Rui Car
01/03/2017 08h32

Familiares pedem justiça no velório das três irmãs em SC

Julyane, Rafaela e Fabiane Horbach foram vítimas do crime bárbaro em Cunha Porã

Assistência Familiar Alto Vale
Diário Catarinense

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O feriado de Carnaval seria o dia de reunir a família Horbach para um churrasco. Mas eles acabaram se reunindo para chorar e lamentar a morte de Julyane Horbach, 23 anos, Rafaela Horbach, 15 anos, e Fabiane Horbach, 12 anos, num triplo homicídio ocorrido por volta das 21h de terça-feira, na linha Sabiazinho, interior de Cunha Porã. O enterro aconteceu na mesma cidade, na tarde desta terça-feira.

 

Julyane e Rafaela moravam com o marido da mais velha, Gilvani Meyer, e o filho de Rafaela, de dois meses. Fabiane tinha ido visitar as irmãs no feriado e acabou sendo vítima também. Sobraram o bebê, ileso, e Meyer, que está hospitalizado em São Miguel do Oeste.

 

— É terrível, era para a gente estar junto e agora as três estão ali — disse o pai, Neuri Horbach, 52 anos, apontando para o caixão das filhas, que foram veladas no salão da Igreja Evangélica Congregacional do Brasil, em Cunha Porã. 

 

O enterro ocorreu no final da tarde de terça-feira, no cemitério do bairro Augusto Kemphfer. O ex-namorado de Rafaela  e pai de seu filho, Jackson Lahr, 24 anos, foi preso em flagrante pelo triplo homicídio e está na cadeia pública.

 

— Acho que foi vingança pois ela não queira mais ele — afirmou Neuri.

 

Ele disse que a filha começou a namorar com Lahr e engravidou dele ainda com 14 anos. Mas depois ela havia descoberto que o namorado tinha outra namorada. Com isso, terminou o relacionamento e deixou de permitir que ele visitasse a criança. 

 

Neuri confirma as ameaças que o ex-namorado fez. Primeiro foi para a irmã mais velha, que teria acolhido Rafaela em sua casa. Depois se estendeu para toda a família:

 

— Ele afirmou que iria matar todos.

 

Não adiantou o boletim de ocorrência e a medida judicial que impedia ele de se aproximar.

 

— Eu quero justiça — reiterou o pai.

 

Um dos tios, Arcílio Horbach, lembra que já havia aconselhado a sobrinha a não morar com Jackson Lahr, que é agricultor, no interior de Cunhataí. Segundo o tio, ele estava acostumado a levar uma vida de solteiro. Lahr era primo de sua esposa, frequentavam churrascos de final de semana. 

 

Segundo Horbach, o jovem reclamava de não poder ver o filho. Ele recomendava que que esperasse a decisão judicial. Nunca imaginava que fosse acontecer tamanha tragédia familiar.

 

Arcílio Horbach lembrou que Fabiane tinha ido junto com sua família passar as férias na praia de Tramandaí, no Rio Grande do Sul.

 

— Foi a primeira vez que ela viu o mar — lembrou.

 

Outro tio, Lídio Saatkamp, também cobrou por justiça.

 

— Isso não é uma pessoa, tem que ir para um hospício — afirmou, quase chorando.

 

A dor da família Horbach chocou toda a cidade de 11 mil habitantes. Até os policiais, acostumados a atender ocorrências de violência, ficaram estarrecidos com o caso. Na cidade, um homicídio já era algo incomum, três de uma vez abre uma ferida social que se transforma em dor não apenas familiar, mas coletiva.

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