Rui Car
25/05/2018 17h01 - Atualizado em 26/05/2018 09h26

Leopoldo Fiedler de Taió comemora 100 anos de vida

Conheça um pouco da história deste grande homem

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A tarde de hoje foi especial para a comunidade de Ribeirão do Salto, em Taió. Leopoldo Fiedler completou 100 anos e realizou uma grande festa. A equipe de reportagens da Educadora esteve no local e teve o prazer de estar presente neste belo evento. Parabéns, sr. Leopoldo por toda a sua história e pelo seu centenário muito bem vivido!

 

Conheça um pouco a história de Leopoldo

Imaginemo-nos num cenário onde existe uma casinha rústica erguida sobre cepos de madeira coberta com “tabuinhas”, onde as fechaduras são tramelas sem janelas ou portas de blindex, sem energia elétrica, sem internet, sem telefone, televisão, geladeira, sem máquina para lavar roupas ou qualquer outro eletrodoméstico. As gamelas, as lamparinas, a querosene fazem parte deste cenário bem como o fogão e o forno a lenha, o cocho para lavar roupas, a patente um pouco distante da casa onde se usa sabugo, palha de milho ou folhas do mato para substituir o papel higiênico. Ali também tem um poço onde a água é retirada em latas ou baldes amarrados a uma corda puxados por manivela.

 

Tem também galinhas, patos, porcos, vacas e talvez outros animais. Alguns cachorros para vigiar a casa contra o ataque de algum bicho. Muitos passarinhos de várias espécies e coloridos. Na frente desta casa não falta o jardim com múltiplos tipos de flores e borboletas.

 

No seu entorno, há a roça onde se pratica agricultura de subsistência: aipim, milho, cana-de-açúcar para fazer melado, abóboras, batatas, chás, temperos, hortaliças, frutas, arroz para descascar no pilão, tudo para servir de alimento.

 

Pois bem. Ali nesta casinha situada em Blumenau que no dia 25 de maio de 1918 nasce o quinto filho de Ervin e Linda Fiedler. Já tinham os meninos Augusto, Artur e Alex Ervin faleceu bebê. E veio o hoje aniversariante Leopoldo. Posteriormente nasceram Bertoldo, Helga e Erich, todos em saudosa memória.

 

Neste século de vida que festejamos hoje, muita coisa mudou. O homem, usando sua inteligência, criou, produziu, transformou. Com certeza ter um bebê naquela época era muito diferente se compararmos com toda a tecnologia oferecida hoje.

 

Dona Linda ficaria assombrada se visse como as coisas funcionam atualmente: exame pré-natal, ultrassonografia, cesárea, UTI Neonatal, medicamentos de última geração, acompanhamento em todo período gestacional onde muitos outros recursos que são colocados à disposição das futuras mamães.

 

Nossa Vó limitava-se a usar as roupinhas que os filhos mais crescidos já usaram. Fraldas descartáveis? Eram panos feitos com lençóis velhos e em número reduzido. Nada de enxoval chique, de pilhas e pacotes de roupas.

 

Por cima e atrás do fogão a lenha tinha que ter sempre arames e varões para secar as roupas em dias frios e chuvosos. E quando tinha um bebê maior na parentagem ou vizinhança, suas roupas que já não serviam mais eram repassadas de um para o outro.

 

Maternidade? Talvez em centros maiores já existisse alguma. Os bebês nasciam em casa com a ajuda de uma parteira vizinha ou familiares mais experientes. Quando a notícia do nascimento se espalhava, logo vinha uma vizinha trazendo uma galinha gorda para fazer uma canja, outra vinha com pão, com verduras… mais alguém vinha para fazer o serviço da casa. A Solidariedade era manifestada até que a mãezinha pudesse novamente cuidar de tudo.

 

Vacinas não existiam. Lá vinha o sarampo, a varicela, coqueluche, diarreia, ferimentos, picadas de cobras e insetos.

 

Vovó Linda era muito sábia. Conhecia muito sobre chás, ervas, compressas. Samu, plano de saúde, SUS, ambulâncias… naquela época nem em sonho! Feliz era aquele que dispunha de um cavalo ou uma carroça para ir em busca de recurso.

 

Mas em meio a muitos desafios e obstáculos, a filharada ia crescendo em busca de dias melhores. A família foi morar em Ribeirão do salto por volta de 1942. O Leopoldo já casado com Amanda da família Rothermel acompanhou os pais e a família dos irmãos. Veio o Ingeborg, o Ivo, a Leonida e o Irineu. Deles, Ingeborg e Irineu continuam entre nós. Estes também formaram as suas famílias e hoje compõem o clã: um filho, uma filha, um genro, um genro de coração, 9 netos 12 bisnetos e 4 tataranetos, além de sobrinhos, afilhados, amigos, admiradores e vasta parentagem.

 

Dona Elza, a companheira que atualmente está dividindo o dia a dia com o senhor Leopoldo, recebe a consideração de todos. Leopoldo foi agricultor e conhece muito bem o manejo de uma enxada, da foice, do machado, do arado manual e de todo o trabalho braçal. Longe de armazém, farmácia, igreja, escola e hospital, usou da criatividade e os recursos que dispunha para viver, sustentar e criar sua prole.

 

Enfrentou muitas dificuldades. Perdeu dois filhos e a mãe destes para doença. Sabemos que é uma pessoa muito bem quista. A prova disso foi ver o envolvimento e toda manifestação da comunidade.

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