Rui Car
15/04/2020 17h06

Governo da Ucrânia diz que incêndio em Chernobyl foi controlado; para instituições europeias, situação é ‘grave’

Segundo o escritório russo da ONG Greenpeace, embora incêndios florestais sejam comuns na zona de exclusão, esse é o pior registrado desde a explosão nuclear, em 1986.

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Centenas de bombeiros continuavam a combater nesta terça-feira (14) um incêndio florestal que já dura mais de dez dias na zona de exclusão de Chernobyl, no norte da Ucrânia. Embora o governo ucraniano afirme que o fogo foi controlado e que não há perigo, ONGs e instituições europeias classificam situação como “grave” e “imprevisível”.

 

“No oeste da zona de exclusão, o incêndio já atingiu 20 mil hectares, segundo nossos cálculos”, afirmou Sergiy Zibtsev, diretor do Centro de Monitoramento de Incêndios do Leste Europeu.

 

O incêndio teve início em 4 de abril no local onde ocorreu o pior acidente nuclear da História, em 1986. No entanto, as autoridades ucranianas fornecem poucas informações oficiais sobre as proporções do incidente, numa tentativa de minimizar a gravidade.

 

Na manhã desta terça-feira, (14) o governo anunciou que a chuva que caiu nas últimas horas na região ajudou os bombeiros a circunscrever o incêndio. Segundo o comunicado do Serviço para as Situações de Emergência, há apenas “focos isolados”. No entanto, nenhum dado ou detalhe sobre a propagação das chamas foi divulgado.

Extremamente criticado por seu silêncio em relação ao incidente, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou na noite de segunda-feira (13) que acompanhava a situação “de perto”. “A sociedade tem direito de conhecer a verdade e de estar em segurança”, declarou, enquanto circulam nas redes sociais rumores sobre o aumento da radioatividade ou os riscos para a central nuclear.

 

Fogo a 1,5 km do reator

 

Segundo ONGs e instituições sem relação com o governo, o cenário é preocupante. Mais de 400 bombeiros, apoiados por helicópteros, trabalham na extinção do fogo.

 

Segundo o escritório russo da ONG Greenpeace, embora incêndios florestais sejam comuns na zona de exclusão, esse é o pior registrado desde a explosão nuclear, em 1986. O grupo ambientalista disse que análises de imagens de satélite mostraram que as chamas estavam a 1,5 km da cúpula de proteção colocada sobre o reator destruído.

 

Já Yaroslav Yemelianenko, diretor da associação de visitas guiadas em Chernobyl, disse que as chamas atingiram a cidade fantasma de Pripyat, próxima à antiga usina, cuja população de cerca de 50 mil pessoas foi evacuada após a explosão do reator. “A situação é crítica”, escreveu Yemelianenko em sua página no Facebook.

 

O diretor do serviço ecológico estatal, Yegor Firsov, escreveu no Facebook, um dia depois de o fogo ter começado, que os níveis de radiação no centro do incêndio estavam mais altos que o normal. Momentos depois, a publicação foi apagada.

 

“A taxa de radiação em Kiev e na região não ultrapassa o nível normal”, afirma o comunicado do Serviço para as Situações de Emergência da Ucrânia desta terça-feira.

 

 

Origem do incêndio

 

De acordo com a polícia ucraniana, o fogo foi ateado por um homem de 27 anos que vive próximo da região de Chernobyl. Ele teria iniciado o incêndio na grama seca perto da zona de exclusão “de brincadeira”.

 

As chamas se espalharam rapidamente, alimentadas por fortes ventos. Além do envio de centenas de bombeiros, Kiev também mobilizou helicópteros e aviões de combate a incêndios.

 

A zona do sinistro é inabitada, já que, por medida de proteção, residências são proibidas em um raio de 30 quilômetros da antiga usina.

 

Chernobyl contaminou grande parte da Europa quando seu reator número 4 explodiu em abril de 1986. Os outros três reatores de Chernobyl continuaram a gerar eletricidade até que a usina foi finalmente fechada, no ano de 2000. Em 2016, uma cúpula de proteção foi colocada sobre o quarto reator.

 

Fonte: G1

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