneira mais saudável e que a cabeça jogue a favor nessa recuperação – contou Fernando, em 17 de janeiro.

 

carrossel-ederson-3 (Foto: editoria de arte)
Manchetes do GloboEsporte.com acompanham os nove meses de Ederson fora do Fla (Foto: Editoria de Arte)
 
 

A seis meses do fim do contrato

Apresentado em 24 de julho de 2015, o atleta atuou em apenas 32 partidas desde sua estreia, em 12 de agosto do ano (neste período, o Rubro-Negro disputou 112 jogos – o camisa 10 entrou em campo 28,5% dos confrontos possíveis). Na estreia, jogou bem, e o Fla venceu o Atlético-PR por 3 a 2, no Maracanã. Teve boa sequência de cinco jogos, com direito a dois gols em duelo com o Palmeiras (2×4), mas sofreu lesão na coxa esquerda em empate com o Vasco que eliminou o Rubro-Negro da Copa do Brasil.

 

No mesmo ano, novamente contra o Vasco, desta vez em derrota por 2 a 1, no Brasileiro, levou pancada no joelho direito e sofreu contusão ligamentar. Novamente perdeu ritmo.

 

A temporada de 2016 só começou para Ederson em 5 de março, quando os reservas venceram por 3 a 1 o Bangu, e o camisa 10 encerrou período de 104 dias sem atuar. Passou a ser utilizado por Muricy Ramalho e posteriormente por Zé Ricardo. Seu melhor momento deu-se entre 26 de junho, na derrota por 2 a 1 para o Fluminense, e a goleada por 4 a 0 para o Corinthians. No meio dos dois duelos, marcou na vitória sobre o Inter.

 

Tá chegando a hora?

Ederson já treina normalmente com o restante do grupo desde o começo do ano. Não deixou de trabalhar um dia sequer – e fez também tratamento nas férias, com acompanhamento do departamento médico do Flamengo. Semana passada, Zé Ricardo disse que o processo de retorno do meia está adiantado e só depende de correções mecânicas e ritmo de jogo. Sofreu uma torção no tornozelo, mas nada que diminuísse o otimismo do departamento de futebol.

 

Lesões na Europa

Ederson Lazio lesão (Foto: Getty Images)
Ederson teve lesão grave em 2014 pelo Lazio (Foto: Getty Images)
 

Ederson já vinha de um período complicado na Europa. Nos cinco anos anteriores à chegada ao Flamengo, atuou apenas 76 vezes e marcou nove gols, número levantado pela Espn Brasil.

 

A primeira grande lesão aconteceu em sua única partida pela Seleção, em 2010, na vitória por 2 a 0 sobre os Estados Unidos. Entrou aos 27 minutos da etapa final, e, ao tentar tocar na bola, rompeu dois tendões da coxa esquerda. Ficou sete meses sem jogar. 

 

Voltou em 2011 e, durante amistoso com o belga Genk, sofreu ruptura do ligamento cruzado do joelho direito, região onde foi atingido contra o Vasco, em 2015.

 

No Lazio, nova lesão grave, desta vez na coxa direita. Houve uma ruptura do tendão na região, e a recuperação novamente não foi rápida.

Justen Celulares