Rui Car
09/06/2021 15h41

Petrolândia é a única cidade do país com clima acirrado de eleição municipal fora de época

Pela primeira vez um pleito suplementar no país será acompanhado por observadores internacionais

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Eleitores de Petrolândia vão escolher os novos prefeito e vice (Foto: Diorgenes Pandini / DC)

Eleitores de Petrolândia vão escolher os novos prefeito e vice (Foto: Diorgenes Pandini / DC)

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Dizem por aí que o Brasil só pensa nas eleições de 2022. Mas pelo menos 5,1 mil eleitores catarinenses estão com a cabeça num pleito que ocorre bem mais próximo, daqui a alguns dias, no domingo, 13. São os votantes de Petrolândia que vão escolher os novos prefeito e vice.

 

O Tribunal Regional Eleitoral tomou a decisão porque a chapa mais votada nas eleições municipais de 2020, formada por Rogério Domingos e Selmo Klauberg e que conquistou 2.327 votos, concorreu “sem apresentar documento comprovando a inexistência de processos contra eles no Tribunal de Justiça, dentro do prazo estabelecido pela legislação”. 

 

Os dois ex-candidatos desistiram desta eleição. Mas o clima da disputa está nas ruas do município localizado a 180 quilômetros da capital Florianópolis, que tem 6 mil moradores e economia baseada no cultivo do fumo e da cebola. Desde o pórtico de entrada da cidade, o que se vê são bandeiras dos partidos nas casas e nos veículos e a propaganda dos candidatos. 

 

— Tem gente que acha ruim ter nova eleição, ainda mais com a pandemia. Mas se decidiram assim, a gente vai e vota de novo — conta Valdemar da Silva, o Tite. 

 

Com 17 anos, Yasmin Macedo, também está decidida a comparecer na seção eleitoral no domingo.

 

— Vou repetir o meu voto — conta a estudante. 

 

Para o casal Jose e Silvio Sérgio Vieira, moradores da localidade de Serra Grande é uma nova oportunidade: 

 

— A gente tinha uma expectativa que não aconteceu. Por isso, decidimos apostar em outra dupla. 

 

Eleições em Petrolândia acontecem no domingo (13)

Eleições em Petrolândia acontecem no próximo domingo (Foto: Diorgenes Pandini / DC)

Medo da abstenção reforça campanha com eleitor distante  

 

São três as chapas concorrentes: Edson Padilha e Amarildo Custodio pelo Podemos (PODE), Angela Adriana Krindges da Mota e Jair Neto pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), e Irone Duarte e Egon Weber pela Coligação “Por Nossa Terra, Por Nossa Gente” (PP/PSD). 

 

Neste período o município foi administrado pela vice-presidente da Câmara Municipal, Angela Adriana da Krindges da Mota, conhecida como Hiti, e uma das concorrentes. Esta eleição suplementar não altera a escolha de vereadores de 2020. 

 

Apesar do clima das ruas, os candidatos estão preocupados com a possibilidade de abstenção ser maior do que na eleição de 2020, e que chegou a 10,40%. Por isso, nas últimas horas a busca tem sido por eleitores que residem fora do município e também por aqueles das comunidades mais distantes da cidade. Neste caso, dizem os militantes, a internet tem sido grande aliada. 

 

— Estamos em contato direto pelos grupos e mostrando para o eleitor que mora fora do município que não adianta não transferir o título e ficar omisso do processo — conta um dos responsáveis por uma das candidaturas.

 

Eleições em Petrolândia acontecem no domingo (13)

Eleições em Petrolândia acontecem no próximo domingo (Foto: Diorgenes Pandini / DC)

Disputa com observadores estrangeiros 

 

Além de ocorrer seis meses após o começo das novas administrações municipais, a disputa tem um diferencial. Pela primeira vez um pleito suplementar no país será acompanhado por observadores internacionais integrantes das Organizações Não Governamentais (ONGs), Transparencia Electoral e Conferencia Americana de Organismos Electorales Subnacionales por la Transparencia Electoral (Caoeste). 

 

Além disso, observadores brasileiros devem chegar em Santa Catarina nesta quinta-feira (10), enviados dos Estados Unidos, Cuba, Venezuela e El Salvador. Conforme o TRE catarinense, por causa de problemas no voo os dois observadores argentinos não puderam viajar. 

 

Auditoria de urnas para testar confiabilidade

 

De acordo com o TRE, duas urnas eletrônicas serão auditadas, sendo uma submetida à auditoria de verificação da autenticidade e integridade dos sistemas instalados e a outra à auditoria de funcionamento em condições normais de uso. 

 

É a primeira vez que esse tipo de procedimento acontece no país em uma eleição suplementar municipal. O sorteio das urnas será às 15h de sábado no Colégio Estadual Hermes Fontes, por meio de um evento público. 

 

No domingo, antes do pleito se iniciar, na seção eleitoral onde se encontra uma das urnas sorteadas será verificado se as assinaturas digitais dos sistemas lacrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em outubro do ano passado, conferem com as assinaturas constantes na urna auditada. 

 

Já durante a votação oficial que acontece das 7h às 17h, os votos computados em cédulas de papel no sábado em votação simulada serão registrados na outra urna sorteada para essa finalidade e, paralelamente, em um computador à parte. 

 

Ao final, será feita a comparação dos dois resultados: o da apuração por meio do boletim da urna eletrônica e o da soma dos votos das cédulas de papel. O objetivo é comprovar que não houve adulteração, subtração ou acréscimo na votação eletrônica. Ainda que não estejam com a cabeça nas eleições de 2022, os eleitores da pequena cidade catarinense têm a oportunidade de mostrar que o processo eletrônico é confiável.


POR: ÂNGELA BASTOS – JORNAL DE SANTA CATARINA / NSC TOTAL

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