Rui Car
19/08/2023 10h21

Na contramão da alta no Brasil, motoristas acham gasolina a menos de R$ 3 na Argentina

Peso desvalorizado e a inflação em ebulição resultam em vantagens econômicas para quem usa o real como moeda

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Preços dos combustíveis na Argentina (Foto: Diogo de Souza / ND)

Preços dos combustíveis na Argentina (Foto: Diogo de Souza / ND)

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O Brasil ainda tenta digerir o aumento no preço dos combustíveis, assinado pela Petrobras, nessa última semana. A vizinha Argentina, mais uma vez, volta a ser opção para os motoristas que tentam um combustível mais barato. Aliás, bem mais barato.

 

Com uma inflação avassaladora e o peso desvalorizado, a Argentina vê com bons olhos a moeda brasileira. Na última terça-feira (15), a reportagem do Grupo ND esteve em solo argentino e, com um peso cotado a R$ 0,08, viu brasileiros abastecerem a cerca de R$ 2,80 o litro da gasolina.

 

O preço é muito desparelho. Hoje mesmo [terça-feira] a Petrobras confirmou o aumento no combustível que já estava muito caro. Eu prefiro ter todo o trabalho de vir até aqui a Argentina e abastecer meu carro. Com menos de R$ 150 eu encho o meu tanque”, mencionou o comerciante Dalbert Vilela, de 39 anos. 

 

Em um intervalo de três horas, foram 200 abastecimentos sendo que 80 abastecimentos foram brasileiros, 20 uruguaios e os outros 100 argentinos.

 

O litro da gasolina, em média, nos postos de combustíveis da Argentina, município de Paso de los Libres, província de Corrientes, está em 350 mil pesos, o que equivale, (com a conversão da data) a R$ 2,50.

 

Faz muito tempo que eu nem sei que jeito tem a gasolina do Brasil, eu só venho aqui pra encher meu tanque. Me nego a pagar todo o que estão nos cobrando lá”, acrescentou outro brasileiro que foi até o local para abastecer.

 

Inflação explodindo

 

O país vizinho passa por tempos complicados, sobretudo, no aspecto econômico. A situação, que já tinha se complicado no período da pandemia do coronavírus só piorou de lá para cá.

 

O momento é de muita instabilidade já que, em meio a crise econômica, o país vive instantes antes das eleições presidenciais. Em 22 de outubro, haverá o primeiro turno na disputa presidencial, com Massa entre os candidatos. Massa ficou em terceiro lugar nas primárias do último domingo, vencidas por Javier Milei.

 

Também por isso, o país anunciou o congelamento dos preços do diesel e da gasolina, pelo menos, até o dia 31 de outubro.

 

O acordo para o congelamento foi feito pelo ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, que anunciou na noite da quinta-feira (17) um acordo com as refinarias e produtores para congelar os preços dos combustíveis.

 

Concordamos, após um trabalho de entendimento entre as refinarias, os produtores e o Estado, que não haverá mais aumento de combustíveis até 31 de outubro”, afirmou Massa no X (ex-Twitter).

 

O IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Argentina, avançou 6,3% em julho em relação a junho, segundo dados do Indec divulgados nesta terça-feira (15).

 

Com isso, a inflação argentina acumula alta de 60,2% no ano e de 113,4% em 12 meses. Em junho, a inflação tinha subido 6,0% e a taxa anualizada estava em 115,6%.

 

Os preços regulados avançaram 6,7% na comparação mensal e o núcleo da inflação subiu 6,5%.

 

Gasolina em Santa Catarina

 

De acordo com o comunicado da Petrobras, os aumentos empregados estão em 16% na gasolina (+R$ 0,41 por litro) e de 26% no diesel (+R$ 0,78 por litro).

 

Com isso, o preço dos combustíveis já ultrapassa os R$ 6 em Santa Catarina, em alguns lugares, entre eles, a Grande Florianópolis. Essa prática, inclusive, levantou a ação do Procon em cima da prática.

 

O valor, no entanto, ainda não foi atestado pela pesquisa de preços realizada pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), divulgada no sábado (12), onde o preço médio da gasolina comum em Santa Catarina girava em torno de R$ 5,64.

 

Gás de cozinha

 

Outro item atrativo, entre os hermanos, é o gás de cozinha. Se no Brasil o mantimento não baixa da linha dos R$ 100, na Argentina, com R$ 30, é possível adquirir um botijão cheio.

 

Brasileiros buscando economizar

 

Há um mês o ND+ trouxe uma reportagem que, de alguma forma, explica a situação envolvendo a relação dos brasileiros com a economia argentina.

 

A desvalorização do peso argentino também pode tornar a Argentina um destino turístico mais atraente para os brasileiros. Isso porque os brasileiros podem viajar para a Argentina e gastar menos dinheiro do que gastariam em outros países”, explicou a economista Janine Alves, a reportagem.

 

A profissional ainda disse que a desvalorização do peso argentino é um fenômeno recente e é difícil prever como ela vai se desenvolver no futuro. No entanto, é provável que a desvalorização do peso argentino continue a ser vantajosa para os brasileiros que vão fazer compras na Argentina.

 

Fonte: Diogo de Souza / ND+
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