Imagens publicadas esta semana nas redes sociais causaram indignação, revolta e comoção. Uma brutalidade gratuita que leva as pessoas, sejam elas apaixonadas ou não por animais, a se questionarem: como pode um ser dito humano ser capaz de tamanha atrocidade?
O caso aconteceu em Presidente Getúlio, na localidade de Rio Ferro. Há dias um cachorro perambulava pela região. Na tarde de quinta-feira, após o assunto ser levantado em um grupo de protetores, veio o socorro.
O animal foi resgatado a pedido de um protetor, pela veterinária responsável pela Clínica Cães e Cia, com sede em Presidente Getúlio. Segundo a doutora Karin Veiga da Silva, responsável pelo tratamento do cachorro, ele teve os dois olhos perfurados. Ela não soube precisar de que forma isso aconteceu. Ele também está com a perna esquerda traseira fraturada e tem um corte profundo na região da cabeça, de onde foram retiradas dezenas de larvas.
Segundo a veterinária, o cachorro, que recebeu o nome de Negão, tem entre dois e três anos, pesa cerca de 25 quilos e é muito dócil. O animal segue internado na clínica, onde foi desverminado. Os olhos recebem tratamento especial com a aplicação de colírio e limpeza, já que apresentam secreção purulenta constante. A ferida continua aberta, mas em processo de cicatrização após a remoção das larvas. Já a fratura na perna começou a cicatrizar, já que o ferimento deve ter cerca de 15, 20 dias.
Ela contou que na sexta-feira pela manhã ele foi conduzido a uma área de jardim, onde conseguiu circular com certa tranquilidade. Já no interior da clínica, teve muita dificuldade. O maior dano causado ao cachorro é exatamente este: a cegueira permanente.
Segundo a veterinária, o animal aceita bem o tratamento na perna quebrada, mas fica muito agitado quando os cuidados passam para a região da cabeça. Tem sido difícil cuidar dos olhos, principalmente. Consequência do trauma por que passou. “Ele deve ter sido muito maltratado, agredido”, contou ela.
Vida nova
O cachorro deve ter alta na segunda-feira, quando será transferido para o Sítio Amigo Fiel, em Apiúna. Lá, ele estará sob a responsabilidade do protetor Nei Gili. Negão se juntará a cerca de outros 120 animais que estão no local. Um ambiente de atenção, cuidados e amor, após serem “jogados” lá, recolhidos das ruas, resgatados de situação de maus-tratos e tantas outras coisas.
Saiba como denunciar
A legislação brasileira prevê denúncias em casos de maus-tratos a animais de quaisquer espécies, sejam domésticos, domesticados, silvestres ou exóticos – como abandono, envenenamento, presos constantemente em correntes ou cordas muito curtas, manutenção em lugar anti-higiênico, mutilação, presos em espaço incompatível ao porte do animal ou em local sem iluminação e ventilação, utilização em shows que possam lhes causar lesão, pânico ou estresse, agressão física, exposição a esforço excessivo e animais debilitados (tração), rinhas, etc.
Esses e outros crimes estão previstos no artigo 32 da Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, que prevê 3 meses a 1 ano de detenção e multa. Incorre nas mesmas penas quem realizar experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos. A pena é aumentada de um sexto a um terço se ocorre a morte do animal. Pode-se destacar que todos os animais são protegidos por esta lei.
Se você tomou conhecimento de alguma situação de maus-tratos a algum animal, denuncie. Os animais são seres, que como o ser humano, sentem dor e sofrem.
Isabel Caetano – Jornal Diário do Alto Vale