Rui Car
28/05/2021 16h43 - Atualizado em 28/05/2021 16h51

Foco de raiva é detectado em Lontras

Segundo informações da Cidasc, uma égua foi contaminada pela doença e acabou vindo a óbito

Assistência Familiar Alto Vale
Foto: Oscar Olívio de Faria Junior / Divulgação

Foto: Oscar Olívio de Faria Junior / Divulgação

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Um caso de raiva herbívora foi detectado na cidade de Lontras pela Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc). Segundo informações divulgadas pelo órgão, uma égua foi contaminada pela doença e acabou vindo a óbito quatro dias após ser diagnosticada com os sintomas. O animal estava na localidade de Alto Cutias. Nos últimos três anos este é o segundo caso registrado no Alto Vale, o que traz a tona a importância da vacinação dos animais, já que a doença também é transmissível aos humanos.

 

O proprietário da égua percebeu que o animal estava mais nervoso do que de costume e, desconfiado, acionou a Cidasc de Rio do Sul, que compareceu ao local e constatou que o equino tinha dificuldades de locomoção, mudança de comportamento, emagrecimento progressivo e tinha vestígios de ter sido mordida por um morcego hematófago.

 

Após a morte da égua, a Cidasc coletou material do Sistema Nervoso Central para análise, o que positivou para raiva herbívora. O órgão alerta ainda que toda a comunidade, em um raio de cerca de quatro quilômetros deve ficar em alerta.

 

Outro caso aconteceu em Taió, em 2019

 

Foto: Marcelo Alburquerque/Arquivo Pessoal/ND

Foto: Marcelo Alburquerque / Arquivo Pessoal

Em dezembro de 2019 um caso praticamente igual foi registrado em Taió, quando um cavalo do veterinário Marcelo Albuquerque também foi mordido por um morcego e acabou morrendo.

 

Na ocasião, contou que os animais dele são vacinados contra raiva, mas na oportunidade um amigo deixou o cavalo, que não tinha imunização, sob seus cuidados. Foi quando o equino apresentou o sinal da mordida. Não demorou muito para os sintomas da doença aparecerem também: ele foi perdendo coordenação motora e força nas pernas até ter sofrido, provavelmente, insuficiência pulmonar.

 

Apenas após exames laboratoriais foi possível confirmar a causa da morte. 

 

Sobre os morcegos hematófagos

 

De acordo com o médico veterinário Dickson, existem mais de 1000 espécies de morcegos. Mas somente três são hematófagos. Todos os morcegos podem carregar o vírus da raiva, mas para que ocorra a transmissão é necessário o contato da saliva com o sangue. Por isso os morcegos hematófagos, conhecidos popularmente como vampiros, que se alimentam de sangue dos animais, são os transmissores mais frequentes. As presas preferidas são mamíferos mansos, como cavalos e porcos.

 

A alimentação ocorre pela noite, quando os alvos normalmente estão dormindo. Se o morcego possui o vírus da raiva, ele é transmitido através da saliva. Do contrário, a mordida não causa grandes malefícios aos animais, exceto pelas pequenas feridas.

 

Em humanos, porém, as chances de ocorrer uma mordida é muito pequena. A bióloga de Blumenau, Sabrina Lenoir, explica que, diferente do que é visto em filmes, o morcego não ataca pessoas e tampouco permanece grudado em pescoços.

 

“Eles normalmente escolhem lugares que os animais não vão conseguir retirá-los, como patas e costas. Eles fazem um pequeno corte com os dentes, mas não dá para sentir, porque há uma substância anestésica na saliva”, descreve a bióloga.

 

Enquanto o sangue escorre, o morcego lambe o líquido até ficar saciado.

 

Sintomas

 

O animal apresentará um sangramento na ferida onde ocorreu a mordedura. Os sintomas mais comuns da contaminação é a respiração ofegante, o descontrole da coordenação motora e a morte em torno de dez dias. O animal contaminado pela raiva sempre vai a óbito. O morcego vampiro (Desmodus rotundus) têm hábitos noturnos e são encontrados em cavernas, ocos de árvore, minas e casas abandonadas.

 

Como o produtor pode contribuir com o trabalho da Cidasc

 

O médico veterinário alerta que os morcegos são animais silvestres protegidos por legislação, por isso não devem ser capturados e mortos pela população. “Caso o produtor identifique que o morcego hematófago “vampiro” se abriga em cavernas, ocos de árvore, minas e casas abandonadas, deve sempre comunicar à Cidasc. Em caso de acidente com um desses animais a pessoa deve procurar um hospital ou posto de saúde mais próximo, relatar o ocorrido visando o tratamento adequado”, disse Dickson.

 

Controle populacional

 

O controle ocorre através de pastas venenosas que são grudadas nas costas dos animais com o auxílio de uma rede. Como eles se lambem como forma de limpeza, acabam morrendo.

 

A ação precisa ser feita por profissionais especializados, já que os dentes afiados dos morcegos podem ferir e trazer a doença.

 

De hábitos noturnos, como qualquer outro morcego, os hematófagos preferem regiões montanhosas e mais altas. Alojam-se em ranchos abandonados e cavernas, sempre em meio a muita mata. Por isso há registro da presença deles em todo o Vale do Itajaí.

 

O que fazer em caso de mordida

 

Apensar de incomum, uma pessoa pode ser mordida por morcegos vampiros. Isso ocorrerá se ela dormir sob uma colônia, em meio ao mato, ou em uma residência rural que não possui proteção adequada.

 

Se perceber a mordida, a vítima deve seguir imediatamente a uma unidade de saúde para tomar a vacina contra raiva. Se o animal estiver doente e infectar o humano, as chances de sobrevivência são mínimas.

 

Para ajudar no controle da raiva

 

– Vacine seu rebanho contra a raiva;

 

– Informe ao escritório da Cidasc mais próximo sempre que seus animais ficarem doentes e apresentarem dificuldade para caminhar, se alimentar, e/ou agressividade

 

– Caso seus animais tenham marcas de mordedura causada pelo morcego hematófago, comunique a Cidasc, mesmo que não estejam doentes;

 

– Avise ao médico veterinário da Cidasc se souber de algum local que possa abrigar morcegos hematófagos, tais como, cavernas; grutas; ocos de árvore; túneis; bueiros; passagem sob rodovias, cisternas e poços; casas e construções abandonadas.

 

ATENÇÃO! Nunca tente capturar um morcego, chame um profissional capacitado para removê-lo adequadamente.

 

Programa de Controle da Raiva dos Herbívoros em Santa Catarina

 

O programa está apoiado em quatro pilares:

 

 – Educação Sanitária;

 – Vacinação do rebanho;

 – Vigilância Epidemiológica;

 

Monitoramento de abrigo e manejo populacional do Desmodus rotundu (principal vetor de transmissão da raiva dos herbívoros).

 

O produtor é peça chave para o bom andamento do programa, porque as notificações dos animais doentes e as informações sobre abrigos dos morcegos hematófagos, são dependentes da comunicação do produtor à Cidasc. Além dele ter a responsabilidade de vacinar seu rebanho contra a raiva, ação realmente efetiva para o controle da doença.

 

A Cidasc estimula a vacinação e também a identificação dos animais doentes com sintomas compatíveis com a raiva dos herbívoros, que quando vierem a óbito terão material colhido para diagnóstico da doença. Além disso, monitoramos os abrigos cadastrados na área de foco para fazer o controle populacional do vetor da doença, o morcego hematófago Desmodus rotundus.

 

Para manter a sanidade do rebanho catarinense, o Programa desenvolve um conjunto de ações, a mais importante é a vacinação dos rebanhos de forma sistemática, e, também, a educação em saúde e capacitação dos profissionais do Serviço Veterinário Oficial, pois ela sensibiliza o produtor rural quanto ao seu papel fundamental para o controle da raiva dos herbívoros em Santa Catarina através da comunicação à Cidasc do surgimento de animais doentes.

 

Mais informações pelo telefone (48) 99151-7005.


FONTE: RÁDIO EDUCADORA 90,3 FM / CIDASC / ND+

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