Rui Car
07/12/2020 11h15

Napoleão Bernardes: “Estou me preparando para ser candidato a governador”

Protegido pela discrição de quem não pôde disputar as eleições municipais, Napoleão trabalha para estadualizar seu nome e construir uma candidatura em 2022

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Ex-prefeito explicou por que manteve silêncio na eleição em Blumenau (Foto: Patrick Rodrigues)

Ex-prefeito explicou por que manteve silêncio na eleição em Blumenau (Foto: Patrick Rodrigues)

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Diante da porta do elevador, no oitavo andar de um prédio comercial do bairro Jardim Blumenau, endereço nobre da cidade, Napoleão Bernardes (PSD) antecipa-se para receber os visitantes. O prefeito mais jovem da história do município, que por seis anos teve chefe de gabinete, assessores e secretária à disposição, hoje trabalha sozinho num escritório de 40 metros quadrados com mesa, duas poltronas, uma dúzia de livros de Direito e uma cafeteira. A sacada ampla, que dá para a arborizada Rua Nereu Ramos, compensa a decoração espartana, de quem mudou-se e ainda não teve tempo de deixar tudo como gostaria.

 

Desde junho, Napoleão faz do espaço uma espécie de bunker da carreira política interrompida pela derrota eleitoral em 2018, quando concorreu a vice-governador na chapa de Mauro Mariani (MDB). Protegido pela discrição de quem não pôde disputar as eleições municipais, trabalha para estadualizar seu nome e construir uma candidatura em 2022. Se depender dele, a governador:

 

— Estou me preparando para ser candidato a governador. Muitas lideranças estaduais, do PSD e de vários partidos, têm me incentivado neste sentido. Tenho refletido muito para me preparar firmemente para essa caminhada ao governo. O PSD é um partido de grandes líderes e gente muito boa. Mas eu penso que, na nossa carência de representação de Blumenau e do Vale do Itajaí, a gente precisa retomar o protagonismo.

 

Minutos antes de me receber, na terça-feira (1º), Napoleão falava ao telefone com o presidente estadual do PSD, Milton Hobus, que o informou sobre a decisão do partido de não integrar a segunda temporada do governo Carlos Moisés (PSL), mas de sugerir a eventuais convidados que se licenciem do partido. O blumenauense é um dos cotados a receber contato da Casa da Agronômica. Um cargo de visibilidade estadual encurtaria a distância até a pretensão eleitoral. Afinal, seria possível construir uma candidatura ao governo de dentro do escritório em Blumenau? Depois de pensar por um instante, respondeu:

 

— É, é uma decisão complexa. Mas, dentro das minhas condições e das minhas limitações, tenho transitado o Estado tanto quanto posso. Tenho o idealismo. Quando me prontifiquei a ser candidato a prefeito em 2012, no meu humilde gabinete de vereador, poucos acreditavam que aquilo seria possível. Quem sabe isso possa se repetir em 2022?

 

Confira outros momentos da entrevista:

 

Eleições 2022

 

— No fim de 2018, o Jorge Bornhausen me falou: “Napoleão, a política é um pêndulo. Não sei se em 2020 vai dar tempo, mas em 2022 com certeza o pêndulo vai ter se movido”. Então, o que já se viu em 2020? Foi a eleição da moderação, do equilíbrio. Candidatos que não representavam os extremos foram bem-sucedidos. Olha o grau de reeleição que teve! A experiência administrativa não é mais vista como pecado.

 

Eleição municipal

 

— Tive uma participação muito expressiva na eleição municipal pelo Estado como um todo. Os deputados da região Sul me levaram de cidade em cidade. Depois, com os deputados da região Norte, no Planalto e na Serra, no Alto Vale… Foram 140 cidades com visitas presenciais. Há uma estadualização muito significativa da minha posição.

 

“Fiquei neutro na eleição por uma lealdade partidária. Mas me sinto contemplado na vitória do Mário.”

 

Neutro em Blumenau

 

— Tenho uma relação de harmonia com o prefeito Mário (Hildebrandt), até porque uma boa base da equipe dele foi a equipe dos meus dois governos. Muitas das ações estratégicas a gente desenvolveu em conjunto. O mérito da vitória é dele, mas me sinto corresponsável pelo sucesso das ações. Em relação à coligação em que formalmente o PSD estava, nunca fui convidado a participar, e eu respeito. Quem lidera a eleição são os candidatos. Aí a campanha do prefeito João Paulo Kleinübing (DEM) começou a fazer uma comparação dos oito anos dele com os oito anos subsequentes, dos quais seis são meus. Eles colocavam a foto do João Paulo e os números dele. E colocavam a minha foto com o Mário! Então, fiquei neutro na eleição por uma lealdade partidária. Mas me sinto contemplado na vitória do Mário.

 

Impeachment

 

— Tudo que há de suspeita deve ser investigado e apurado. Agora, como a coisa acabou acontecendo, com idas e vindas, talvez não tenha sido o melhor caminho para o Estado. Mas talvez isso tenha acendido o sinal amarelo para o governador, de que ele tem que atender as pessoas, estar presente nos municípios. Talvez possa surgir um novo governo, mais pró-ativo, em favor do Estado.

 

Cargo no governo Moisés

 

Qual tem sido o meu papel? Percorrer os municípios, levar a mensagem da boa gestão pública, o entusiasmo e a motivação, incentivar talentos para que possam estar na vida pública. A minha participação não é objetivando um cargo, uma posição. Nunca nem fui cogitado, pelo menos sondado não fui, como também nunca cogitei. Nem pretenderia.

 

Covid-19

 

— O Estado tinha que ter sido mais pró-ativo e puxado as rédeas, porque o vírus não tem barreira. Não adianta Blumenau ter uma medida e Indaial ter outra. Tem que ter uma política unificada. Quem tem a visão do todo é o governo do Estado. A meu ver, não é uma questão de número de casos. Qual o indicador principal? O percentual de ocupação de leitos de UTI, porque esse é o que pode levar ao resultado morte.


POR: EVANDRO DE ASSIS – NSC


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