Rui Car
19/11/2023 09h24

Enchente, calor de 40ºC, seca: especialistas explicam onda de eventos climáticos extremos no Brasil

Regiões do país estão sendo atingidas simultaneamente por fenômenos distintos

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Rio do Sul (Foto: Divulgação / CBMSC)

Rio do Sul (Foto: Divulgação / CBMSC)

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Na última semana, eventos climáticos extremos atingiram simultaneamente várias regiões do Brasil. Ao mesmo tempo em que Santa Catarina é atingida por altos volumes de chuva, o Sudeste e o Centro-Oeste enfrentam uma onda de calor e o Norte e o Nordeste amargam uma estiagem.

 

Taió enfrenta a 5ª enchente do ano (Foto: Divulgação / Rádio Educadora 90,3 FM)

 

Mas, afinal, o que está por trás desses eventos? O El Niño, apesar de ser um fenômeno natural que ocorre periodicamente, neste ano está sendo potencializado pela crise climática, cuja causa principal é o aquecimento global.

 

Conforme a professora de Oceanografia Física na UFSC, Regina Rodrigues, um El Niño “normal” costuma implicar em chuvas acima da média no Sul, durante a primavera; calor no Sudeste, no verão; e seca no Norte e Nordeste, também no verão. Neste ano, todos esses eventos estão ocorrendo juntos, já na primavera.

 

Casa desabou em Florianópolis

Casa desabou em Florianópolis (Foto: Divulgação / Cristiano Gomes / NSC TV)

 

Nós estamos tendo tudo acontecendo ao mesmo tempo pela combinação do El Niño com as mudanças climáticas. No passado, não acontecia tudo de uma vez só, e tão intensamente”.

 

Principal causa para a intensidade do El Niño deste ano é o aumento da temperatura da atmosfera. Como já apontou a Organização Meteorológica Mundial (OMM), é provável que 2023 termine sendo considerado o ano mais quente já registrado, num período de 125 mil anos.

 

SC deve ter calor de até 38º nos próximos dias, segundo nota da Defesa Civil

SC deve ter calor de até 38º antes das chuvas (Foto: Divulgação / Tiago Ghizoni / NSC TV)

 

Quando a atmosfera está mais quente, ela carrega mais umidade. Então, uma tempestade que ocorria há 30 anos não tinha a mesma quantidade de água que tem hoje. A chuva é muito mais torrencial, porque quanto maior o contraste de temperatura de uma massa de ar frio com uma massa de ar quente, mais violento é o vento. E isso também aumentou”.

 

Gases de efeito estufa

 

Segundo a OMM, a queima de combustíveis fósseis é a principal causa das emissões de gases do efeito estufa no mundo e representa 70% do problema global. No Brasil, 75% das emissões até 2022 foram causadas pelo desmatamento, 50% foram efeitos da agricultura e 25% da pecuária.

 

Mundo teve o agosto mais quente da história este ano (Foto: Divulgação / Tiago Ghizoni / NSC TV)

 

Nós estamos já há quatro meses com temperaturas acima da média e batendo recordes. Foram os meses mais quentes da história da medição da OMM, não só globalmente, mas também aqui no Brasil”, aponta a meteorologista Andrea Ramos, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

 

Com isso, a população terá que se acostumar com uma maior incidência de eventos climáticos extremos.

 

Incêndios, secas, ondas de frio, chuvas em excesso, isso tudo é reflexo do que já estamos vivenciando. Independente de acreditar ou não nas mudanças climáticas, o fato é que temos que conviver com essa tendência”, completa a meteorologista.

 

Fonte: Mariana Barcellos / NSC Total
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