Rui Car
10/04/2018 10h20 - Atualizado em 10/04/2018 09h46

Justiça realiza primeira audiência da morte de professor indígena do Alto Vale após ter sido espancado

Acusado de assassinar indígena em SC se calou durante audiência de custódia

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A Justiça realizou, na tarde desta segunda-feira (9), a primeira primeira audiência do processo do assassinato do professor indígena Marcondes Namblá. Duas testemunhas foram ouvidas, uma não compareceu e o acusado, o embalador Gilmar César de Lima, 23 anos, preferiu ficar em silêncio. Ele confessou o crime à polícia e está preso preventivamente em Blumenau.

 

O indígena morreu um dia depois de ter sido espancado em Penha, no Litoral Norte, em janeiro deste ano. A defesa do acusado quer que ele passe por uma avaliação mental, mas a Justiça negou. O advogado Jeremias Felski disse, entretanto, que vai insistir na realização dessa perícia.

 

A audiência ocorreu no Fórum de Balneário Piçarras. Lima foi denunciado pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) por homicídio qualificado (motivo fútil e sem chance de defesa da vítima). O réu, que foi preso 13 dias depois do assassinato, na casa da irmã em Gaspar, disse que espancou Marcondes porque o indígena mexeu com o cachorro dele.

 

 
Professor indígena morreu após ser espancado em Penha  (Foto: NSC TV/Reprodução )

Professor indígena morreu após ser espancado em Penha (Foto: NSC TV/Reprodução )

 

Duas testemunhas haviam sido arroladas, mas uma não compareceu. As outras duas prestaram depoimento. Uma delas, o jardineiro Fabrício Ari Sagaz, contou que estava passando e que viu as agressões. Ele perguntou o porquê das pauladas e o agressor respondeu que o indígena mexeu com o cachorro. Contou ainda que após a resposta, o embalador saiu correndo. O réu deverá ir a júri popular pelo assassinato.

 

 
Acusado de assassinar indígena em SC se calou durante audiência de custódia. (Foto: Fabiano Correia/NSC TV)

Acusado de assassinar indígena em SC se calou durante audiência de custódia. (Foto: Fabiano Correia/NSC TV)

 

O crime

Marcondes foi espancado durante a madrugada, enquanto caminhava pela avenida Eugênio Krause. As imagens de uma câmera de segurança registraram o momento em que ele é atacado a pauladas pelo embalador.

 

Depois de levar o primeiro golpe na cabeça, ele caiu e continuou sendo agredido. Conforme a denúncia, Lima deu aproximadamente 20 pauladas na vítima. O indígena foi encontrado horas depois e chegou a ser internado, mas morreu no dia 2 de janeiro.

 

Formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Namblá era professor na aldeia Laklãno, em José Boiteux. Conforme a família, ele trabalhava em Penha para ganhar dinheiro extra com a venda de picolés.

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