As duas crianças que foram encontrados no quintal de uma casa no bairro Monte Alegre, em Camboriú, no Litoral Norte catarinense, após serem abandonadas pela mãe na quinta-feira (5), passaram bem primeira noite no abrigo bem, informou o conselho tutelar.
“Elas tomaram banho assim que chegaram, comeram e estão bem. Pela manhã passamos no local para ver como estavam. Elas vão passar por avaliação de psicólogo”, disse a presidente do Conselho Tutelar de Camboriú, Janaína Gervásio, sobre menina de 3 anos e o irmão, de 1 ano e meio.
Ainda de acordo com a conselheira, o destino das crianças deve ser decidido posteriormente. “Nós encaminhamos o caso ao Fórum, mas, com recesso do judiciário, elas devem ter uma destinação apenas após o dia 9 [segunda-feira]”, disse Janaína.
A conselheira esclarece que fica a cargo do juiz decidir quem deve ficar com as crianças, entretanto, por causa do histórico de envolvimento da família com crime e uso de drogas, elas devem ser encaminhadas para adoção, e não para parentes.
“As crianças têm histórico de acolhimento em outro município”, disse Janaína. Ainda segundo ela, os dois pais – as crianças são irmãs somente por parte de mãe – estão detidos. A mãe, que possuía a guarda, deve ser indiciada por abandono de incapaz.
Ainda na quinta, foi feito um boletim de ocorrência na delegacia de Polícia Civil da Comarca de Camboriú, conforme a conselheira. O plantonista do expediente confirmou nesta sexta (6) que foi feito o B.O, entretanto, a investigação só deve começar a partir da segunda-feira (9).
Abandono
A menina e o menino foram deixados no quintal de uma residência junto com uma mochila e uma carta. No bilhete, ela afirmou que não aguentava mais ver os filhos passando fome.
Conforme relatos, a mãe abriu o portão de uma casa, colocou os filhos do lado de dentro e foi embora. Um casal que estava no imóvel chamou a Polícia Militar. Com as crianças, havia também mamadeiras, fraldas, certidão de nascimento, carteira de vacinação e encaminhamentos médicos – o menino seria epiléptico.
Na carta, a mãe pediu que as crianças fossem encaminhadas ao Conselho Tutelar. “Por favor, chame o Conselho Tutelar. Não aguento mais ver meus filhos passar fome”. De acordo com o conselheiro tutelar Diego Raphael Rocha Pereira, as crianças estavam sujas e tinham piolhos, mas sem sinais de agressões.
Pelos documentos, a polícia conseguiu identificar os familiares das crianças. Segundo Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento, a mãe chegou a procurar auxílio seis meses atrás.
“Ela já tinha procurado. Consta no nosso cadastro que ela é usuária do sistema desde abril de 2016, porém, a última vez que ela recebeu cesta básica, que ela procurou o sistema, foi em julho de 2016. A gente não conseguiu mais contato com essa pessoa”, disse a secretária Andréia de Souza Machado.
Ainda conforme a secretária a mulher teria recebido acompanhamento mensal e suporte de uma cesta básica, se tivesse solicitado. Segundo Andréia, equipes tentaram localizar a mulher no endereço informado por ela, mas não tiveram sucesso.
“A gente vai botar a nossa secretaria à disposição até mesmo para localizar a mãe, localizar um familiar, para que a gente possa dar continuidade e assistência a essa família”, completou a secretária.