Rui Car
14/07/2020 15h00

Atingidos relembram enchente de julho de 1983 em Taió

Enchente devastadora completa 37 anos e segue inesquecível

Assistência Familiar Alto Vale
Fonte: Jornal A Tribuna do Vale

Fonte: Jornal A Tribuna do Vale

Delta Ativa

Se apesar das recentes chuvas, atualmente vivemos um período de seca, há 37 anos o cenário era completamente diferente em Taió e região. Aquele começo de julho de 1983 foi de dificuldades e muita angústia para a população do Vale do Itajaí, pois teve início a chuva forte na região.

 

Essa catástrofe climática matou 49 pessoas e deixou vários desabrigados em 90 municípios catarinenses, segundo dados da Defesa Civil do estado. Para se ter uma ideia da dimensão da tragédia, dificilmente quem viveu esse período esquecerá. Muitas famílias perderam tudo o que conquistaram. A capacidade de reconstrução da população atingida naquela ocasião supera os fatos do desastre. Fica o exemplo de que nunca é tarde para recomeçar.

 

Casas foram arrastadas e pessoas tiveram que se abrigar em sótãos. Faltou água potável e comida no centro e nos bairros. Por esse motivo, assim que possível, a Marinha do Brasil veio de helicóptero trazer mantimentos.

 

O cenário era desolador, pois além de não haver energia elétrica e água potável, também não havia telefone. Muitos dizem que essa foi uma das piores, senão a pior catástrofe climática ocorrida no Vale do Itajaí em termos de danos.

 

Em Taió, cerca de 90% da zona urbana do município foi totalmente alagada. Em Rio do Sul, 400 casas foram arrastadas ou desapareceram. As cheias de 83 causaram prejuízo de mais de 1 bilhão de reais para o Vale do Itajaí. Porém, graças ao seu povo ordeiro e trabalhador, tudo foi erguido em pouco tempo, mostrando a capacidade de superação de cada um dos atingidos por essa tragédia, uma lição que a natureza veio mostrar ao homem.

 

Depoimentos:

 

Isolde Glatz

“Havia me formado em Direito em dezembro de 1982, voltei para Taió e a enchente de 1983 entrou em meu recém mobiliado escritório. água até o forro e, tão logo as águas baixaram, me mandei para Salete”.

 

Cicera Angela Raymundi Lago

“Foi no ano do meu casamento. Água que não acabava, meu enxoval ficou misturado ao lodo da enchente. Casei-me em Itajaí com água na porta da Igreja”.

 

Dulce Ronchi Venancio

“Nesta enchente morávamos em Taió na Serraria de Vendolino Oenning. Foi muito triste, pegou todos de surpresa”.

 

Christa Sieves

“Nesta enchente viajei de Porto Alegre para ver meus pais. Só tinha comunicação pelo rádio do então Deputado Moacir Bértoli de Florianópolis. Precisava ir ver. Andei da 470 até Taió depois para Ribeirão do Salto a pé, cruzando por vários locais de alagamentos. Isto não apagará da memória”.

 

Eliani Luz

“Nossa, que lembrança! Saímos da casa só com as roupas necessárias e comida. O cheiro ainda fica na lembrança. O pai ficou no forro da casa cuidando. Coitado! Comendo linguiça com pão, ele e o ‘Tchuco’, meu gato”.

 

Angelita Valentini Machado

“Eu lembro dessa enchente. Nós morávamos na comunidade da Praia Vermelha. A água chegou quase no assoalho da casa e fomos para a casa da minha tia na Vila Mariana. Eu estudava no colégio da Vila, minha mãe estava internada em Curitiba, na época”.

 

Soraya Kraemer

“Eu lembro dessa enchente, foi muito triste. Eu estava casada há pouco tempo, tudo novinho, minha casa nova, entrou 1 mt de água. Estava viajando, não conseguia voltar”.

 

Dilson Albano

“Foi a primeira vez que eu conheci um barco a motor e helicópteros que pousavam ali na frente da delegacia para entregar alimentos. Foi muito triste, sim. Nós morávamos no morro da Vila Mariana. Muitos desabrigados ficaram lá conosco”.

 

Wilson Vanelli

“Meu filho Rodrigo nasceu na enchente, de canoa”.

 

Aldocir Wilhelm

“Lembro-me bem também dos desvios de donativos (enlatados, colchões, roupas, etc). Pessoas se aproveitando de uma catástrofe. Vergonhoso!”. 

 

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