Rui Car
25/05/2023 10h24

Ex-prefeito de Ibirama fala de contrato com a empresa de coleta de lixo

Duílio Gehrke fez uma avaliação da Operação Mensageiro e da forma de contrato com a empresa investigada

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Foto: Marcelo Zemke

Foto: Marcelo Zemke

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O ex-prefeito de Ibirama, Duílio Gehrke, (2009 a 2013) recebeu a reportagem da Rede Vale Norte para comentar os desdobramentos da Operação Mensageiro, que prendeu preventivamente o prefeito Adriano Poffo e o secretário de administração do município, Fábio Fusinato. As investigações apuram suspeitas de fraude em licitação, corrupção ativa e passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro no setor de coleta e destinação de lixo em Santa Catarina. As investigações ocorrem em segredo de justiça.  Além de ex-prefeito, Duílio Gehrke foi secretário municipal de Saúde no município, durante a primeira gestão de Genésio Ayres Marchetti.

 

Ele falou do contrato com a empresa Serrana Engenharia, atual Versa Engenharia Ambiental Ltda, que foi dado continuidade em sua gestão, oriundo o primeiro mandato de Genésio Ayres Marchetti (/2001 a 2005), o qual mantinha com o famoso ‘pulso firme’ e que foi dado continuidade na gestão Duílio. Na época de Marchetti, a remuneração para a empresa era feita por quilômetro rodado. A forma de contrato foi alterada ao longo dos mandatos seguintes, chegando à forma que é hoje, onde é paga por peso de lixo coletado.

 

“Me recordo de uma reportagem do Jornal Vale do Norte que citava Ibirama como uma cidade pacata, e de cidade pacata, nós acordamos perplexos e agitados. Não só Ibirama, mas no Estado todo, com 16 prefeitos presos e isso assustou a todo mundo”. A reportagem ao qual o ex-prefeito se refere foi uma matéria especial junto ao prefeito Adriano Poffo, em comemoração aos 89 anos de Ibirama, com o título ‘Crescimento ordenado e qualidade de vida são prioridades’, na edição de 11 a 17 de março, o qual destacava as obras e avanços do município. O Código de Ética dos Jornalistas diz que se deve pautar pela veracidade dos fatos e ter por finalidade o interesse público, independente de linha política.

 

Contrato com a Serrana

 

Sobre o contrato com a Serrana em 2021, o ex-prefeito Duílio lembra que o Ministério Público estabeleceu um prazo para os municípios findarem com os lixões. “O MP procurou a gestão a qual Seu Ayres comandava e ele foi atrás de recursos para implantar um aterro sanitário”, conta.

 

Ele lembra que para receber os recursos, foi formado um consócio entre os municípios de Lontras, Ibirama, José Boiteux e Pres. Nereu.  “A partir deste consórcio e o recebimento dos recursos do Ministério de Meio Ambiente, foi implantado o aterro sanitário da Serra São Miguel”, relata.

 

A partir daí foi feita uma licitação para a coleta de lixo, que foi vencida pela Serrana. O certame foi acompanhado pelo Ministério Público. “Naquela época, com muita preocupação, o Seu Ayres definiu um critério para remunerar a Serrana no serviço de coleta. Ele, de uma forma muito hábil, estabeleceu o critério de quilômetro rodado pelos caminhões de coleta em Ibirama”, lembra Duílio.

 

A empresa havia sugerido a remuneração dos serviços por peso de lixo coletado. Duílio, que era secretário de Saúde na época, diz recordar da conversa. “Eu me lembro muito bem que ele indagou se o método seria confiável. Ele pediu o relatório de todas as ruas e disse que controle seria feito pelos moradores. Caso não fosse recolhido o lixo da rua, os moradores já iam se manifestar e a empresa não receberia por estes quilômetros que faltaram”.

 

Observatório social

 

Duílio diz que as atuais prisões são reflexo da avareza e da vontade de se manter no poder. “Essa vontade de se manter no poder, faz com que a pessoa acabe se esquecendo da ética”, conclui.

 

Ele defende, que apesar de vereadores de oposição terem que cumprir seu papel de fiscalizar, se deve haver uma fiscalização social da gestão pública, formada por cidadãos do município. “Precisamos criar um observatório social de contas públicas. O prefeito que se sujeitar a isso, terá uma gestão tranquila”, defendeu.

 

Duílio destaca que a corrupção, inserida em todos as esferas, acaba criando dificuldades e o maior prejudicado é o cidadão, que acaba desacreditando das instituições políticas e governamentais. “Santa Catarina tinha esta imagem de um estado trabalhador e de repente, vemos que temos problemas com corrução. Temos acompanhado que este é um problema sério no Brasil, que acaba criando dificuldades no desenvolvimento e na melhoria de vida do cidadão”, diz.

 

Fonte:Marcelo Zemke/ Rede Vale Norte
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