Rui Car
24/08/2020 16h46

Farmácia de Ituporanga recebe denúncia de violência contra a mulher

Até o momento, mais de 1,3 mil estabelecimentos participam do projeto, com lei sancionada pelo governo do Estado

Assistência Familiar Alto Vale
Fonte: NSC

Fonte: NSC

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Uma lei sancionada recentemente pelo governo estadual autoriza que farmácias e drogarias de Santa Catarina recebam denúncias de violência doméstica contra a mulher. As vítimas poderão acionar o atendente através da frase “preciso de máscara roxa” ou com a letra “X” desenhada na palma da mão ou em um pedaço de papel. Assim, o funcionário poderá simular uma situação, como pedir dados para um cadastro, e depois comunicar às autoridades. 

 

Até o momento, são 1.348 estabelecimentos participantes no estado, segundo dados da Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Cevid), do Tribunal de Justiça (TJSC). O projeto está em fase de expansão para alcançar também as farmácias menores, além da intenção de chegar a mais pontos. Com este objetivo, uma reunião já foi realizada com a Federação Catarinense dos Municípios (Fecam) e associações que envolvem as prefeituras de cada região.  

 

A campanha “Sinal Vermelho”, lançada em junho deste ano, já vem incentivando mulheres a denunciar esse tipo de crime através do símbolo. A iniciativa é uma parceria da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com o apoio de várias entidades. 

 

– A campanha escolheu as farmácias por entender que existe uma em qualquer cidade que atende a população, por menor que seja e mesmo no interior. Outro motivo é o fácil acesso. Muitas vítimas são mantidas em casa e são controladas pelo agressor. A campanha parte da ideia de que esse é um sinal silencioso e discreto, que pode salvar a vida de uma mulher em situação de risco – explicou a presidente da Associação de Magistrados Catarinenses (AMC), juíza Jussara Wandscheer. 

 

Dias após a campanha ter sido lançada, uma mulher fez o “X” para pedir ajuda a policiais militares em Ituporanga, no começo de julho. Os agentes haviam chegado no local para atender um suposto caso de lesão corporal, e o marido dela foi quem abriu a porta. Ao perceberam o sinal da vítima, que tinha sangue no rosto, o homem foi preso em flagrante pelas agressões. 

 

A lei, foi sancionada pelo governador Carlos Moisés na última quinta-feira (20), e vale durante a vigência do estado de calamidade pública em decorrência da pandemia de coronavírus. A ação teve apoio legal com base no projeto de lei de autoria da deputada estadual Luciane Carminatti (PT). Apesar dos crimes de violência doméstica têm redução de 9% em SC no primeiro semestre de 2020, de acordo com os dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado, a parlamentar acredita que os números não refletem a realidade atual, devido a esse momento em que as pessoas têm saído menos vezes de suas residências. 

 

– Se considerarmos o início da pandemia, na metade de março, os registros oficiais apontam uma redução nas denúncias de violência contra a mulher, para boletins de ocorrências. Se esse índice estava numa crescente (nos meses anteriores), como ela diminui, quando você tem o agressor em casa durante esse período? – indaga a deputada. 

 

Entenda a medida de urgência, dentro da Lei Maria da Penha: 

 
Os caminhos da medida de urgência para mulheres vítimas de violência doméstica(Foto: Arte DC/Arquivo)

Os caminhos da medida de urgência para mulheres vítimas de violência doméstica(Foto: Arte DC/Arquivo)

 

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