Rui Car
14/01/2022 11h34

Caso chocante de tortura vem à tona após mãe buscar ajuda para filha na polícia

Relatos da mulher de 30 anos impressionaram até os investigadores; homem foi preso e já tinha histórico de agressão

Assistência Familiar Alto Vale
Homem foi preso após trabalho da Delegacia de Proteção à Mulher (Foto: NSC TV / Reprodução)

Homem foi preso após trabalho da Delegacia de Proteção à Mulher (Foto: NSC TV / Reprodução)

Delta Ativa

A ação persistente de uma mãe e da polícia pode ter ajudado a salvar a vida de uma mulher de 30 anos, em Blumenau. A senhora procurou ajuda na delegacia para relatar que a filha estava sendo espancada reiteradamente pelo namorado e temia que o caso tivesse um desfecho ainda pior. 

 

A Polícia Civil montou um esquema para tirar a vítima da supervisão do agressor e entender o que estava acontecendo. Os relatos chocaram até mesmo os investigadores.

O caso veio à tona no dia 6 de janeiro, quando a mãe da vítima procurou a Delegacia de Proteção à Mulher e mostrou ao delegado Felipe Blos Orsi fotografias da filha com várias lesões pelo corpo. Ela contou que vítima não queria procurar a polícia, então decidiu agir por conta própria. 

 

Preocupada com o que viu nas imagens, a polícia foi atrás da vítima. Como era monitorada o dia todo pelo namorado, que estava no apartamento dela e não trabalha, foi preciso um esquema para levar a mulher à delegacia sem levantar suspeitas.

 

Durante a conversa com o delegado, a mulher negou as agressões, mas com base nas fotos a polícia decidiu abrir o inquérito. 

 

Durante o sábado (08), quando se despedia do pai que veio do Paraná para visitá-la, a vítima conseguiu tirar todos da sala e pediu ajuda. Segundo Orsi, foi aí que a mulher contou que o namorado estava ameaçando fugir com o filho dela e matar os demais familiares caso a situação chegasse ao conhecimento das autoridades.

Ela abraçou o pai e pediu por ajuda. Disse que não aguentava mais, não sabia o que fazer, que o homem estava ameaçando a família inteira, inclusive a criança. Ele dizia que não adiantava procurar a polícia, que ele tinha contatos e era protegido. Então ela estava numa situação de pânico“, relata Orsi.

 

A mãe voltou à delegacia na segunda-feira (10) e pediu intervenção mais uma vez. Mesmo sem a queixa formal da vítima, a Polícia Civil conseguiu uma ordem de prisão contra o homem de 26 anos e também um mandado de busca e apreensão na casa onde em tese ele mora junto com a mãe. 

 

Numa operação com o apoio da Divisão de Investigação Criminal (DIC), O agressor foi levado ao Presídio Regional de Blumenau na quarta-feira (12). Ele tem passagens anteriores pela polícia e até uma condenação por violência doméstica.

 

O que essa mulher viveu foi situação de tortura intensa por vários dias, e o indivíduo conseguia isolar ela muitos dias depois que cometia as agressões. Ela não conseguia sair, por ele estava controlando os passos dela“, conta o delegado.

 

O inquérito deve ser finalizado nos próximos dias e o homem vai responder por por tentativa de feminicídio, tortura, cárcere privado, lesão corporal e violência psicológica.

 

Os relatos chocantes

 

Segundo o delegado Felipe Blos Orsi, o casal estava namorando há quatro meses e o agressor permanecia a maior parte do tempo no apartamento da vítima, onde mora também o filho dela de dois anos. 

 

A mulher contou que as agressões ocorreram em duas oportunidades. Em uma delas a tortura durou oito horas. Nesse período a vítima era espancada até desmaiar e depois o agressor jogava água no rosto dela para que acordasse e voltasse a ser agredida.

 

Isso ocorreu na frente da criança.

 

Além de socos, a mulher foi agredida também com um ventilador e com uma arma. Conforme a polícia, a vítima ainda tem sequelas no rosto por causa das agressões cometidas repentinamente sem qualquer motivo. O filho da vítima também chegou a ser alvo da fúria do homem, que o sufocava com um travesseiro e disse que fugiria do país com o garoto caso a mulher pedisse ajuda.

O papel da rede de apoio

 

O delegado é enfático ao ressaltar o papel da rede de apoio às vítimas de violência doméstica. Desde a famílias e pessoas próximas — ao identificar os sinais de violência seja ela física, emocional ou financeira —, até a polícia são fundamentais, com a oferta de amparo e segurança para que ocorra a denúncia e coleta de provas que levem o agressor à prisão.

 

Provavelmente se a família não tivesse brigado para enfrentar essa situação, porque o indivíduo é muito perigoso, e nos procurado, pedido ajuda, alguém teria morrido nessa história, ou a mulher ou o menino“, frisa.

Conheça os tipos de violência doméstica e ao primeiro sinal peça ajuda

Conheça os tipos de violência doméstica e ao primeiro sinal peça ajuda (Foto: Ministério Público de Santa Catarina / Divulgação)


Onde denunciar casos de violência doméstica em Blumenau 

 

Disque 100 e Disque 180: canais abertos pelo governo Federal para fazer denúncias de violência doméstica.

 

Polícia Militar: em caso de emergência, 190. A equipe da Rede Catarina pode tirar dúvidas através do (47) 3378 9047.

 

Polícia Civil: procure a DPCAMI na Rua Dr. Sapelt, 45, bairro Victor Konder, O telefone é: (47) 3329-8829.

 

Cras e Creas: locais com o objetivo de atender pessoas em situação de vulnerabilidade, que podem vir a sofrer ou sofreram algum tipo de violência física ou psicológica. Oferecem serviços para a prevenção de casos de agressões, além de cursos e acesso a benefícios sociais. Há sete Centros de Referências em Assistência Social (Cras) e dois Centros de Referência Especializada em Assistência Social (Creas) espalhados por Blumenau. Todos são administrados pela prefeitura. Os endereços e horários de atendimento podem ser consultados neste link.

 

Defensoria Pública: presta atendimento jurídico às vítimas de violência. Em Blumenau, a defensoria está na Rua Joinville, 860, no bairro Vila Nova. Telefone: (47) 3378-8436. Clique aqui para acessar o site da instituição na cidade.

Ministério Público Estadual:atende pessoas em situação de vulnerabilidade. Busque informações e endereços no site.

 

Fonte: Talita Catie / Jornal de Santa Catarina / NSC Total
Justen Celulares