Rui Car
16/09/2021 15h35 - Atualizado em 16/09/2021 16h57

Morte de criança de Salete alerta para animais peçonhentos em SC

De janeiro a agosto de 2021, SC registrou mais de 3,5 mil acidentes com animais venenosos; a maioria dos casos envolveu picada de aranha

Assistência Familiar Alto Vale
Foto: CiaTox / Divulgação

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A morte do pequeno Brayan Gabriel Duarte dos Santos, de apenas dois anos, após ser picado por um animal peçonhento no município de Salete, acende o alerta para esse tipo de ocorrência no estado. De janeiro a agosto de 2021, o Estado já recebeu mais de 3,5 mil notificações de acidentes com animais venenosos.

 

Os dados são do Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) da Dive/SC (Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina).

 

Os números apontam que a maioria dos acidentes foram registrados entre os meses de janeiro e abril, ou seja, o período mais quente do ano. Janeiro lidera o número de ocorrências, com 857. Até o momento, o mês com o menor registro de acidentes foi julho, com 171.

 

A bióloga Taciana Mara da Silva Seemann, do CIATox (Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Santa Catarina) diz que há uma razão para que tais acidentes aconteçam mais no verão.

 

É o período reprodutivo da maioria das espécies, principalmente, das serpentes. Elas saem mais em busca de parceiros. Se alimentam mais e aumentam o metabolismo. Além disso, as pessoas ficam mais expostas. Circulam em ambientes externos, em trilhas e piqueniques e usam roupas mais frescas”, diz.

 

O animal com mais notificações 

 

O animal que provocou mais acidentes foi a aranha. O Sinam já recebeu 2.422 notificações somente nos primeiros oito meses do ano. Em Santa Catarina, duas aranhas são consideradas peçonhentas: a aranha marrom (Loxosceles sp.) e a chamada armadeira (Phoneutria sp.)

 

Elas são comuns na nossa região. Fazem parte da fauna do Estado. Consequentemente temos mais acidentes com esses animais e eles ocorrem, praticamente, durante o ano todo”, diz Taciana. Na sequência, está a serpente (366), a abelha (361), o escorpião (180), a lagarta (145) e outros (112).

 

No total, foram contabilizadas 3.586 notificações no Estado em 2021. Deste número, até o momento, foram confirmadas nove mortes provocadas por picada de bicho peçonhento.

 

Ocorrências por cidade de SC

 

Durante todo o ano de 2020, Santa Catarina registrou 6.632 acidentes envolvendo animais venenosos, sendo que 4.404 foram com aranhas. Dois óbitos foram notificados e causados por picadas de abelhas na Foz do Rio Itajaí.

 

Naquele ano, a região com o maior número de ocorrências foi o Planalto Norte (925), seguida por Extremo-Oeste (745), Alto Vale do Rio do Peixe (732) e Oeste (635). Em contrapartida, o menor dado se encontra na região do Extremo Sul catarinense, que obteve 110 notificações.

 

Já em 2021, as cinco cidades catarinenses com o maior número de ocorrências envolvendo animais peçonhentos são: Caçador (116); Curitibanos (138); Florianópolis (101); Chapecó (100) e São Miguel do Oeste (90).

 

Em Taió, os números não são altos. A cidade contabiliza uma picada de serpente e 13 de aranha.

 

Clique aqui para ver a lista completa de ocorrências por cidade

 

Como evitar acidentes

 

Taciana Mara da Silva Seemann diz que, de modo geral, a primeira orientação é manter o lixo bem acondicionado porque atrai roedores e insetos que servem de alimento para os animais peçonhentos. O escorpião, por exemplo, se alimenta da barata, enquanto as serpentes comem roedores.

 

Devem-se evitar o acúmulo de entulhos e restos de construção dentro dos terrenos.  Esses materiais, se possível, devem ser acondicionados em lugares altos, pois servem de abrigos para esses animais.

 

Os cuidados com as crianças são os mesmos. Os ambientes devem ser vistoriados e mantidos limpos. A bióloga acrescenta que a entrada de aranhas e escorpiões dentro de casa pode ser evitada cobrindo frestas da casa e ralos.

 

Fui picado, e agora?

 

Taciana explica que, independente do animal peçonhento, a orientação é a mesma: lavar o local da picada apenas com água e sabão e se dirigir ao hospital mais próximo.

 

Nada de fazer torniquetes, cortes no local, usar medicamentos ou substâncias caseiras ou, ainda, tentar sugar o veneno, pois há risco de infecção.

 

Ela complementa que, se possível, capturar o animal. Se houver dificuldade, uma boa fotografia já basta. “A foto auxilia no diagnóstico e agiliza a identificação do agente causador da picada”.

 

Veja o que fazer o que NÃO fazer, segundo o CIATox/SC:

 

O que fazer

 

 – Identifique o animal acima e ligue para o CIATox/SC;

 

 – Guarde o animal (mesmo que estiver morto) para fins de identificação;

 

 – Siga as instruções do plantonista do CIATox/SC, pois para cada situação serão aconselhadas as medidas ou encaminhamentos que você deverá tomar;

 

 – Lavar o local da picada somente com água e sabão;

 

 – Manter o acidentado em repouso. Se a picada tiver ocorrido no pé ou na perna, procurar manter a parte atingida em posição horizontal, evitando que o acidentado ande ou corra;

 

 – Dar água para a vítima beber, desde que seja consciente;

 

 – Levar o acidentado o mais rapidamente possível a um serviço de saúde;

 

 – Se possível, levar o animal consigo no momento do atendimento para identificação.

 

O que não fazer

 

 – Não amarrar o membro acometido. Não fazer torniquete ou garrote, pois isso dificulta a circulação do sangue podendo produzir necrose ou gangrena e não impede o veneno de ser absorvido;

 

 – Não cortar o local da picada. Alguns venenos podem inclusive provocar hemorragias e o corte aumentará a perda de sangue;

 

 -Não chupar o local da picada, pois não se consegue retirar o veneno de organismo após inoculação. A sucção pode piorar as condições do local atingido;

 

 – Não colocar substâncias no local da picada, como folhas, querosene, pó de café, pois elas não impedem que o veneno seja absorvido, pelo contrário, podem provocar infecção;

 

 – Não dar para o acidentado beber querosene, álcool ou outras bebidas, pois estas além de não neutralizarem a ação do veneno, podem causar intoxicações.


POR: BRUNA STROISCH – ND+ / RÁDIO EDUCADORA 90,3 FM

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