Rui Car
05/06/2020 15h16

Crime de violência contra a mulher aumentou 10% na quarentena

O início do período analisado coincide com o começo do isolamento social

Assistência Familiar Alto Vale
Delta Ativa

A proporção de crimes mais graves contra a mulher, ocorridos dentro de casa, aumentou entre 13 de março e 30 de abril de 2020. A avaliação faz parte do Monitor de Violência Doméstica durante o período do distanciamento social, divulgado nestasexta-feira (5), pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio de Janeiro.

 

O início do período analisado coincide com o começo do isolamento social. Segundo a diretora-presidente do ISP, Adriana Mendes, nos crimes de violência física a alta ficou em 10% na comparação ao mesmo período do ano passado. Nos crimes de violência sexual o índice subiu 17% em relação a 2019, somente no Rio de Janeiro. Quando a análise se refere ao total dos registros dos crimes, os de violência física representam 68,8%, enquanto no ano passado eram 60,8%. Já os de Violência Sexual o percentual subiu de 55,4% em 2019, para 72,4% em 2020.

 

 

“Isso na proporção dentro de casa, não no registro total de ocorrências, justamente porque houve essa mudança na rotina das pessoas em termos de dificuldade circulação e muitas vezes também da dificuldade de realização dos registros impeçam essa mulher de notificar e de comunicar que está acontecendo, mas quando nos voltamos para aqueles crimes mais graves que é a violência sexual e a violência física esses números aumentam”, disse a presidente em entrevista à Agência Brasil.

 

Adriana Mendes acrescentou que o estudo inédito levou em consideração mais de uma fonte de dados. Além dos registros de ocorrência nas delegacias da Polícia Civil, há informações dos casos anotados pelo serviço 190 da Polícia Militar e do Disque- Denúncia. “Aí quando observamos os números de ligações do 190, esses números, ao contrário dos registros de ocorrência, aumentam. Na comparação com o mesmo período de 2019, a gente observa um aumento de 12% no número de ligações, justamente, porque essa mulher, no momento em que está em casa tem dificuldade de deslocamento e permanece mais tempo com o seu agressor. Isso propicia o seu pedido de socorro”.

 

Somente no Rio de Janeiro, das 119.577 ligações que geraram ocorrências recebidas pelo Serviço 190 em 2020, 13.065 foram referentes a crimes contra a mulher. Esse total representa 10,9% de todas as ligações, e significou o aumento de 12% em relação ao mesmo período de avaliação do ano passado. Cada ligação recebida pelo Serviço 190 é categorizada como ocorrência, informação, elogio, trote, queda, entre outros. No Monitor, foram consideradas somente as ligações categorizadas como ocorrência. O Serviço 190 e a Patrulha Maria da Penha, também da Secretaria de Estado de Polícia Militar, estão funcionando normalmente, apesar das medidas restritivas de afastamento social.

 

Já na Central de Atendimento do Disque Denúncia, o número de ligações apresentou redução de 60,6% das relativas à violência contra mulher. No período entre 13 de março e 30 de abril de 2020 foram 43 contra 109 em 2019.

 

As formas de violência são como violência física (homicídio doloso, feminicídio, tentativa de homicídio, tentativa de feminicídio e lesão corporal dolosa), violência sexual (estupro, tentativa de estupro, importunação sexual, importunação ofensiva ao pudor, assédio sexual e ato obsceno), violência psicológica (ameaça e constrangimento), violência moral (calúnia, injúria, difamação e divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerável, de cena de sexo ou de pornografia) e violência patrimonial (violação de domicílio, supressão de documentos e dano).

 

Fonte: Agência Brasil.

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