Rui Car
22/11/2018 16h10 - Atualizado em 22/11/2018 09h57

Museu de Taió passou por vistoria coordenada pelo Ministério Público

As estratégias foram pensadas após o incêndio que destruiu o Museu Nacional

Assistência Familiar Alto Vale
Assessoria de Imprensa

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Uma força-tarefa envolvendo diversos órgãos relacionados à proteção do patrimônio público fizeram vistorias em 14 museus catarinenses entre os meses de outubro e novembro. A iniciativa faz parte de uma ação nacional e ocorre em 15 estados brasileiros. As estratégias foram pensadas após o incêndio que destruiu o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, no início de setembro.

 

Em Santa Catarina, as vistorias ocorreram em locais registrados no Cadastro Catarinense de Museus. A lista é baseada em levantamento feito pelo Grupo Especial de Defesa do Patrimônio Histórico e Cultural (GPHC), que faz parte do Ministério Público de Santa Catarina.

 

Vistorias em conjunto

As vistorias foram feitas em conjunto com a Fundação Catarinense de Cultura (FCC), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Conselho Regional de Museologia da 5ª Região PR/SC (Corem), Corpo de Bombeiros Militar, GPHC e o promotor de Justiça da comarca onde fica o museu.

 

Três critérios foram observados para que o museu recebesse a força-tarefa: diagnóstico da FCC da precariedade das instalações, qualidade do acervo e número de visitantes.

 

Vistoria no Museu de Taió

O Museu Paleontológico, Arqueológico e Histórico Prefeito Bertoldo Jacobsen de Taió (MUPAH) foi o único localizado no Vale do Itajaí vistoriado pela força-tarefa. A ação foi realizada no último dia 09, sendo participantes da vistoria a promotora de justiça Raísa Carvalho Simões Rolin, a diretora do Museu Marina Feliciano Peicher, o arqueólogo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) Rossano Lopes Bastos, o capitão do Corpo de Bombeiros Arthur Roberto Vogel Filho e o secretário de educação, cultura e esportes João Tadeu Corrêa.

 

Entre os casos que necessitam de melhorias e que foram apontados pelo Ministério Público de Santa Catarina estão o avanço da infiltração em alguns locais da edificação, a criação do Plano Museológico, o quadro técnico de profissionais à disposição do museu, melhorias nas questões de acessibilidade e o Plano de Segurança.

 

Quanto a estes pontos citados no relatório de vistoria o Museu Paleontológico, Arqueológico e Histórico Prefeito Bertoldo Jacobsen vêm a público manifestar-se em relação a atual situação de cada um deles. No que diz respeito às infiltrações, a maior parte delas acontecia devido o fato de que há cerca de três anos o prédio do museu contava com um antigo telhado, que já foi trocado, resolvendo assim esta questão. Atualmente a estrutura conta com apenas duas paredes que ainda sofrem com este problema, porém o museu já está tomando providências para resolver esta questão. Uma das medidas tomadas foi a retirada do jardim que cercava a edificação, sendo o mesmo substituído por pedras.

 

No que diz respeito ao Plano Museológico, o Museu de Taió também torna público que a elaboração do mesmo já vem ocorrendo há cerca de um ano e tem previsão de entrega até o final do ano em curso, respeitando as diretrizes da Lei 11.904/2009, que trata do Estatuto dos Museus. O Museu Paleontológico, Arqueológico e Histórico Prefeito Bertoldo Jacobsen é um dos poucos do Estado de Santa Catarina que tomou a iniciativa de elaboração deste plano. Esta sempre foi uma das preocupações da atual Administração Municipal, juntamente com a direção do museu, que têm focado neste trabalho para que haja um apontamento mais detalhado nas questões de política de aquisições, descarte de acervo, foco do museu, além de outras questões.

 

Já na questão do quadro técnico de profissionais, a Promotoria de Justiça solicita que o Município de Taió contrate por concurso público dois profissionais, sendo eles um museólogo e um historiador. A Prefeitura de Taió também vem a público manifestar-se com o objetivo de esclarecer esta questão. Neste caso este projeto de lei para contratação destes profissionais já se encontra pronto e está aos cuidados do departamento jurídico do Município, não tendo ainda passado por aprovação da Câmara de Vereadores devido as questões orçamentárias da prefeitura para o fim do ano serem por natureza mais escassas, fazendo com que a aprovação deste projeto de lei ocorra durante o ano de 2019. 

 

Um quarto ponto citado no relatório foi a necessidade de verificação da possibilidade de algumas alterações na estrutura no que diz respeito a acessibilidade, tendo em consideração de que o imóvel é tombado pelo Patrimônio Histórico Municipal. Segundo Marina Peicher, diretora do museu “Algumas medidas nesse sentido já vem sendo tomadas pela atual gestão do museu e tiveram início em 2003, quando a edificação passou por uma reforma. Na ocasião foi feita uma rampa de acesso e banheiros adaptados no primeiro piso, que é a área de paleontologia. Qualquer pessoa portadora de deficiência física consegue visitar este primeiro pavimento, porém ainda não temos acessibilidade para os demais pisos, mas conseguimos apresentar aos mesmos todo o acervo através do nosso auditório. Sabemos que esta não é a forma ideal, mas foi o meio momentâneo que encontramos para que também possamos atender a este público”, comenta. O museu tem conhecimento da importância das questões de acessibilidade e estará estudando estas questões.

 

Quanto a sugestão do Plano de Segurança, o Corpo de Bombeiros informou que, em razão do museu ter sido construído antes da lei que exigia este plano, o mesmo não se encontra obrigado legalmente a cumprir tal exigência, porém conta com extintores e placas indicativas, atendendo assim os padrões exigidos pelo próprio Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina. No que diz respeito ao pedido de instalação de sprinkler (chuveiros de água no teto para o caso de incêndios), a questão já passa pelo estudo de um projeto de captação de recursos para a instalação.

 

É muito importante a vistoria dos museus por parte destes órgãos. Pois além de apontar os casos em que há necessidade de melhoria, de certa forma nos auxiliam na busca de recursos e na execução de projetos que melhoram ainda mais nosso atendimento e o ambiente do museu”, conclui Marina.

 

O Museu de Taió

Inaugurado em 18 de dezembro de 2004, o Museu Paleontológico, Arqueológico e Histórico Prefeito Bertoldo Jacobsen é assim nomeado em homenagem ao primeiro prefeito do município. São três unidades de estudo: a Paleontologia, a Arqueologia e a História da Colonização Local.

 

A milhões de anos atrás o mar cobria partes do Sul e do Sudeste brasileiro, estando Taió dentro desse contexto. Com o passar do tempo, sucessivos avanços e recuos do mar, deixaram como herança sedimentos fósseis; que hoje compõe parte do patrimônio natural da cidade. Os fósseis encontrados em Taió são únicos, sendo que somente em Nova Gales do Sul na Austrália são encontrados similares. Os fósseis tem idade aproximada de 280 milhões de anos; e a maior parte encontrada pertence ao grupo dos moluscos, tendo como destaque o Heteropecten catharinae (Reed, 1930), levando esse nome em homenagem ao estado de Santa Catarina. Também são encontrados outros materiais fossilíferos, sendo que alguns ainda estão sendo estudados.

 

A arqueologia se ocupa em estudar os vestígios materiais e culturais dos primeiros habitantes, estando Taió também sendo estudado por vestígios encontrados na região. Em estudos realizados pelo Instituto Anchietano de Pesquisas do Rio Grande do Sul, a mais antiga prova de ocupação humana no estado de Santa Catarina é em Taió. Um sítio arqueológico a céu aberto, encontrado em Taió, está datado de 8.000 anos antes do presente, sendo mais antigo até mesmo que os sambaquis do litoral catarinense. Ao todo estão sendo estudados 26 sítios arqueológicos. Os povos que viviam nesta região faziam parte do grupo dos Jê Meridionais; cujo ainda hoje temos entre eles os Kaigang e Xokleng. O material encontrado em Taió compõe-se basicamente de pontas de projéteis e ferramentas líticas, tendo sua fabricação pelo lascamento o polimento das rochas.

 

O foco principal é o resgate histórico cultural da colonização alemã e italiana do município, esta composta por cerca de 600 doações, entre fotografias e peças que pertenciam a famílias taioenses; tendo como objetivo a preservação da história taioense. O prédio onde hoje está instalado o Museu é uma das poucas e imponentes edificações dos anos de 1930 que resistiu ao tempo. Construída em 1937 para servir de residência à família de Leopoldo Jacobsen, colonizador e comerciante de Taió, a casa chama a atenção pelas linhas tipicamente germânicas, um belíssimo chalé em localização privilegiada no centro de Taió. Ela foi edificada em um terreno naturalmente alto dentro do centro e nunca passou pelo transtorno das enchentes, fator que favoreceu a conservação da estrutura do prédio.

 

Em meados dos anos de 1940 a casa se tornou o primeiro hospital de Taió, que posteriormente teve uma ampliação ao lado, e depois anexada a casa, servindo essa edificação para o mesmo fim. Funcionou como hospital até inicio dos anos 1990, quando o então Hospital São Francisco de Assis interrompe as atividades no local. Toda a estrutura permaneceu sem uso até inicio de 2000, quando a Prefeitura adquiriu a estrutura para no local funcionar a Secretaria de Saúde. Conforme já mencionado, a edificação foi tombada pelo Patrimônio Histórico Municipal neste ano.

 

Museus de SC que foram vistoriados

 

Norte

Museu Histórico Emílio da Silva – Jaraguá do Sul

Museu da Paz – Jaraguá do Sul

Museu Nacional do Mar – São Francisco do Sul

Museu do Patrimônio Histórico de Três Barras – Três Barras

 

Sul

Museu Anita Garibaldi – Laguna

Museu Willy Zumblick – Tubarão

 

Grande Florianópolis

Museu da Imagem e do Som de Santa Catarina – Florianópolis

Museu de Arte de Santa Catarina- Florianópolis

Museu do Homem do Sambaqui Pe. João Alfredo Rohr – Florianópolis

Museu de Armas Major Lara Ribas – Florianópolis

Museu Colonização Prof. Francisco Serafim Guilherme Schaden – São Bonifácio

 

Vale do Itajaí

Museu Paleontológico, Arqueológico e Histórico Prefeito Bertoldo Jacobsen – Taió

 

Serra

Museu Histórico Thiago de Castro – Lages

 

Oeste

Museu Comunitário Almiro Theobaldo Muller – Itapiranga

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