Elisiane Maciel - Jornal Diário do Alto Vale
Depois das dificuldades enfrentadas em 2017, a Comunidade Hospitalar Annegret Neitzke, de Pouso Redondo, começou 2018 com novos projetos. A nova diretoria, presidida por Carlos Zanella, assumiu a gestão em fevereiro de 2017, há um ano.
O presidente contou que a diretoria teve que enfrentar várias situações e problemas. Entre eles dívidas e falta de documentação. “Num levantamento inicial que a gente fez, o hospital estava com dívida de R$ 217 mil. Praticamente com todos os fornecedores o hospital tinha pendências. Quando assumimos a gestão, o Raio-X estava embargado pela Vigilância Sanitária, não se tinha os laudos radiométricos e o hospital não tinha Alvará de Vigilância Sanitária, nem mesmo o Alvará dos Bombeiros”, explicou Zanella.
De acordo com ele, a parte documental também estava atrasada. Não possuía a filantropia nem convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS). “Então foi bem complicado. O hospital estava fazendo simplesmente o atendimento de Pronto Atendimento e eventualmente algumas internações, mas com muita dificuldade”, disse.
“A gente contava com emendas parlamentares. Tinha uma promessa de uns R$ 800 mil que vem via prefeitura, e até o presente momento não recebemos o repasse. Então todos os investimentos do hospital são de recursos próprios e ajuda da comunidade”, disse.
Primeiro passo
Entre estas situações, com recursos próprios e economia, a comunidade hospitalar adquiriu um equipamento de Raio-X, normatizando todos os laudos e cumprindo todos os requisitos da Vigilância Sanitária. “A gente conseguiu o Alvará da Vigilância Sanitária e dos Bombeiros que por muitos anos o hospital não tinha e deixamos o que tinha pendente em dia. Aí fomos ajustando as contas, pagando os fornecedores, fizemos o hospital ser mais resolutivo, mudamos o corpo clínico do Hospital, algumas pessoas aqui dentro e passamos a fazer exames 24 horas de sangue, raio-X e também plantão clínico 24h”, contou.
Inovação
Uma novidade foi decidida entre a gestão: reativar o centro cirúrgico. Foi reformado o centro com dinheiro próprio do hospital e doações da comunidade. Os espaços foram renovados com pintura, troca de pisos e luminárias.
Também foram adquiridos alguns equipamentos, como um carrinho de anestesia geral – necessário para procedimentos cirúrgicos por fazer também o monitoramento completo do paciente e uma maca cirúrgica. “Restauramos muitos equipamentos que o hospital tinha e estava sem uso, depositado em um canto. O investimento que o hospital teve foi do carrinho da anestesia e compramos o mobiliário cirúrgico de um Hospital de Blumenau que estava fechando por um valor simbólico. Até agora investimos cerca de R$70 mil com recursos próprios”, explicou Zanella.
“Isso é uma benfeitoria para a comunidade e pro nosso hospital em si, pois pode se tornar referência pra região. Outros municípios também poderão encaminhar as demandas para cá, como muitos já fazem, como Mirim Doce, Rio do Oeste, Laurentino, Agrolândia e Taió. Isso para nós é grandioso”, disse a Enfermeira Chefe, Beatriz Garcia.
Segundo ela, haverá também o desafogamento do Hospital Regional Alto Vale, pois serão encaminhadas “somente patologias que não conseguirmos dar andamento aqui”. O centro cirúrgico vai estar à disposição 24h assim que forem cadastrados os cirurgiões.
Como o hospital é o que mais fácil atende a rodovia, por estar ao lado da BR-470, os pacientes que chegam dos acidentes podem ter o caso resolvido ali no centro cirúrgico, sem precisar encaminhar para Rio do Sul.
A diretoria está em contato com equipes de cirurgia geral, para realizar procedimentos de baixa e média complexidade em Pouso Redondo, como cirurgias de apêndice, hérnia, urologia, vesícula, entre outras. A intenção é fazer procedimentos que não necessitem de UTI, em que o paciente esteja com o quadro estável e que possa ser realizado com tranquilidade no hospital. “Estamos com ideia de fazer cirurgias de ortopedia e estamos abertos a várias outras especialidades que venham a aparecer”, explicou.
Hospital volta a fazer partos
Desde março de 2014, as gestantes de Pouso Redondo precisavam se deslocar às cidades vizinhas para ter o parto. O presidente contou que o que determinou de vez a busca por essa inovação, foi um fato que aconteceu em um dia quando ele estava no hospital, e chegaram duas mulheres em trabalho de parto. Os hospitais vizinhos não tinham vaga e o hospital mais próximo com vaga era Florianópolis. “Foi então que pensei que a gente já prestava esse serviço antes com excelência. Temos local, equipamentos e vamos reativar. Estamos desde o mês de agosto trabalhando nisso, e agora inaugurou efetivamente nosso centro obstétrico com um nascimento de parto normal de uma menina, há quinze dias, e agora dia 31, com o nascimento do Joaquim de cesárea”, enfatizou.
Ele contou ainda que foi reabilitada a sala de parto, que estava sendo usada como depósito. “O desejo de reativar a área obstetrícia foi de fazer nascer pouso redondenses”, relatou o diretor.
Convênios
O hospital hoje atende os convênios particulares Agemed, Unimed, SC Saúde, Bradesco Saúde e 95% dos atendimentos são pelo SUS. Porém o hospital não tem contrato com o SUS. Os atendimentos estão sendo feitos sem contrato. “A gente já cumpriu todas as etapas para contratualização, porém o trâmite do governo é muito moroso. Começamos o ano com a documentação pronta, já tivemos aprovação do Ministério da Saúde e nos prometeram que o contrato será assinado após o carnaval”, disse Zanella.
