Rui Car
01/12/2020 06h12 - Atualizado em 01/12/2020 11h45

Assaltantes de banco sitiam centro de Criciúma, fazem reféns e queimam veículos

Ação durou cerca de uma hora na madrugada desta terça-feira (01)

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Funcionários da sinalização de trânsito foram feitos reféns e usados como escudo humano (Foto: Arquivo pessoal)

Funcionários da sinalização de trânsito foram feitos reféns e usados como escudo humano (Foto: Arquivo pessoal)

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Criciúma viveu uma madrugada de terror nesta terça-feira (01). O centro da cidade foi sitiado por assaltantes de bancos que explodiram agências e caixas eletrônicos. Eles usaram reféns como escudo, provocaram incêndios e atiraram várias vezes. 

 

O túnel do Morro do Formigão, na BR-101, em Tubarão, foi interditado com o uso de um caminhão incendiado para evitar que reforços policiais chegassem à cidade. Segundo relatos de moradores, os bandidos atearam fogo em outro caminhão em frente a um batalhão da Polícia Militar. 

 

 

 

A ação durou cerca de uma hora. Um policial militar e um vigilante ficaram feridos. O agente atingido no abdôme passou por cirurgia no Hospital da Unimed. Quadro dele é estável.

 

– Foram três ou quatro agências atacadas, quebraram vidros, saquearam lojas, colocaram a cidade em pânico. Em poucos minutos a cidade toda acordou – descreveu o prefeito Clésio Salvaro, em entrevista à Rádio Gaúcha.

 

 

Os primeiros relatos de tiros no centro da cidade aconteceram por volta da meia-noite. Imagens em redes sociais mostraram reféns usados como escudos em dois locais Segundo o prefeito, eram funcionários do município que pintavam faixas de trânsito. Nenhum foi ferido.

 

Os suspeitos abandonaram pelo menos um malote de dinheiro com cerca de R$ 300 mil. Eles teriam fugido em vários carros em direção ao Sul do Estado. Por volta das 2h30min, peritos chegaram às ruas para analisar supostos materiais explosivos deixados pelos assaltantes.

 

Quatro pessoas foram levadas para a delegacia por estarem tentando furtar dinheiro espalhado na rua. Elas não teriam participação no ataque. Com elas foram localizados R$ 810 mil, segundo a Polícia Militar.

 

 

Dez carros usados na fuga são encontrados em Nova Veneza

Carros usados na fuga foram abandonados em milharal de Nova Veneza, próximo a Criciúma

Carros usados na fuga foram abandonados em milharal de Nova Veneza, próximo a Criciúma (Foto: Divulgação)

Os policiais encontraram 10 carros utilizados pelos bandidos na fuga. Os veículos estavam em um milharal próximo a um rio em uma região chamada de Picadão, em Nova Veneza, a 18 quilômetros de Criciúma.

 

Os automóveis de luxo tinham placas de São Paulo e foram levados a uma delegacia. Eles devem passar por perícia para que seja apontada a procedência deles.

 

A partir deste ponto, a suspeita é de que os bandidos tenham utilizado outros veículos para continuarem a fuga. O paradeiro é desconhecido.

Buscas aos criminosos continua na região de Criciúma

Buscas aos criminosos continua na região de Criciúma (Foto: Diorgenes Pandini, Diário Catarinense)

A prefeitura de Criciúma precisou pedir reforço a batalhões de municípios vizinhos e também para cidades do Rio Grande do Sul. Os agentes fazem buscas e bloqueios pela região.

 

Policiais e investigadores fazem buscas, mas até as 10h o paradeiro dos assaltantes era desconhecido.

Bandidos atearam fogo em caminhão na BR-101 e em frente a batalhão da polícia para impedir acesso de reforços policiais

Bandidos atearam fogo em caminhão na BR-101 e em frente a batalhão da polícia para impedir acesso de reforços policiais (Foto: Polícia Rodoviária Federal, divulgação)

Quantia levada ainda é desconhecida

 

Em entrevista à Globonews, o delegado Vitor Bianco Junior disse que a suspeita inicial é de que os bandidos já estivessem na região há bastante tempo para analisar rotas de fuga e as ações a serem feitas durante o assalto.

 

A quantidade de dinheiro roubada pelos assaltantes ainda não foi informada. A escolha da agência do Banco do Brasil teria se dado porquea unidade havia sido abastecida com dinheiro recentemente, de acordo com o delegado. Segundo ele, há vídeos que mostram o uso da caçamba de uma caminhonete para levar o dinheiro.

 

– Há informações de que o banco havia sido abastecido por ser início de mês, e ali seria o ponto de distribuição para outras unidades bancárias. Por isso o Banco do Brasil seria o foco. Quanto aos valores, esses não foram divulgados, não temos conhecimento. Acreditamos, sim, que foi uma grande quantia em dinheiro porque segundo alguns vídeos que estão sendo divulgados na mídia, eles teriam levado uma caçamba de dinheiro, (caçamba) de uma caminhonete. Não temos como precisar ainda, mas teria sido um valor expressivo – afirmou.

Equipes da Polícia Civil fazem buscas e investigam o caso desde as primeiras horas desta terça-feira

Equipes da Polícia Civil fazem buscas e investigam o caso desde as primeiras horas desta terça-feira (Foto: Janniter De Cordes)

Moradores relatam medo durante ação de bandidos

Vagner ouviu toda a movimentação desde os primeiros disparos no assalto em Criciúma

O pintor automotivo Vágner Freitas mora próximo ao local da ocorrência, no centro de Criciúma, e ouviu toda a movimentação, desde os primeiros disparos até o silêncio registrado depois que os bandidos foram embora.

 

— Para nós criciumenses é um fato histórico, nunca aconteceu isso nessa proporção. Já teve assalto a banco, mas desse tipo deixa a gente bem inseguro. 

 

Como a casa dele está localizada muito próxima ao local do assalto, o morador da cidade do Sul do Estado ficou em choque e contou que estava com medo de os criminosos invadirem a residência para usar como esconderijo.

 

Gilson Diogo mora há 28 anos em Criciúma e disse que madrugada foi 'aterrorizante'

Gilson Diogo mora há 28 anos em Criciúma e disse que madrugada foi ‘aterrorizante’ (Foto: Janniter De Cordes)

O aposentado Gilson Diogo mora há 28 anos no município e diz que nunca tinha visto uma situação parecida. Ele e a família ficaram aterrorizados com a situação.

 

— Foi assustador. Faz 28 anos que eu moro aqui na região e nunca ouvi uma coisa dessa. Foi assustador mesmo. Duas horas sem parar e uma correria pra lá e prá cá que não parava. Nós apagamos as luzes, ficamos quietinhos, tudo em silêncio, tudo com medo. Foi bem assustador, muito aterrorizante.

 

Os dois moradores acreditam que essa noite vai ficar marcada na história da cidade e pode mudar alguns hábitos dos criciumenses.

 

— A gente fica meio apreensivo. Uma situação dessa pode acontecer de novo, nunca se sabe, temos que ficar em alerta. Já pensou a gente estar aqui uma hora dessa, sem saber de nada. [O assalto] deixou a cidade impactada. — desabafa Gilson Diogo. 

 

Agência fica fechada nesta terça-feira

 

O Banco do Brasil emitiu nota informando que aguarda a conclusão dos trabalhos de varredura da polícia técnica e a liberação do acesso ao local para que uma equipe de engenharia avalie eventuais danos à estrutura do prédio. Somente após isso devem iniciar os serviços de limpeza.

 

O banco diz que colabora com as investigações, mas que não informa valores subtraídos durante ataques a agências. “O Banco do Brasil atua para normalização do atendimento no menor prazo possível, mas não há previsão para a reabertura da unidade”, informou. Não houve feridos entre os funcionários do banco.

 

Investigação destaca armamentos utilizados

 

Em entrevista ao Bom Dia Santa Catarina, da NSC TV, o delegado-geral da Polícia Civil de SC e chefe do colegiado de segurança de Santa Catarina, Paulo Koerich, disse que o Estado vinha em uma queda de 54% nos casos de assaltos a instituições financeiras, mas que a ação dos bandidos em Criciúma chamou a atenção pela estrutura mobilizada. 

 

Koerich chegou a citar o assalto no Aeroporto Quero-Quero, em Blumenau, registrado em março de 2019, mas afirmou ser cedo para traçar relação entre os crimes.

 

— É muito prematuro traçar qualquer paralelo entre aquele fato ocorrido em Blumenau e este em Criciúma. O que podemos afirmar neste momento é que chama a atenção o poderio bélico e a técnica empregada. São pessoas que tiveram acesso a outras informações de manuseio de armamento, de progressão em terreno, para que o crime pudesse ser perpetrado — afirmou. 


FONTE: DIÁRIO CATARINENSE – NSC / COM INFORMAÇÕES DE: G1 SC, BARBARA BARBOSA – NSC TV E JANNITER DECORDES – CBN DIÁRIO


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