O gerente comercial Paulo Marcelo Santos, de 23 anos, que ficou gravemente ferido no acidente de trânsito provocado pelo ex-deputado federal João Pizzolatti deve ficar ao menos cinco meses internado no hospital, segundo a previsão dos médicos. A informação foi passada pela família da vítima. A mulher de Paulo está grávida de quatro meses.
O acidente aconteceu na tarde de 20 de dezembro, em Blumenau, na SC-421. O carro de Pizzolatti invadiu a pista contrária e bateu em dois veículos. “Uma testemunha estava no carro atrás do suspeito e disse que ele dirigia em zigue-zague. Caso típico de direção em um estado de embriaguez”, afirma o delegado Douglas Barroco.
O veículo de Paulo tombou e pegou fogo. Quem passava pelo local ajudou a virar o carro e apagar as chamas com extintores. O motorista teve fraturas e queimaduras de segundo e terceiro graus.
Nesta quinta-feira (28), ele deve passar por cirurgia no joelho e nas queimaduras no Hospital São José, em Joinville.
Conforme um parente, o advogado de Pizzolatti entrou em contato com a família nesta semana. “Disse que iriam bancar todos os danos gerados”.
Embriagado
Em um vídeo gravado por uma testemunha logo após o acidente, Pizzolatti admitiu que estava embriagado.
Em nota, a defesa disse que o político lamenta “profundamento o episódio” e deseja “pronta recuperação à vítima”. Também afirmou que o ex-deputado federal foi internado para tratar o alcoolismo. Se condenado, a pena pode chegar a cinco anos de prisão.
Político tinha 222 pontos na CHN
Pizzolatti está com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) vencida desde agosto deste ano, conforme o Detran de Santa Catarina. Entre 2014 e 2017, ele somou 222 pontos na carteira.
Este ano ele já havia recebido uma multa por embriaguez ao volante. O histórico também mostra que em setembro de 2007 ele teve a carteira suspensa. Já em dezembro de 2012, teve a CNH cassada por dois anos. Atualmente responde a um processo de suspensão em Blumenau. Todas as medidas contra o ex-deputado foram por excesso de pontos.
Um das multas foi em junho de 2015 por se recusar a fazer o bafômetro. Em setembro de 2017, o ex-deputado foi multado por embriaguez ao volante. A maioria das multa é por excesso de velocidade, 31 no total. Também há multas por furar o semáforo, dirigir na contramão e dirigir com a carteira cassada.
Polêmica
Enquanto era feito o resgate, o ex-deputado saiu do carro sozinho. Em alguns minutos, a polícia chegou ao local. Um vídeo mostra os policiais colocando Pizzolatti no porta-malas da viatura.
Logo depois, o irmão Paulo Pizzolatti, ex-prefeito de Pomerode, chegou, o tirou do veículo e o colocou na ambulância. Nenhum socorrista participou desta parte do atendimento. Ele foi levado para o hospital sem escolta da polícia. Lá, recusou atendimento e foi embora.
À NSC TV, o médico do Samu Miguel Aiquel, responsável pelo atendimento às vítimas no local do acidente, diz que indicou Pizzolatti a ir ao pronto-socorro com a ambulância dos bombeiros. “O sigilo médico me proíbe de comentar qualquer coisa do estado de saúde dos pacientes”.
A PMRv disse que os policiais não fizeram a escolta porque no momento do acidente a prioridade era a segurança viária no local. O Ministério Público vai investigar o caso.
“O procedimento correto quando há crime é conduzir até a central de plantão para que a autoridade policial analise a situação. Não foi analisado ali a situação flagrancial dele, que poderia ocasionar a própria prisão e ele ficaria preso até a audiência de custódia, que é o momento que o poder judiciário analisa se mantém ou não a prisão”, explica o delegado.
Pizzolatti conclui o mandato de deputado em 2015 e não concorreu a reeleição porque foi enquadrado na lei da Ficha Limpa. Ele é investigado na Operação Lava Jato.