Rui Car
22/08/2017 14h00 - Atualizado em 22/08/2017 10h26

Entidades cobram prazos e agilidade na duplicação da BR-470

Reunião teve dezenas de autoridades presentes

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Augusto Ittner  /Jornal de Santa Catarina

Augusto Ittner /Jornal de Santa Catarina

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Quem em algum momento pensou que a reunião de ontem no Centro Empresarial de Blumenau seria apenas algo protocolar se enganou. Em tom elevado, de pressão, entidades empresariais do Vale do Itajaí colocaram lideranças políticas na parede, cobrando seis obras de grande porte para a região. Além de apertar representantes públicos, a Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc) aproveitou a presença de deputados, prefeitos, vereadores, senadores, secretários e diretores dos governos estadual e federal para definir prazos e organizar um cronograma de fiscalização. Qualquer um que quisesse vir com papo furado era questionado pelos organizadores.

 

– Nós não vamos mais aceitar tró-ló-ló – apontou Avelino Lombardi, presidente da Associação Empresarial de Blumenau (Acib).

 

Eram sete, no total, as reivindicações do evento denominado ¿Voz Única do Vale¿: duplicação e concessão da BR-470; ampliação do potencial do Aeroporto Internacional de Navegantes; bacia de evolução na foz do Itajaí-Açu, trazendo benefícios aos portos; sistema de prevenção de enchentes na região de Brusque; reforma do Pacto Federativo (revisão do modelo de distribuição de impostos); revitalização da Rodovia Jorge Lacerda; e construção do anel de contorno urbano de Gaspar. As duas primeiras, porém, foram as que geraram mais discussão. Quanto à rodovia federal, a presença do diretor de concessões do Ministério dos Transportes, Fábio Freitas, apimentou a conversa.

 

Baseado principalmente na falta de recursos, o representante da União apresentou os cronogramas para duplicar e conceder a rodovia – algo que não havia sido divulgado até então. São cinco as datas e prazos estabelecidos – e isso vale para você lembrar e cobrar: uma nova reunião agendada para daqui 60 dias vai trazer mais detalhes sobre o andamento dos processos. Até dezembro, ocorrerá uma audiência pública para tratar da concessão e a previsão é de que o edital de licitação seja publicado até agosto do ano que vem. O leilão está agendado para novembro de 2018, logo após as eleições presidenciais e em uma fase de transição no Planalto.

 

Reunião indicou “padrinhos” para as obras

A ideia da reunião era, além de definir os prazos, escolher um padrinho para cada obra – alguém que a classe empresarial e a população em geral possa cobrar caso não haja o andamento dos trabalhos. Para a BR-470, o coordenador do Fórum Parlamentar Catarinense, o deputado federal João Paulo Kleinübing (PSD), foi o indicado e terá que estreitar o diálogo entre governo federal e representantes de Blumenau.

 

– A concessão é aquilo que vai resolver o problema da rodovia. Garantir a realização da audiência pública neste ano é fundamental para que em 2018 se faça o processo para concedê-la sem abrir mão dos recursos previstos para investimento nos trechos hoje licitados e que vão ajudar a reduzir o valor do pedágio – destacou Kleinübing.

 

Hoje estudos apontam um valor de R$ 14,92 para cada 100 quilômetros na rodovia, o que baseia o valor a ser cobrados nos postos de pedágio que serão instalados.

 

“Não vamos mais dar palanque”, diz presidente da Acib

O presidente da Associação Empresarial de Blumenau (Acib), Avelino Lombardi, considera que o encontro foi o primeiro passo para garantir um calendário de cobranças aos políticos e evitar o que ele chama de propaganda eleitoral gratuita.

 

– Não vamos mais dar palanque. O Vale corresponde a 30% do PIB catarinense e a classe política tem que respeitar isso. Tudo bem que eles não têm a caneta na mão, mas precisam ir a Brasília, cobrar e trabalhar em conjunto. Não podemos mais aceitar as coisas como são. A gente arrecada uma baba de dinheiro e tudo vai para outros lugares. Vou elevar ainda mais o tom para eles (os políticos) entenderem que as coisas mudaram – diz o empresário, que logo após ser eleito para a presidência da entidade já adiantava que esta seria a tônica da gestão.

 

A partir de agora cada frente ligada à Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc) passa a cobrar individualmente as ações definidas no evento de ontem. A ideia é fazer uma cobrança constante para garantir que grandes obras deixem de ser apenas promessas.

 

Alvos da cobrança

Lideranças empresariais do Vale aproveitaram o encontro de ontem para indicar ¿padrinhos¿ para as grandes demandas de infraestrutura do Vale. Confira os escolhidos:

 

Demanda: duplicação da BR-470
– Padrinho: João Paulo Kleinübing, deputado federal e coordenador do Fórum Parlamentar Catarinense
– Missão: estreitar o diálogo entre governo federal e representantes de Blumenau para garantir mais recursos para a obras e participar das discussões sobre o projeto de concessão da rodovia. As entidades querem todos os quatro lotes finalizados antes da concessão, barateando o pedágio

 

Demanda: ampliação do Aeroporto de Navegantes
– Padrinho: Dalirio Beber, senador
– Missão: ser o interlocutor pela definição, dentro de 60 dias, do empenho de R$ 40 milhões para indenizações e acompanhamento do processo de desocupação para ampliação do terminal aéreo

 

Demanda: bacia de evolução da foz do Rio Itajaí-Açu
– Padrinho: Murilo Flores, secretário de Planejamento do Estado
– Missão: garantir junto à União a continuidade na obra e assegurar o recebimento dos recursos orçados para a segunda parte dos trabalhos

 

Demanda: sistema de prevenção de enchentes em Botuverá/Brusque (monitoramento e barragens)
– Padrinho: Rodrigo Moratelli, secretário da Defesa Civil do Estado
– Missão: garantir o cumprimento do cronograma das obras. Nova reunião sobre o tema ocorrerá em 60 dias

 

Demanda: anel de contorno urbano de Gaspar e revitalização da Rodovia Jorge Lacerda
– Padrinhos: Luiz Fernando Vampiro, secretário estadual de Infraestrutura, e Paulo França, secretário adjunto de Obras
– Missão: monitorar o andamento das obras

 

Demanda: revisão do Pacto Federativo
– Padrinhos: todos os deputados estaduais, federais e senadores
– Missão: ampliar a discussão sobre a reformulação do Pacto Federativo, em que 60% da arrecadação fica com o governo federal, 23% vão para os estados e apenas 17% são direcionados municípios. As entidades de classe pedem a inversão desses valores para dar mais autonomia às cidades. Parlamentares ficaram de dar uma resposta para as entidades em até 90 dias

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