Rui Car
02/05/2021 14h37 - Atualizado em 02/05/2021 14h59

Médica de Taió que esperou quase 30 horas por resgate relata: “Medo de morrer sozinha”

Carro de Mariana Fossati caiu em ribanceira em Pouso Redondo no dia 18 de abril

Assistência Familiar Alto Vale
Médica Mariana Fossati recebeu alto do hospital no dia 27 de abril (Foto: Mariana Fossati / Arquivo pessoal)

Médica Mariana Fossati recebeu alto do hospital no dia 27 de abril (Foto: Mariana Fossati / Arquivo pessoal)

Delta Ativa

A médica Mariana Fossati, de 30 anos, que esperou quase 30 horas pelo resgate após cair em uma ribanceira no Alto Vale relatou os momentos de apreensão que passou. Apesar do medo, ela brinca que a espera “parecia uma prova do BBB”.   

 

Mariana sofreu o acidente na manhã de 18 de abril, em Pouso Redondo. Ela saiu de Curitibanos com destino a Taió, onde faria um plantão no Hospital e Maternidade Dona Lisette. O acidente aconteceu depois que ela tentou desviar de um animal e o carro acabou caindo em uma ribanceira. 

 

— Eu lembro que eu estava cantando. Estava tocando Fernando e Sorocaba. Olhava no relógio, eram 5h10 e logo em seguida vi um cachorro. O pessoal da região diz que ali não tem cachorro, tem capivara. Mas estava escuro, tinha cerração, a pista estava molhada. Eu estava enxergando muito pouco. Estava de óculos, mas não vi direito. Freei muito rápido para desviar. Bati a cabeça no vidro da lateral, não vi o carro capotar — contou ao G1. 

 

O carro capotou várias vezes até ficar com a traseira presa em árvores. Quando Mariana acordou, eram 6h30.  

 

— Todas as janelas quebraram. A única coisa que sobrou foi o celular, que estava no carregador. O resto, voou tudo — relatou. 

 

Local do acidente era de difícil acesso

Local do acidente era de difícil acesso (Foto: Corpo de Bombeiros / Divulgação)

A espera pelo resgate 

 

A médica passou o domingo dentro do carro. Ela só foi resgatada 29 horas depois do acidente.  

 

— Só rezava para não me deixar morrer sozinha. Tinha medo de morrer sozinha de madrugada. Teve hora que passei muito frio. Também estava com sede, a minha garrafa de água, tudo voou de dentro do carro. Não tinha comida, não tinha nada, parecia uma prova do BBB — disse Mariana. 

 

Ela tentou ligar para a emergência, mas o celular estava fora de área. Também não conseguiu contato com os parentes por aplicativo de mensagens. Ela tentava buzinar e gritar, sem sucesso. Conforme a noite se aproximava, ela começou a ficar preocupada.  

 

— Fiquei com medo de bicho, cobra, de aranha. Estava com todas as janelas abertas, bem no meio do mato. Passei muito frio à noite — relatou. 

 
Médica esperou 29 horas pelo resgate

Médica esperou 29 horas pelo resgate (Foto: Corpo de Bombeiros / Divulgação)

Manhã do resgate 

 

Quando amanheceu, Mariana ela resolveu sair do carro e tentar pedir ajuda.  

 

— Pensei ‘se não me encontraram até agora, devo estar num lugar muito longe’. Passei pro banco do carona. Tive que fazer sete tentativas para sair, sentia muita dor. Na segunda, já estava com dor abdominal, nos braços, com dificuldade de respirar. Subi em cima do capô do carro, fui deslizando, comecei a subir a ribanceira. 

 

— Estava gritando. Ali era uma região que ninguém passava a pé, mas eu não sabia. Um guincheiro estava me procurando e viu o rastro do carro. Quando ele respondeu aos meus gritos, tomei um susto, caí e rolei um pouco no caminho que tinha feito para subir a ribanceira, fiquei presa numa árvore. Ele ligou para os bombeiros. Todo mundo já sabia a minha localização, mas não tinham me encontrado ainda — contou Mariana. 

 

Após ser resgatada pelos socorristas Mariana foi levada ao hospital de Curitibanos, onde mora e trabalha. Ela precisou ficar em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e teve alta em 27 de abril. Agora, a médica está se recuperando em casa. A mãe a ajuda, já que ela ainda sente muita dor. Ela contou que a ficha ainda não caiu em relação ao acidente. 

 

— Ainda parece que não é comigo, parece que não é a minha história que estou contando — disse. 

 

Mesmo diante da gravidade da história que relatou, a bem-humorada médica encontrou espaço para brincar:  

 

— Agora eu vejo a prova do BBB, vejo que eles ficam rodando [em um carrossel]. Mas não tem caco de vidro chovendo neles. Acho que ia me dar bem no Big Brother!


POR: JOANA CALDAS – JORNAL DE SANTA CATARINA / NSC TOTAL / COM INFORMAÇÕES DO G1 SC

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