Rui Car
15/02/2017 11h11 - Atualizado em 15/02/2017 09h07

Obra se arrasta na BR-470

Falta de recursos torna o ritmo dos trabalhos de duplicação lento

Assistência Familiar Alto Vale
Jornal Metas

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Desde a assinatura da primeira ordem de serviço, que deu o pontapé inicial para as obras de duplicação da BR-470 já se passaram 1.094 dias. Nesse tempo, os trabalhos atrasaram por falta de repasse de recursos, desapropriações, leis ambientais. Dos quatro lotes licitados, abrangendo cinco cidades do Vale e percorrendo mais de 70 quilômetros, apenas dois estão com frentes de trabalho. O trecho mais adiantando, se é que se  pode afirmar para uma obra que está com atraso no seu cronograma, é o lote 2, justamente em Gaspar. Ainda que as máquinas e um esboço daquilo que virá a ser a nova faixa de rolamento da rodovia apareçam como um sinal de que a obra está andando, a lentidão é igual ou maior às enormes filas de veículos que se formam diariamente na rodovia, principalmente no trecho de Blumenau. 

 

Segundo informações da assessoria de imprensa do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), foram disponibilizados cerca de R$ 116 milhões para a duplicação da BR-470 em 2017. A obra foi inicialmente orçada em R$ 862,7 milhões, mas, a correção inflacionária do período elevou esse valor para R$ 1,074 bilhão. Ou seja, se os recursos repassados pela União seguirem o padrão definido para 2017, com cerca de 10% do valor total da obra disponibilizados anualmente, os moradores do Vale irão assistir mais três Copas do Mundo, duas Olimpíadas e votar mais três vezes para presidente antes de ver a duplicação concluída. 

 

A culpa maior pelo atraso ainda recai sobre a falta de repasse de dinheiro consistente do governo federal, que não descarta privatizar a rodovia antes mesmo da duplicação. Isso sem contar que a cada ano de atraso o valor é reajustado com a inflação, elevando em alguns milhões o custo total da obra. Diferentemente das promessas feitas na época do lançamento da obra, a realidade mostra que os gasparenses estão ainda muito longe de ter qualquer melhoria em relação ao trânsito. 

 

Muito pelo contrário, o tráfego intenso, somado à movimentação de máquinas e homens na rodovia, trouxerem mais transtornos e insegurança para os milhares de motoristas que trafegam pela rodovia diariamente. 

 

Com frentes de trabalho concentrada na entrada dos bairros Margem Esquerda, Arraial, Sertão Verde e Belchior, os moradores tiveram sua rotina alterada com o maquinário dificultando o acesso e criando riscos aos moradores.

 

Mesmo sem uma perspectiva de conclusão breve, o Ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Maurício Quintella Lessa, em sua recente visita ao estado, no fim de janeiro, definiu, juntamente com as empresas responsáveis, os trechos prioritários para aplicação dos recursos disponibilizados na LOA – Lei Orçamentária Anual – 2017. Para o lote 1, o ministro disse ter o desejo de concentrar os esforços no trecho do Porto de Navegantes à BR-101. Já no lote 2, de responsabilidade do consórcio Ivaí/Sotepa, a meta é finalizar cerca 12 km de um total de 26 km, até o final de 2018. Sendo que a colocação da camada asfáltica está prevista para ser iniciada em março.

 

Com relação aos lotes 3 e 4, ainda segundo a Superintendência Regional do DNIT em Santa Catarina, o objetivo é, juntamente com o Fórum Parlamentar Catarinense, assegurar recursos para que novos mutirões de desapropriações de áreas sejam realizados ainda este ano, tornando possível a abertura de frentes de trabalhos. De R$ 450 milhões necessários para a obra e desapropriações, apenas R$ 90 milhões estão previstos no Projeto de Lei Orçamentária deste ano. Ao todo, somando-se os quatro lotes, são necessárias 1.442 desapropriações de áreas.

 

Enquanto aguarda-se um maior comprometimento dos governos e órgãos envolvidos na obra, os moradores do Vale do Itajaí terão que continuar convivendo por mais tempo com a insegurança e incertezas ao trafegar por uma das mais perigosas rodovias do estado. Foram necessários 20 anos para que a duplicação fosse assinada, agora, espera-se que não sejam necessários outros 20 para que o apelo de milhares de pessoas vire realidade.

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