Rui Car
14/04/2020 10h22

Carlos Moisés sobre coronavírus: “Há subnotificação de casos, é verdade”

Governador citou ter lido pesquisa que apontava mais de 2 mil casos, mas por desconhecer sua base, não quis conformar seus números

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Em coletiva transmitida pelos canais do governo estadual na noite desta segunda-feira (13), o governador Carlos Moisés (PSL), admitiu que há subnotificação de casos da Covid-19. Ele citou uma pesquisa e uma leitura reversa com o número de mortes. Na mesma conferência virtual de imprensa, o chefe do executivo catarinense confirmou 826 casos de coronavírus e 26 mortes em todo o território catarinense.

 

O governador citou que o número de casos no Estado deve ser maior do que o notificado. “Nós temos uma estatística que não falha, há subnotificação de casos, é verdade. Há pesquisas que indicam que é possível que tenhamos mais de 2 mil casos por dia, inclusive aqui em Santa Catarina. Eu não posso confirmar essas pesquisas, porque eu não sei em que base elas se fundam, mas existe um resultado muito certo que é o número de óbitos”, observa Moisés.

 

“Quando as pessoas vem a falecer com alguma complicação, necessariamente elas são pesquisadas, e todas aquelas que positivam vão para a nossa estatística. Numa leitura reversa, a gente pode acreditar que de fato os número que nós temos hoje em termos de óbitos, refletem, um grande público contagiado”, acrescenta.

 

O tema foi abordado pela prefeitura municipal de Florianópolis, no dia 6, em vídeo nas redes sociais. O prefeito Gean Loureiro (DEM) afirmou que “No país asiático [China], por exemplo, foi detectado que 0,6% dos infectados pelo coronavírus foram para UTI. Na Grande Florianópolis, com cerca de 20 pacientes internados, a taxa indica que há uma probabilidade de cerca de 3,3 mil pessoas infectados”.

 

A estimativa da prefeitura toma duas variáveis para a essa estimativa: a alta taxa de assintomáticos e a falta de testes. O ímpeto da gestão municipal é de tomar decisões análogas à Coreia do Sul, com testes massivos e uma posterior flexibilização gradual, com maior segurança. Essa estimativa de leitura reversa é em virtude da facilidade de estratificar o número de pacientes na UTI, segundo o médico Matheus Pacheco de Andrade.

 

Apesar de as notificações oficiais serem atualizadas com assiduidade, não há uma portaria específica do Ministério da Saúde sobre o tema, fazendo com que muitos profissionais da saúde sigam as orientações epidemiológicas locais.

 

Contudo, essas orientações diferem entre si, e acabam entrando em conflito com a orientação informal do ministro Luiz Henrique Mandetta, que solicita notificação dos casos independente da gravidade.

 

Subnotificação na China

 

Também há ceticismo acerca do número de infectados na China. Patrick Perche, professor de microbiologia e ex-diretor do Instituto Pasteur, afirma que é “difícil acreditar que o país (China), mesmo com as medidas de confinamento adotadas, tenha tido tão pouco mortos”.

 

Karine Lacombe, do hospital Saint-Antoine, Paris, fala que “as autoridades chinesas provavelmente esconderam a verdadeira taxa de mortalidade”. Em 2002, o governo chinês admitiu subnotificar casos de SARS-CoV. O pronunciamento incluía a admissão de que as férias de maio foram reduzidas a um dia para desencorajar viagens e afins.

 

Ademais, no fim do ano passado, o médico Li Wenliang tentou avisar outros médicos sobre sete pacientes que adoeceram em virtude do novo coronavírus. Contudo, a polícia chinesa o obrigou a assinar um documento afirmando que tal atitude constituía “comportamento ilegal”.

 

Fonte: ND+

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