Rui Car
16/07/2021 11h14 - Atualizado em 16/07/2021 11h15

Eleições 2022: Saiba como está o cenário para governador em SC

Faltam exatos 443 dias para as eleições gerais de 2 de outubro de 2022

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Quem ocupará a Casa d´Agronômica em 2023? Difícil projetar (Foto: Felipe Carneiro / NSC Total)

Quem ocupará a Casa d´Agronômica em 2023? Difícil projetar (Foto: Felipe Carneiro / NSC Total)

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Estão faltando exatos 443 dias para as eleições gerais de 2 de outubro de 2022. Em Santa Catarina, o cenário não poderia estar mais nebuloso. O raciocínio abaixo é, de fato, extenso, mas necessário para refletir o momento totalmente indefinido dos palanques por aqui. Nem o atual governador, em primeiro mandato, pode assegurar uma candidatura. Afinal, ele nem partido tem, e vem tentando reconstruir uma gestão sangrada por dois afastamentos em processos de impeachment, por R$ 33 milhões e os respiradores. Muita crise para pouco tempo. E no colo de um iniciante na política.

 

Como era de se esperar desde os primeiros movimentos, ainda em 2019, Carlos Moisés se desfiliou do PSL. O MDB se enclausura em uma prévia que não sai, e só semeia a dúvida. PSD e PSDB estão entre os que possuem mais de uma opção mas ninguém ficará surpreso se, no fim das contas, forem parte de algum arco que não os coloque em cabeça de chapa. O PP, idem.

 

O banho que Moisés tomou dos colegas bombeiros na posse, em 2019

O banho que Moisés tomou dos colegas bombeiros na posse, em 2019 (Foto: Roelton Maciel / NSC Total)

O PL tem o mais candidato até aqui, o senador Jorginho Mello. DEM e Podemos namoram, cada qual em seu canto, com possibilidades variadas. PT e PDT têm seus nomes. E a lista teima em aumentar, e se tornar ainda mais instável.

 

Um nome que vem do Sul

 

O PSB vive uma nova fase em Santa Catarina. A apropriação do partido pelos Bornhausen, que sempre sofreu de claro problema ideológico e durou um ciclo de quatro anos, era um barco que faria água. E fez. O reforço no alinhamento federal à esquerda (ou centro-esquerda, como está mais em voga), foi a senha para a debandada do “new socialismo” de ocasião catarinense rumo ao Podemos.

 

Veio o ex-deputado federal Cláudio Vignatti, rompido com o PT, para tentar resgatar o PSB catarinense. Com o partido esvaziado, vem reunindo forças gradualmente. E não será surpresa que apresente um candidato a governador, como forma de marcar território. Essa eleição de 2022 impõe um claro desafio: é a primeira geral sem coligação proporcional. Logo, ter oportunidade de voto de cabo a rabo na legenda é estratégico. 

 

Vignatti, já no PSB, concorreu a prefeito de Chapecó em 2020. E perdeu

Vignatti, já no PSB, concorreu a prefeito de Chapecó em 2020. E perdeu (Foto: Divulgação)

Pelas especulações do PSB têm passado o nome do senador Dário Berger (MDB). Caso não encontre abrigo no MDB na sua intenção de buscar o Governo do Estado, o ex-prefeito de Florianópolis poderia recorrer ao PSB. Poderia, mas não é provável que isso aconteça. Tanto que agora vem outro nome à tona.

 

E o sopro partiu do Sul. O ex-deputado federal Jorge Boeira está sondado como uma possibilidade de concorrer a governador pelo PSB. Detalhe: ele é filiado ao PP. Não disputou em 2018 pois sua intenção era integrar a majoritária. Não encontrou espaço, já que Esperidião Amin concorreu ao Senado, levou o PP à imensa coligação de 15 partidos em torno de Gelson Merisio (então no PSD) e inviabilizou o voo de dois progressistas do Sul: Boeira e o prefeito de Tubarão, Joares Ponticelli. 

 
Jorge Boeira foi deputado federal por PT, PSD e PP

Jorge Boeira foi deputado federal por PT, PSD e PP (Foto: Divulgação)

É essa possível falta de espaço de novo em um projeto majoritário dos progressistas que poderá fazer brilhar os olhos de Boeira nessa sondagem dos socialistas. Ideologicamente, não será um grande problema para o ex-deputado, que elegeu-se pela primeira vez à Câmara Federal em 2002 pelo PT, com 51,1 mil votos. Foi primeiro suplente em 2006 com 67,2 mil votos, assumindo cadeira em Brasília em 2009. Deixou o PT em 2011, buscando novo mandato no ano seguinte pelo PSD. Elegeu-se, com 84,2 mil votos. Migrou para o PP em 2013 e, um ano depois, alcançava novo mandato com 123,7 mil votos. Estava determinado a, dali em diante, focar na majoritária.

 

Nas últimas eleições, Jorge Boeira chegou a ser sondado para possíveis candidaturas a prefeito de Criciúma. Até pensou na ideia mas, na hora H, recuou. O PP sofreu acachapante derrota com Márcio Búrigo (hoje no PL) em 2016 e em 2020 integrou a coligação de Clésio Salvaro (PSDB). Boeira construiu sua base em Araranguá, mas mantém negócios e bom contingente de apoiadores e votos em Criciúma.

 

Em recentes artigos – ele vez por outra escreve e publica na mídia regional – Boeira lançou críticas ao presidente Jair Bolsonaro. Possivelmente, já vai burilando um discurso pensando em 2022. A priori, é candidato a deputado federal pelo PP, ao menos na leitura do próprio PP. Boeira é franco, porém discreto. Nem PSB, nem Vignatti nem ele admitem publicamente qualquer namoro, mas os dois foram deputados federais juntos, e colegas de bancada no PT. Um reencontro no PSB estará longe de ser uma apresentação, portanto. Eles já se conhecem, e bem.

 

Logo, os movimentos do PP poderão repercutir no palanque do PSB em Santa Catarina. E também empurrar o prefeito de Tubarão para algum outro abrigo. Joares Ponticelli, que foi candidato a vice-governador de Paulo Bauer (PSDB) em 2014, na derrota para a reeleição de Raimundo Colombo (PSD), quer majoritária de novo. Ele não esconde. Já pediu a vez para a família Amin. E sabe que está difícil abrir esse espaço. 

 

Ponticelli entrou pré-candidato ao Senado em 2014. Saiu vice de Paulo Bauer

Ponticelli entrou pré-candidato ao Senado em 2014. Saiu vice de Paulo Bauer (Foto: Divulgação)

O prefeito de Tubarão esteve muito perto do PSL em meados de 2019. A transferência não se concretizou. Seguiu no PP, pelo qual cumpre segundo mandato na segunda maior cidade do Sul. Ponticelli vem reiterando que gostaria de estar na urna em 2022. Poderá ser escalado pelo PP para reforçar alguma das nominatas, federal ou estadual. E o destino de Jorge Boeira também poderá interferir nisso. A conferir.

 

Amin não tem sinalizado com uma candidatura a governador. Mas não há de se descartar esse cenário. Se por ventura o cacique progressista concorrer, e se eleger, é importante verificar que abrirá espaço no Senado para o PSD. Seu primeiro suplente é o ex-senador Geraldo Althoff. Daí, outra curiosidade: Althoff é de Tubarão. O sul de novo na parada.

 

Jorginho, Décio e Coruja

 

O candidatíssimo a governador até aqui é, inegavelmente, o senador Jorginho Mello. Tem o PL, construiu uma coligação momentânea com os satélites PTB e Patriota, mais o que restou do PSL, e vai tentando reforçar a identidade bolsonarista em busca do eleitorado que fez de Santa Catarina o estado que mais clicou 17 proporcionalmente em 2018. E Jorginho tem outro trunfo que, em algum momento, poderá usar. Se eleito governador, abrirá vaga no Senado para o MDB. Sua primeira suplente é a viúva de Luiz Henrique, Ivete Appel da Silveira.

 

Jorginho Mello quer assegurar o voto bolsonarista em 2022

Jorginho Mello quer assegurar o voto bolsonarista em 2022 (Foto: Divulgação)

Há outros partidos nesse jogo. Das esquerdas, o PT vai de novo com o ex-deputado Décio Lima. O também ex-deputado Fernando Coruja está lançado pelo PDT ao governo. Não será surpresa se o PSOL destacar alguma liderança para também marcar território. Afinal, catará votos como todas as legendas médias e pequenas, em busca da sobrevivência. E ter majoritária pesa, e muito.

 

Pensando nisso, o Podemos não descarta lançar um candidato ao governo também. O partido do ex-deputado Paulo Bornhausen pode tê-lo em majoritária. Ele já se dispôs. Talvez Senado, de novo. Ele já tentou e não chegou lá. E tem o prefeito Fabrício Oliveira, de Balneário Camboriú, que já se apresentou para tentar ser governador.

 

Os prefeitos de Floripa, Jaraguá e Criciúma…

 

O prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro, está escalado pelo DEM. Ou vai ao governo, o que naturalmente é o seu desejo, ou encaixa em alguma chapa de prefeitos. Aí entram nomes como Antídio Lunelli (MDB) e Clésio Salvaro (PSDB), que vivem dilemas que, de certa forma, se assemelham.

 

Senão vejamos: Antídio quer concorrer a governador. Está em pré-campanha. Submeteu-se ao processo interno dos emedebistas. Percorre o Estado com os também aspirantes à cabeça de chapa Celso Maldaner e Dario Berger. Mas vê, a cada dia que passa, sua pretensão deslizar sutilmente. O mesmo vale para os demais. A indecisão do MDB em fincar pé em uma data viável para prévias poderá ocasionar fissuras internas de difícil correção posterior. Ou então empurrar o partido para alguma decisão de cúpula, o que não é novidade no histórico recente do “manda-brasa”.

 

Antídio, Maldaner e Dario homenageando Luiz Henrique em maio, em Joinville

Antídio, Maldaner e Dario homenageando Luiz Henrique em maio, em Joinville (Foto: Divulgação)

Antídio é reconhecido como bom administrador. Empresário bem sucedido, homem de bom discurso, perspectiva popular, acessível e leve. Não tivesse o MDB suas dificuldades inerentes da grandeza para ousar, estaria já com a ênfase que gostaria para construir uma candidatura com tempo. Mas esse MDB fluído, que com sua bancada na Alesc diz que simpatiza com Antídio mas está no governo Moisés, e a cúpula que titubeia, compõem ingredientes que minam a pretensão do prefeito de Jaraguá do Sul. E o Podemos está ali, muito próximo, que o diga sua chefe de gabinete na prefeitura, vice-presidente estadual do partido de Paulinho Bornhausen. O convite está mais que pronto, e o tapete mais que estendido. Mas Antídio reforça: é MDB e quer concorrer pelo MDB. Pode tanto ir com força, como nem chegar lá. É a peneira.

 

E Clésio Salvaro, o que tem a ver com isso? Simplesmente, tudo, embora não esteja em franca pré-campanha como o colega de Jaraguá do Sul. Mas, da mesma forma, é prefeito bem avaliado, alcançou o terceiro mandato com mais de 70% dos votos em Criciúma, tem trânsito e vem sendo incentivado por diversas forças políticas. De setores do MDB ao PSD e PP, não são poucos que gostariam de ter o tucano na chapa. Mas ele elegeu-se em 2020 prometendo cumprir o mandato na sua cidade. Isso seria possível de remediar, levando-se em conta um projeto pela região e o apelo partidário. 

 

Merisio, Geovania e Salvaro, mais o ex-senador Dalírio Bebber, em recente encontro em Criciúma

Merisio, Geovania e Salvaro, mais o ex-senador Dalírio Bebber, em recente encontro em Criciúma (Foto: Divulgação)

Mas há outra barreira entre Salvaro e uma candidatura estadual: chama-se Gelson Merisio. O homem que ganhou o primeiro turno da eleição passada, e conseguiu diminuir a votação no segundo turno atropelado pelo furacão 17, trocou de partido de lá para cá pensando em nova candidatura, agora pelo PSDB. Mas Merisio não é unanimidade entre os tucanos. E precisará encorpar seu nome para entrar em 2022 ao menos pré-candidato. Para parcela importante do PSDB, Clésio Salvaro está ali, preparado para ser chamado. E tem outra criciumense na parada ainda. A presidente estadual dos tucanos, deputada federal Geovania de Sá, é a vice dos gostos de diferentes correntes, de vários partidos. Reunião de tucanos na noite passada tentou afinar esse discurso. Merisio segue sendo a aposta. Até quando? Depende dele.

 

E Merisio nos faz chegar ao PSD. Ele trocou de lugar com Napoleão Bernardes. O ex-prefeito de Blumenau, em alta na sua cidade e ainda pelo PSDB, deixou a prefeitura para ser vice de Mauro Mariani (MDB) em 2018. Naufragou e ficou sem mandato, algo que certamente povoa as ideias de Clésio Salvaro em Criciúma. O certo? Ou o duvidoso? 

 
Napoleão e Raimundo Colombo com o presidente do PSD, deputado Milton Hobus

Napoleão e Raimundo Colombo com o presidente do PSD, deputado Milton Hobus (Foto: Divulgação)

Bem, agora no PSD, Napoleão é o cristão-novo, e ombreia com o ex-governador Raimundo Colombo e o prefeito de Chapecó, João Rodrigues, que depois da carona na garupa (literalmente) de Bolsonaro na recente motociata do oeste, entende que credenciou-se para a cabeça de chapa, um sonho que não esconde ter. Raimundo tem a seu favor os dois governos e contra a derrota para o Senado em 2018. Ele foi fruto da polialiança inspirada por Luiz Henrique da Silveira e naufragou sem ela, e sem ele. 

 

João Rodrigues na carona com Bolsonaro em Chapecó

João Rodrigues na carona com Bolsonaro em Chapecó (Foto: Isac Nóbrega / PR / Divulgação)

E no meio de todo esse emaranhado, é preciso lembrar que os catarinenses elegerão um senador em 2022. Para a cadeira hoje de Dario Berger que não surpreenderá também que, caso frustrada sua tentativa de Governo do Estado, possa se contentar em buscar a reeleição. Só desfila como candidato ao Senado, até agora, o deputado estadual Kennedy Nunes, o novo comandante do PTB catarinense. Enquanto o cenário está engarrafado para governador, a pista anda vazia para senador. Mas esse jogo se equilibrará naturalmente nos próximos meses, à medida em que muitos dos nomes até aqui citados saírem do páreo. Isso, fatalmente, acontecerá para a maioria. Tentar, muitos tentam na fase preliminar. São poucos os que efetivamente vencem a peneira.


POR: DENIS LUCIANO – NSC TOTAL

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