Rui Car
22/05/2019 16h35 - Atualizado em 22/05/2019 14h58

Em inquérito, delegada diz que PM que atirou em jovem em SC “extrapolou os limites”

Segundo a Polícia Civil, versão de legítima defesa de soldado é controversa

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G1 SC

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A delegada Salete Mariano Teixeira, responsável pela investigação da morte de Vitor Henrique Xavier da Silva, de 19 anos, afirma no inquérito que o policial militar que atirou na vítima “extrapolou os limites”. O rapaz foi morto no dia 18 de abril, enquanto brincava em casa com uma arma de pressão.

 

Salete concluiu que a versão de legítima defesa do soldado da PM é controversa e que ele extrapolou os limites do dever para garantir a ordem pública. O policial foi indiciado por homicídio doloso, quando há intenção de matar.

 

 

Vitor morreu após ser baleado pela PM — Foto: Arquivo PessoalVitor morreu após ser baleado pela PM — Foto: Arquivo Pessoal

Vitor morreu após ser baleado pela PM — Foto: Arquivo Pessoal

 

Laudos

Não foi encontrada pelos peritos nenhuma câmera de segurança que pudesse ter gravado a ação dos policiais. O laudo pericial diz que Vitor foi atingido por quatro tiros: dois no braço esquerdo, um no peito e outro na bacia. Ele teve o pulmão perfurado.

 

O documento do Instituto Geral de Perícias (IGP) detalha como o local foi encontrado pelos peritos e confirma que a arma de pressão usada por Vitor tinha ponteira alaranjada na boca do cano – elemento que indica que se trata de um brinquedo – e que foi retirada da cena do crime.

 

 

Local de onde teriam partido os tiros que mataram Vitor, em Florianópolis. — Foto: Reprodução/NSC TVLocal de onde teriam partido os tiros que mataram Vitor, em Florianópolis. — Foto: Reprodução/NSC TV

Local de onde teriam partido os tiros que mataram Vitor, em Florianópolis. — Foto: Reprodução/NSC TV

 

Investigação

Os tiros que atingiram Vitor teriam partido do meio da rua. Em depoimento à Policia Civil, o PM disse que estava em uma viatura, na Servidão Netuno, quando moradores o avisaram que um homem manuseava uma arma no início da rua.

 

O soldado falou que ao chegar ao local pediu para o rapaz largar a arma, mas que Vitor apontou para os policiais, e por isso atirou em legítima defesa. O PM afirmou não ter percebido que se tratava de uma arma de brinquedo.

 

A delegada concluiu no inquérito que não conseguiu comprovar a denúncia recebida de que Vitor estava na rua com uma arma. E questiona se a viatura estava parada na servidão, já que testemunhas disseram que os policiais chegaram direto na casa do rapaz morto.

 

Há dúvidas, também, sobre o pedido que teria sido feito para Vitor largar a arma. A delegada ainda questionou por que os PMs escondiam o rosto com a touca balaclava e se esse é o padrão da PM.

 

Andamentos

O inquérito está com o Ministério Público de Santa Catarina, que tem 15 dias para se manifestar. Em paralelo, um outro inquérito está em andamento, conduzido pela própria Policia Militar. O prazo para a conclusão dessa investigação termina na próxima terça-feira (28).

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