Rui Car
02/05/2024 09h19

Catarinense está entre os desaparecidos após fortes chuvas no RS

Carlos Wolfart, de 41 anos, ficou cerca de 10 horas ilhado antes de ser arrastado pela correnteza

Assistência Familiar Alto Vale
Carlos Wolfart estava em Sinimbu com a esposa e os filhos para o casamento do cunhado (Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação)

Carlos Wolfart estava em Sinimbu com a esposa e os filhos para o casamento do cunhado (Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação)

Delta Ativa

Um morador de Itapiranga, no Extremo-Oeste de Santa Catarina, está entre os desaparecidos devido às fortes chuvas que atingem o estado do Rio Grande do Sul.

 

O catarinense Carlos Wolfart, de 41 anos, é morador da Linha Dourado, no interior do município e estava com familiares em Sinimbu, onde participaria do casamento do cunhado.

 

O casamento era de Gilberto Eidt. A cerimônia para cerca de 300 convidados estava marcada para a noite de terça-feira (30). Carlos seria o padrinho ao lado da esposa, irmã de Gilberto, porém, após ficar cerca de 10 horas ilhado, foi levado pela correnteza de um rio. Wolfart segue desaparecido.

 

Eidt mora em Santa Cruz do Sul e ofereceu um sítio em Sinimbu para que os familiares se hospedassem. Wolfart e a família chegaram na segunda-feira à noite.

 

Já estava chovendo e havia uma previsão de enchente, mas pequena. O rio Pardinho, que fica próximo do meu sítio, já deu várias enchentes, mas era sempre aquelas enchentes rápidas. Sobe um pouco e desce rápido. Essa vez foi uma catástrofe inexplicável. Sou proprietário do sítio há 18 anos e nunca vi nada parecido”, afirma.

 

Preocupação com a chuva

 

Na terça-feira, Wolfart acordou cedo e ligou para o cunhado, que estava em Santa Cruz do Sul, por chamada de vídeo, pois estava preocupado com a chuva. Na ligação, ele mostrava o nível da água, que já estava alta.

 

A cerca de 500 metros do sítio passa um rio e a água começou a subir tanto que em questão de cinco minutos ele tentou voltar, mas o rio já estava passando pelo lago [que tem no sítio] e ele ficou ilhado”, detalha.

 

Segundo Eidt, todos os esforços foram feitos para salvá-lo. “Eu tinha conseguido dois helicópteros com a ajuda dos órgãos de segurança, só que não foi possível decolar, não tinha teto porque estava chovendo muito e tinha muito raio”.

 

Tudo que era possível ser feito e todas as forças de segurança foram acionadas para ajudar a resgatá-lo, até que Eidt e dois amigos pegaram dois jetskis para tentar chegar ao local onde o catarinense estava. Foram quase quatro horas para chegar.

 

Passamos por cinco enchentes de afluentes menores e isso tomou muito tempo, tivemos que cortar árvore para conseguir passar, tinha desmoronamento, foi terrível. Mesmo assim, chegamos ao rio, que era o nosso interesse, e a meta era salvar meu cunhado. Chegamos a estar a deriva por umas três vezes”, revela Eidt.

 

Enquanto esperava ajuda, Wolfart ficou em cima de uma árvore, onde conseguiu se manter seguro por um tempo. Ele manteve contato direto com o cunhado, mas não foi possível resgatá-lo.

 

Quando Eidt e os amigos chegaram ao ponto em que ele estaria, a árvore já havia sido levada pela correnteza. “Eu fiz de tudo para salvar meu cunhado”, afirma.

 

Após tentar salvá-lo, Eidt seguiu para o sítio onde estavam outros familiares. “Eles me relataram que cheguei cerca de 25 minutos atrasado. Ele tinha acabado de ir embora com a árvore e até agora não temos notícia nenhuma”, lamenta.

 

Além de Wolfart, oito pessoas estavam no sítio, sendo: três sobrinhos, entre eles os dois filhos de Wolfart, de 10 e 12 anos, duas irmãs, um cunhado, um tio e uma tia de Eidt. “Todos já estão na minha casa aqui em Santa Cruz do Sul, em solo firme”.

 

Polícia Civil de SC também ajuda

 

A delegada de Polícia Civil de Santa Catarina, responsável pela ajuda às buscas, Joelma Alberton, explica que os trabalhos serão realizados pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul, mas afirma que a polícia local presta auxílio e orientação aos familiares de Wolfart. “No que eles precisarem de informações”, completa.

 

Chuvas no Rio Grande do Sul

 

No boletim divulgado pela Defesa Civil do RS às 17h30 desta quarta-feira (1º) a atualização é de que foram 114 municípios gaúchos afetados pelas chuvas, com 3.416 pessoas desalojadas e mais de 19 mil afetados.

 

Até o momento, 21 pessoas estão desaparecidas e 11 ficaram feridas por conta dos estragos causados.

 

Rio Grande do Sul enfrenta dificuldades após fortes chuvas – Foto: Reprodução/Prefeitura de Passo Fundo/ND

Rio Grande do Sul enfrenta dificuldades após fortes chuvas (Foto: Reprodução / Prefeitura de Passo Fundo)

 

Mortes

 

Ao todo, foram registradas 10 mortes até o fim da tarde de quarta-feira. As vítimas são das cidades de Paverama (2), Planalto Grande, Itaara, Encantado, Salvador do Sul, Segredo, Santa Maria e Santa Cruz do Sul.

 

R$ 100 milhões em prejuízos

 

O gabinete de crise do Governo se reuniu para atualizar as condições meteorológicas e delinear um plano de ação. Um levantamento preliminar das pastas estima prejuízos de R$ 100 milhões nas áreas afetadas pelas chuvas.

 

O CBMSC (Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina) informou nesta quarta-feira (1º) que enviou sete equipes da força-tarefa para auxiliar as vítimas das chuvas que atingem o Rio Grande do Sul.

 

Alerta de chuva em Santa Catarina

 

Conforme a Defesa Civil de SC, a partir da madrugada de quinta-feira (2), há a aproximação e o avanço de uma frente fria sobre Santa Catarina. Com isso, é esperado um aumento significativo de chuva em todas as regiões, especialmente na divisa com o RS.

 

O risco é moderado a alto para ocorrências como alagamentos, enxurradas, destelhamentos, danos à rede elétrica e deslizamentos.

 

Fonte: Caroline Figueiredo e Angela Bueno / ND+
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