Em três jogos, Tiffany, do Bauru, já deu mostras que tem tudo para ser um dos maiores destaques da Superliga feminina de vôlei. Primeira transexual a disputar a competição, a atleta anotou 70 pontos em apenas três partidas disputadas, e tem a maior média do torneio, com 23,3 por jogo. Tandara, do Osasco, que é a maior pontuadora pelo total, tem média de 19 por partida, já que esteve em quadra em 12 rodadas.
A jogadora do Bauru fez sua primeira partida contra o São Caetano e anotou 15 pontos. Depois, fez 25 contra o Pinheiros e, na última partida do ano, fez 30 no duelo contra o Flumiense.
A Superliga feminina tem uma pausa e só volta no início do ano que vem. O Bauru está com 17 pontos e em oitavo lugar, dentro da zona de classificação dos playoffs.
É sempre importante constatar que a jogadora do time do interior paulista está seguindo a determinação do Comitê Olímpico Internacional (COI), que libera a participação de jogadoras trans entre as mulheres caso o nível de testosterona – hormônio masculino no corpo humano –, esteja abaixo dos 10 nanogramas (ng). O de Tiffany é de 0,2 ng.
Nascida de uma família pobre de Goiás, Tiffany sequer conheceu o pai e teve que ajudar a família desde criança. Consciente de que não poderia contar com apoio financeiro em casa, foi pelo vôlei que vislumbrou a chance de realizar o maior sonho da vida: o de se tornar uma mulher por completo. Foi então que Rodrigo Pereira de Abreu saiu de casa em busca de dinheiro para fazer a transição de gênero.
Antes de jogar pela Superliga feminina, Tiffany entrou em quadra ainda como Rodrigo pela Superliga A e B no Brasil e em outros campeonatos masculinos nas ligas da Indonésia, Portugal, Espanha, França, Holanda e Bélgica. Quando defendia um clube da segunda divisão belga, resolveu concluir a transição de gênero, deixando o Rodrigo no passado.