Rui Car
29/09/2020 06h28

Em nove meses, BR-470 soma 50 mortes no trecho do Vale do Itajaí

No geral, as mortes se concentram em Blumenau (oito), Pouso Redondo, Rio do Sul (seis), Lontras e Navegantes (quatro)

Assistência Familiar Alto Vale
Acidente em Blumenau neste domingo (27) matou três jovens de pouco mais de 20 anos (Foto: Corpo de Bombeiros Militar, Divulgação)

Acidente em Blumenau neste domingo (27) matou três jovens de pouco mais de 20 anos (Foto: Corpo de Bombeiros Militar, Divulgação)

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Com a tragédia que matou três jovens na BR-470, em Blumenau, a rodovia atingiu uma marca negativa neste começo de semana: a de 50 mortes no trecho que corta o Vale do Itajaí, de Navegantes a Pouso Redondo. Os números são de um levantamento feito pelo Santa. Há exato um ano, a reportagem mostrou que o local somou mais de 2 mil óbitos em duas décadas.

 

Em comparação com o mesmo período dos anos anteriores a quantidade de mortos está menor (59 em 2019 e 75 em 2018), mas é preciso considerar que neste 2020 a pandemia do novo coronavírus diminuiu drasticamente as viagens, principalmente relacionadas ao turismo. E é usando a Covid-19 como exemplo que o especialista em trânsito, Fábio Campos da Silva, faz uma crítica ao analisar os dados:

 

— Assim como o coronavírus, o trânsito é uma questão de saúde pública. Nós precisamos do engajamento de todos (para combater as mortes nas estradas) e isso nunca foi feito. 90% dos acidentes são causados pelo comportamento das pessoas. As rodovias estão sendo melhoradas, ainda que lentamente. A única peça que não evolui é o ser humano — pontua.

 

No ano passado, a Polícia Rodoviária Federal fez uma avaliação semelhante a de Silva: entre as principais causas dos mais de 2 mil acidentes estavam a falta de atenção, desobediência às normas de trânsito, velocidade incompatível, ingestão de álcool e ultrapassagem indevida.

 

Falta cuidado, sobra confiança, resume o especialista. Isto porque, na opinião dele, a sensação de “disfarce” dá mais espaço para as imprudências. Ou seja, diferente das vias urbanas, onde o motorista se sente vigiado o tempo todo, a solidão nas rodovias traz a ideia de que “ninguém está vendo”.

 

A solução, para Silva, não é nenhuma novidade, mas exige tempo e esforço dos governos. São as campanhas ininterruptas sobre a importância dos cuidados ao volante, a educação nas escolas e, claro, melhorias nas pistas, principalmente nos quesitos iluminação e sinalização.

 

Segurança para pedestres e ciclistas 

 

Das 50 mortes, quase dez foram de pedestres ou ciclistas atropelados. Para Silva é reflexo de que muitos trechos cortam a área urbana, o que obriga os moradores a utilizarem as rodovias para se locomover. Sem ciclovias ou passagens mais adequadas, arriscam-se às margens da BR-470.

 

— Deveria ter ciclovias nessas áreas. Ou então acostamento visível, mais largo. Falta política pública nacional que dê mais atenção a esses vulneráveis (pedestre e ciclistas) — lamentou.

 

A maioria dos atropelamentos ocorreu no Médio e Alto Vale. No geral, as mortes se concentram em Blumenau (oito), Pouso Redondo, Rio do Sul (seis), Lontras e Navegantes (quatro).

 

FONTE: JORNAL DE SANTA CATARINA – NSC

 

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