Rui Car
02/12/2017 10h20 - Atualizado em 02/12/2017 08h20

Victor Hugo vê covardia em ataques e defende Muralha: “Vai dar passos atrás”

Ele releva campanhas por sua saída

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Não é exatamente comum preparador de goleiros dar entrevista. Normalmente acontece quando algum dos comandados está em boa fase, chega à Seleção ou… quando a coisa está feia. Nos últimos meses, Victor Hugo foi alvo de páginas de torcedores e outro tipo de campanhas em redes sociais contra sua permanência no Flamengo.

 

Com a má fase de Alex Muralha e a irregularidade de Thiago, que virou titular do gol rubro-negro antes de se lesionar, Victor Hugo ficou no olho do furacão no Flamengo até a boa partida de César, na vitória por 2 a 0 sobre o Junior Barranquilla, que classificou o time para a final da Sul-Americana. O prata da casa é o quarto goleiro a defender a meta rubro-negra na temporada.

 

Victor Hugo escutou calado. A reportagem do GloboEsporte.com pedia ao clube há tempos para ouvir o treinador de goleiros. Após seis horas entre Barranquilla e Salvador, o experiente preparador de goleiros, de 56 anos, que foi goleiro de futebol de salão, formado em educação física na Gama Filho, com pós-graduação em treinamento esportivo, parou alguns minutos no saguão de desembarque do aeroporto para falar um pouco sobre o ano de 2017, um dos mais difíceis dos 31 de profissão.

 

Ele revelou que, mesmo tentando evitar, tomou conhecimento das críticas que recebeu neste tempo. Pela família, pelos amigos. Victor Hugo respeita quem o desabona, mas classifica como “covardia” a campanha que pede “Fora, Victor Hugo” nas redes sociais, além das comparações com o trabalho de outros profissionais, com edições de treinamentos de Victor Hugo.

 

– Eu não vejo, prefiro não ver (essas campanhas). Mas chegam a mim pelos meus filhos, meus amigos. Tem muita coisa fora de propósito, covardia. Mas aceito com naturalidade. Hoje em dia tem muitas pessoas na internet que falam o que querem. Isso realmente não vai me abalar. Sou muito novo ainda para parar. Embora tenha começado cedo. Não me iludo com algum elogio e não me afundo quando vem crítica. Então trabalhando normalmente e sempre buscando o melhor nos times que trabalho – disse Victor Hugo, que tem no Fla o 15º clube da carreira, sendo 11 deles no Brasil. Ele começou em 1986 no Olaria.

 

 

Victor Hugo arremessa a bola para César no aquecimento antes do confronto com o Junior Barranquilla: goleiro terá sequência no Flamengo (Foto: Gilvan de Souza/Flamengo)Victor Hugo arremessa a bola para César no aquecimento antes do confronto com o Junior Barranquilla: goleiro terá sequência no Flamengo (Foto: Gilvan de Souza/Flamengo)

Victor Hugo arremessa a bola para César no aquecimento antes do confronto com o Junior Barranquilla: goleiro terá sequência no Flamengo (Foto: Gilvan de Souza/Flamengo)

 

Sincero, o preparador admitiu que o momento de Alex Muralha não é bom. Ele lamentou a lesão do experiente Diego Alves, na reta final da temporada. Mas confia na ascensão de César e Thiago.

 

– O trabalho (que faço) é o de sempre. Logicamente, tentamos ajustar alguma coisa com papo, com vídeos. Os garotos são pessoas maravilhosas. Tinha plena confiança no César, como tinha no Thiago. E continuo tendo no Alex, que está passando por um momento difícil. Vai dar uns passinhos para trás para poder recuperar. Mas tenho certeza que recupera – afirmou o preparador de goleiros.

 

Os “ajustes” com César foram de última hora. O goleiro foi reinscrito na Sul-Americana depois da lesão de Diego Alves e passou à frente de Muralha, que errou feio contra o Santos – saindo mal com os pés no primeiro gol e espalmando para dentro chute no segundo.

 

 

Muralha chega ao Ninho e trabalha ao lado do preparador Victor Hugo: em 2016, goleiro foi convocado por Tite para a seleção brasileira (Foto: Gustavo Rotstein/GloboEsporte.com)Muralha chega ao Ninho e trabalha ao lado do preparador Victor Hugo: em 2016, goleiro foi convocado por Tite para a seleção brasileira (Foto: Gustavo Rotstein/GloboEsporte.com)

Muralha chega ao Ninho e trabalha ao lado do preparador Victor Hugo: em 2016, goleiro foi convocado por Tite para a seleção brasileira (Foto: Gustavo Rotstein/GloboEsporte.com)

 

O preparador conversou com César e tentou tranquilizá-lo sobre o período de inatividade e, principalmente, o ritmo de jogo, que é fundamental para um goleiro.

 

– A ideia é essa (César ter continuidade). A gente tem plena confiança, vai dar tudo certo – disse Victor Hugo.

Victor Hugo e o restante da comissão técnica passaram confiança para César. Tentaram tirar o nervosismo de um jogador que tem apenas 25 jogos como profissional e não atuava há dois anos pelo Flamengo.

 

– Conversamos para que não houvesse esse tipo de ansiedade. A primeira bola pode determinar o teu futuro no gol. Se for mal, não pode se abalar. Se for bem, não pode achar que vai continuar por causa disso. Procuramos evitar esse tipo de angústia que o atleta tem para que seguisse novamente o trabalho. Foi o que aconteceu – comemorou.

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