Rui Car
23/10/2022 16h27

Em novo golpe, suposta liderança do tráfico ameaça comerciante de Taió e exige dinheiro

Além de Taió, outros municípios catarinenses e gaúchos registraram casos

Assistência Familiar Alto Vale
Foto: Reprodução

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Ao abrir sua loja durante esta semana, o proprietário de um comércio de Taió, que preferiu não se identificar, ficou em choque com uma mensagem recebida no WhatsApp do estabelecimento, localizado no centro da cidade. No áudio, um homem se identifica como líder de uma facção criminosa que atua na Capital e afirma ter descoberto que o responsável pelo comércio estaria repassando informações sobre o tráfico de drogas na região para a polícia.

 

Na ameaça, o criminoso afirma ser uma “das primeiras vozes” da facção e cobra explicações dos lojistas do porque estariam denunciando o tráfico. Caso a vítima se negue a dar esclarecimentos, a ordem é para “execução de todos” e para “colocar fogo” no local. Em um dos áudios, um criminoso chega a dizer o nome da loja.

 

A orientação, segundo a PM, é que as pessoas registem boletim na polícia e não repassem dinheiro aos criminosos.

 

Em geral, as vítimas são comerciantes. A categoria se torna um alvo mais fácil aos criminosos porque, em uma breve pesquisa na internet, é possível obter informações sobre os estabelecimentos, como telefone e endereço, rapidamente.

 

Casos do tipo também foram registrados, nos últimos meses, em outras cidades catarinenses e do Rio Grande do Sul.

 

Sotaque de fora

 

Das características do áudio obtido pela reportagem, a que chama atenção inicialmente é o sotaque do criminoso, de fora de SC, possivelmente do nordeste do país.

 

Para o diretor da Divisão de Homicídios de Porto Alegre (RS), delegado Eibert Moreira, esse é o primeiro indicativo de que se trate de um golpe. Eibert foi um dos nomes a frente do trabalho que sufocou a guerra de facções na capital gaúcha e investiga atuação e ações de grupos criminosos na cidade.

 

A gente não tem, dentro das facções daqui, pessoas identificas que sejam do Nordeste. Não há atuação forte de pessoas de lá aqui no Estado. Temos criminosos agindo no RS que são de Santa Catarina, mas do Nordeste não. Outro ponto é que os textos são muito montados, praticamente iguais. Isso acontece bastante nesses casos. Muitas vezes são mensagens enviadas de dentro das cadeias no país. Da mesma forma, também já recebemos informações de pessoas daqui, que estão presas, enviando ameaças para vítimas em outros Estados“.

 

Outro indício de golpe é que, em geral, membros de grupos criminosos não se denominam como integrantes de “facções”, afirma Eibert. Em geral, se intitulam “irmãos”.

 

Apesar do aumento de registros do tipo nas últimas semanas, Eibert afirma que teve conhecimento de um caso semelhante em 2019.

 

Os delegados ouvidos pela reportagem são unâmines: quem receber a ameaça, deve procurar a polícia, registrar boletim e não fazer nenhuma transferência de valores. Depois, a vítima deve denunciar e bloquear o contato.

 

Muitas vezes, os golpistas pedem um valor relativamente baixo justamente para que a pessoa, que já está assustada, pague logo e não procure a polícia, na intenção de se livrar o quanto antes daquela situação. Se pedirem um valor mais alto, a pessoa pode não ter o dinheiro e optar por acionar a polícia. Muitas pessoas também ficam com medo de registrar o caso. Mas a gente precisa que as vítimas nos procurem e registrem boletim, para que possamos investigar e agir“, explica a delegada Lígia.

 

Os registros podem ser feitos em delegacias ou pela internet. A vítima deve reunir todas as informações sobre o caso, como imagens das conversas por mensagens, áudios e contato do celular do criminoso, para ajudar na investigação. Orientações junto a Polícia Civil também pode ser fornecidas pelo telefone 197.

 
Fonte: Rádio Educadora 90,3 FM / Gaúcha ZH
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