Rui Car
21/03/2017 15h00 - Atualizado em 21/03/2017 10h12

Colombo vai se reunir com Temer para falar sobre Carne Fraca

As revelações da operação Carne Fraca vieram justamente em um momento no qual o Estado comemorava o crescimento na exportações

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As notícias da Operação Carne Fraca chegaram ao mercado internacional, e a reação dos principais compradores de proteína animal brasileira foi imediata. Ontem, China, Coreia do Sul, Chile, União Europeia e Egito suspenderam embarques de empresas do país. Em Santa Catarina, esses mercados representaram 38,44% das vendas de carne para o exterior em 2016, cerca de US$ 790 milhões. Os países aguardam esclarecimentos do governo brasileiro sobre as investigações.

 

Para tentar contornar o problema, o governador Raimundo Colombo (PSD) embarca nesta terça-feira para Brasília onde tem agenda com o presidente Michel Temer (PMDB) para falar sobre o impacto das medidas e formas de comunicação para esclarecimento dos consumidores. A audiência foi solicitada pelo político catarinense, que também irá se encontrar com o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, provavelmente na quarta-feira.

 

— Vamos acompanhar a questão da comunicação para o mercado interno e para o mercado externo. Somos um dos Estados mais atingidos porque somos o maior produtor de carne suína e o maior exportador, e também o segundo maior produtor de frango e o maior exportador – afirmou Colombo.

 

O governador esteve reunido, nesta-segunda-feira, em Florianópolis, com empresários, representantes do setor agropecuário e de órgãos estaduais e federais de fiscalização.

 

As revelações da operação Carne Fraca vieram justamente em um momento no qual o Estado comemorava o crescimento na exportações, fruto de expansão e abertura de mercados. A Coreia do Sul também planeja passar a importar carne suína de Santa Catarina e, por isso, tem uma missão de inspeção marcada para o final deste mês que, segundo o governador, está mantida.

 

Até o momento, China, Chile, União Europeia, Coreia do Sul e Egito barraram exportações. No ano passado, esses mercados representaram 38,44% do valor exportado de proteína por SC.

 

De acordo com o secretário de Estado da Agricultura, Moacir Sopelsa, os carregamentos que estão nos navios em portos desses lugares estão com desembarques suspensos enquanto os governos buscam explicações.

O governador Raimundo Columbo afirmou que o Estado está se comunicando com os embaixadores para que esclareçam a situação aos importadores. Se necessário, serão organizadas missões aos países que demandarem mais esclarecimentos.

 

Questionado sobre a forma de divulgação da Polícia Federal, ele falou que “faria diferente”:

 

— Estamos num momento em que há necessidade de ter transparência, ninguém pode compactuar com qualquer erro, mas a verdade é que isso causou um transtorno, e em Santa Catarina empresas com 70 anos, com centenas de funcionários estão hoje sob um impacto tremendo desta situação. Me parece que a estratégia não foi a melhor – disse Colombo.

 

A reclamação é compartilhada por empresários e representantes de entidades do setor, como o presidentes da Associação Catarinense dos Avicultores, José Antônio Ribas Júnior:

 

— Todo esse barulho foi extremamente desnecessário, somos exportadores de produtos de alta qualidade para mais de 150 países, atingimos a liderança e não se atinge a liderança fazendo produto ruim. – reclamou Ribas.

 

Ele fez questão de enfatizar que o setor “não vai bater nas costas de quem fez coisa errada”, mas que essas pessoas representam uma minoria. O foco agora, diz, é comunicar o mercado:

 

– Temos que dizer que a carne continua segura e toda aquela imbecilidade de papelão, todos aqueles argumentos, não passam de um erro de interpretação muito grosseiro.

 

Faltam fiscais no Estado

 

O superintendente do Ministério da Agricultura no Estado, Jacir Massi afirmou que há falta de fiscais em Santa Catarina. O quadro seria deficitário em 68 profissionais. No entanto, elogiou o modelo do Estado e também do Brasil.

 

— Santa Catarina, inclusive, é o laboratório para o novo modelo de inspeção que está sendo desenvolvido pela Embrapa – disse.

 

Sobre as denúncias de propina, Massi comentou que os fiscais “também são humanos” e que a atividade agropecuária está sujeita “a esse tipo de coisa” como qualquer outra atividade.

 

Ele enfatizou que não houve envolvimento de nenhum fiscal do Ministério da Agricultura em Santa Catarina nas denúncias de propina e que apenas uma unidade frigorífica, a Peccin Agroindustrial, em Jaraguá do Sul, registrou problemas e já foi interditada.

 

A unidade da Peccin no Estado foi alvo de busca e apreensão na operação deflagrada na sexta-feira. A empresa tem sede no Paraná e a planta em SC processava proteína para dois tipos de produtos.

 

 

Diário Catarinense

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