Rui Car
15/02/2023 10h04

Endividamento das famílias catarinenses cresce pelo 13º mês consecutivo

Segundo pesquisa, novo pico chegou a 65,4%

Assistência Familiar Alto Vale
Foto: Pixabay / Reprodução

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O endividamento de famílias catarinenses atingiu novo pico da série histórica e chegou a 65,4% no mês de dezembro de 2022, segundo a PEIC (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Estado de Santa Catarina) realizada pela Fecomércio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Santa Catarina).

 

A pesquisa aponta para um crescimento contínuo dos percentuais de famílias endividadas e das inadimplentes ao longo de 2022.

 

Pelo décimo terceiro mês consecutivo o índice mostrou variação positiva no mês a mês, renovando a maior trajetória de crescimento já constatada na série histórica da pesquisa, iniciada em janeiro de 2013.

 

O resultado de dezembro é 4,3% superior ao de novembro (62,7%) e com a adição dos 2,7 pontos percentuais (p.p.) na passagem do mês tornou-se o novo pico da série histórica ultrapassando os 63,2% registrado em maio de 2017.

 

O cenário de 2022 foi claramente oposto ao observado durante quase todo o período da pandemia (2020 e 2021), quando as famílias catarinenses reduziram o nível de endividamento a mínimas históricas. E, por essa razão, na comparação com o mesmo período do ano anterior, o crescimento é bastante expressivo (25,8 p.p.). Em dezembro de 2021, a taxa era de 39,6%.

 

A escalada do endividamento das famílias é um fenômeno que requer atenção, segundo avaliação da pesquisa. Entretanto, o estudo destaca que o nível de endividamento por si próprio não é um mal para a economia, uma vez que consumidores mais seguros de sua situação econômica fazem uso de crédito e compram de forma parcelada.

 

Inadimplentes

 

O problema surge quando os endividados não conseguem honrar seus compromissos, passando assim para o grupo dos inadimplentes. O resultado de dezembro (18,6%) é 6,8% superior ao de novembro (17,4%) e é o maior desde março de 2020 (19,2%), início do período mais crítico da pandemia.

 

Ressalta-se ainda que embora o índice atual ainda esteja longe do pico da série – 23,2% em outubro de 2019 – a distância entre os valores é de 4,6 p.p., praticamente, a mesma entre a taxa de inadimplentes de setembro de 2022 (14,1%) e a de dezembro (18,6%).

 

Famílias sem condições de pagar as dívidas

 

Neste contexto, o orçamento mais apertado das famílias catarinenses começa a ser notado pelo desempenho das famílias que não terão condições de pagar as dívidas em atraso.

 

O resultado de dezembro, 5,8%, é o maior desde maio de 2020 (6,6%) e consolida a quinta variação positiva consecutiva. Antes, entre fevereiro e julho de 2022, o índice tinha apresentado seis variações negativas sem sequência.

 

Na contramão desses movimentos, a parcela de renda comprometida com dívida segue caindo por oito meses consecutivos e, em dezembro, alcançou o nível dos 33,1%. Esse percentual perdeu 4,1 p.p. ao longo do ano de 2022 e, graficamente, sua trajetória é semelhante ao de uma reta decrescente.

 

Não obstante, o movimento lento e gradual de redução da parte da renda dedicada às dívidas pode ser um indicador de melhora marginal nos rendimentos da população ou, simplesmente, revela o grau de educação financeira do consumidor catarinense.

 

Taxa de endividamento mantém o ritmo de crescimento – Foto: PEIC/Fecomércio/Divulgação/ND

Arte: PEIC / Fecomércio

 

Fonte: ND+
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