Rui Car
04/12/2020 14h23 - Atualizado em 04/12/2020 17h25

Alto Vale tem duas das 28 prefeitas eleitas em Santa Catarina

Chica, em Salete, e Geovana Gessner, em Trombudo Central, representam a classe feminina no comando do Poder Executivo na região

Assistência Familiar Alto Vale
Foto: Montagem/Divulgação)

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O “prefeito” reeleito de Itapema é Nilza Simas (PSD). O futuro “prefeito” de Içara será Dalvania Cardoso (PP). A expressão masculina que continua na boca do povo está, aos poucos, dando espaço às conquistas das mulheres na política catarinense. Nestas eleições, 28 prefeitas foram eleitas em Santa Catarina.

 

Das eleitas para comandar prefeituras no Estado a partir de 2021, Nilza e Dalvania são as campeãs de votos. A prefeita de Itapema obteve 18.557, enquanto a próxima prefeita de Içara teve 12.527.

 

Nilza Simas simboliza força das mulheres na política; reeleita em Itapema, foi a prefeita que mais recebeu votos em SC em 2020 (Foto: Divulgação/ND)

A dupla é um recorte do aumento das mulheres na política em Santa Catarina. Elas somam força no crescimento – ainda tímido – da participação feminina nos executivos municipais do Estado.

 

Em Itapema, no ano de 2008, Nilza se tornou a primeira vereadora da cidade e foi recordista de votos entre as mulheres na reeleição em 2012. Na eleição municipal seguinte, novo feito, a primeira mulher eleita para comandar o Executivo. E em 2020, obteve a reeleição com apoio de 63,74% do eleitorado.

 

Em Içara, Dalvania também conseguiu uma façanha. A cidade, que completa 60 anos em 2021, terá sua primeira prefeita. Derrotada em 2016, ela disse que plantou uma semente naquela eleição e, desde então, focou na aproximação com a comunidade para vencer em 2020.

 

Crescimento da representação das mulheres em SC

 

O professor e cientista político Eduardo Guerini tem números que revelam o crescimento da participação das mulheres na política e nas prefeituras de Santa Catarina ano após ano.

 

“Em relação à representação feminina, 28,57% das candidatas a prefeita se elegeram nas urnas. Foram 28 mulheres que venceram o pleito de um total de 98 candidatas. Considerando que temos 295 municípios catarinenses, 9,49% deles terão uma mulher no comando”, explica Guerini.

 

Ele trouxe outros números à reportagem: na eleição de 2012, a representação das mulheres nas prefeituras era de 7%. Em 2016, na eleição seguinte, 8,4% dos municípios tiveram mulheres eleitas. Ou seja, aumento de dois pontos percentuais em oito anos.

 

Doutora em Ciências Humanas pela UFSC, Simone Lolatto fala em crescimento incipiente. Ela concluiu, em 2016, um estudo sobre os sete mandatos das seis mulheres – uma delas foi reeleita – vereadoras titulares de Florianópolis entre 1983 a 2016.

 

O estudo é anterior à vitória de Maria da Graça, vereadora de 2017 a 2020, e ao recorde das cinco mulheres eleitas em 2020.

 

“Desde a instituição da lei de cotas, que não pode mais inscrever uma chapa com menos de 30% de um dos gêneros pelo menos, percebemos aumento significativo no número de mulheres candidatas e que concorrem para valer”, comenta a pesquisadora.

 

Reserva de candidaturas

 

Na disputa eleitoral de 2020, a nominata de candidatos dos partidos para a câmara municipal dos partidos deveria ter no mínimo 30% de mulheres. Na opinião da prefeita eleita de Içara, a medida não traz benefício. Ela acredita que a lei acaba obrigando mulheres a disputar a eleição e que isso piorou o quadro para elas.

 

Dalvania Cardoso (PP), após a vitória em Içara; ela será a primeira mulher a governar a cidade – Foto: Divulgação/ND

“Acho que seria muito mais interessante se, em vez de um percentual de candidaturas, tivesse uma reserva de vagas femininas na Câmara. Forçar a mulher a ser candidata, acho que não foi uma experiência bacana, não”, defende Dalvania.

 

A câmara municipal da cidade que ela governará terá duas mulheres em 2021: Carla Souza (MDB) e Silvia Mendes Marreca (PSDB). Içara tem 15 vereadores. A representação feminina é de 13,33%.

 

Itapema, de Nilza, terá três, 23,08% do total de cadeiras: Bete (PSD), Raquel da Saúde (PSL) e Zulma (PP). As outras 10 vagas do parlamento de serão ocupadas por homens.

 

“Não diria que o mundo político é machista, mas é masculino, porque as mulheres não ousam entrar para a vida pública. Elas têm um certo receio (…) Temos que incentivar, com trabalho e números. As mulheres são capazes de assumir a vida pública”, disse Nilza.

 

Lolatto concorda. Ela considera que uma das grandes dificuldades para o êxito eleitoral das candidaturas femininas é a falta de experiência em eleições.

 

“Essa falta de experiência histórica que carregam as mulheres pela inserção tardia na política partidária e nas disputas eleitorais interfere também no êxito delas, portanto, quanto mais mulheres forem candidatas e insistirem nisso, elas vão conquistando base e se consolidando como lideranças”, ressalta Lolatto.

 

Como elas pretendem governar

 

Nilza Simas nunca perdeu uma eleição. Foi duas vezes vereadora e vai iniciar o segundo mandato de prefeita. Ela defende que disputar reeleição é mais complicado e pretende governar com foco em cinco pilares: saúde, mobilidade urbana, turismo, geração de emprego e renda, e segurança.

 

Outra grande promessa da prefeita reeleita de Itapema é a entrega de um novo hospital, no bairro Várzea, com 100 leitos, cinco centro cirúrgicos, 10 UTI’s e maternidade.

 

Em Içara, Dalvania está focada no que ela chama de saúde descentralizada e em outros dois eixos: educação infantil profissionalizante e desenvolvimento econômico planejado. Ela também pretende marcar o mandato com políticas em prol das mulheres.

 

“Tive uma votação especial também de mulheres. Quero focar em políticas, como educação infantil, creche e pré-escola para que a mãe possa ter o direito de trabalhar tranquilamente. Içara tem uma demanda alta reprimida de vagas em creche”, lamenta.

 

Ela destaca, ainda, o plano de viabilização da Casa da Mulher Brasileira, para auxiliar mulheres vítimas de violência. Promete, também, apoio irrestrito ao funcionamento da Casa Rosa, um espaço de saúde especial para mulheres, focando na questão do câncer.

 

Composição das secretarias

 

Itapema tem oito secretarias e Nilza chega ao final do primeiro mandato com metade dos cargos sob o comando das mulheres. Ela procurou equilibrar os gêneros no secretariado.

 

O comando da Assistência Social ficou com Edith Gabriela Rosas Fernandes Nascimento. No Turismo, outra mulher: Noeli de Fátima Thomé. Na Administração, mais uma: Marinês Kepler Nunes. E a Educação será liderada por Alessandra Simas Guiotto.

 

“É um governo bem feminino. Se eu tiver dois currículos técnicos com a mesma experiência, eu chamo a mulher. O que me norteia é o currículo e a experiência, a técnica sempre vem em 1º lugar”, explica Nilza.

 

A chefia do gabinete da prefeita de Itapema também fica a cargo de uma mulher. Em Içara, Dalvania pretende compor o governo pelo critério da competência.

 

“Mulher competente vai estar. Se for homem competente, vai estar. O critério não é gênero, não”, explica a futura e primeira prefeita da história de Içara. Além de Dalvania e Nilza, outras 26 mulheres estarão à frente das prefeituras de SC a partir de 2021.

 

Veja a lista das 28 prefeitas eleitas nos municípios de SC:

 

1. Água Doce, Nelci (PL) 2.299 votos;

2. Angelina, Rose (PT) 1.720 votos;

3. Anitápolis, Solange (MDB) 1.519 votos;

4. Arabutã, Leani Schmitt (PSD) 1.733 votos;

5. Benedito Novo, Arrabel (MDB) 3.878 votos;

6. Campo Alegre, Alice Grosskopf (MDB) 3.560 votos;

7. Campo Belo do Sul, Claudiane (PP) 1.835 votos;

8. Campo Erê, Rozane Moreira (PT) 2.880 votos;

9. Cunha Porã , Luzia Vacarin (PSDB) 4.518 votos;

10. Iomerê, Luci (PP) 1.270 votos;

11. Ipuaçu, Clori (PT) 2.552 votos;

12. Itapema, Nilza (PSD) 18.557 votos;

13. Içara, Dalvania (PP) 12.527 votos;

14. Lauro Müller, Dra. Saionara (MDB) 5.139 votos;

15. Monte Carlo, Sonia Salete Vedovatto (PSDB) 2.940 votos;

16. Palmeira, Fernanda Córdova (PL) 1.591 votos;

17. Paraíso, Marlene Giacomini (MDB) 1.738 votos;

18. Rancho Queimado, Cleci Veronezi (MDB) 1.908 votos;

19. Salete, Chica (PL) 2.841 votos;

 

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Reeleita em Salete, Solange Schlichting, a Chica, comandará o município por mais quatro anos (Foto: Prefeitura de Salete)

20. Santa Cecília, Alessandra (MDB) 5.369 votos;

21. Santa Terezinha do Progresso, Márcia (MDB) 1.190 votos;

22. Sombrio, Gislaine Cunha (MDB) 7.257 votos;

23. São Cristóvão do Sul, Ilse Leobet (PSDB) 1.817 votos;

24. Trombudo Central, Geovana Gessner (MDB) 2.118 votos;

 

Também reeleita, Geovana continuará à frente dos trabalhos do executivo trombudense (Foto: Prefeitura de Trombudo Central)

Também reeleita, Geovana continuará à frente dos trabalhos do executivo trombudense (Foto: Prefeitura de Trombudo Central)

25. Urubici, Mariza Costa (PP) 3.297 votos;

26. Vargem, Milena (PL) 1.181 votos;

27. Vargem Bonita, Rosamarcia (MDB) 1.874 votos;

28. Zortéa, Rosane (PP) 1.048 votos.


FONTE: COM INFORMAÇÕES DE NÍCOLAS HORÁCIO – ND+ / RÁDIO EDUCADORA


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