Rui Car
25/05/2020 09h21

Prefeito natural de Mirim Doce rebate comentário xenofóbico: “cidade construída por pessoas de fora”

Uma pessoa que acompanhava a transmissão escreveu que não concordava que o “pessoal de fora tira as vagas de trabalho do povo”

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Foto: Patrick Rodrigues / NSC / Arquivo

Foto: Patrick Rodrigues / NSC / Arquivo

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Além dos milhares de mortos, o desemprego em massa é uma das consequências trágicas da Covid-19, e a frustração provocada pela escassez de vagas de trabalho em tempos tão difíceis, embora compreensível, pode aflorar sentimentos nem um pouco nobres do comportamento humano — para os quais não há justificativa. As informações são do NSC.

 

Como tem sido praxe desde que começou a prestar contas sobre as ações de enfrentamento à pandemia em Blumenau, o prefeito Mario Hildebrandt esclarecia dúvidas de jornalistas e da comunidade nas redes sociais na noite desta quinta-feira (21) quando, já no final da apresentação, foi instigado a responder um comentário inóspito.

 

Uma pessoa que acompanhava a transmissão escreveu que não concordava que o “pessoal de fora tire as vagas de trabalho do povo blumenauense”, sugerindo que, nestes casos, deveria haver seleção e prioridade para quem é nato da cidade. Esqueceu-se ela, ou talvez não tenha se dado conta na hora, que Blumenau surgiu das mãos de imigrantes, o que Hildebrandt, em tom ameno, mas firme, fez questão de ressaltar:

 

— Blumenau existe porque ela foi construída por pessoas que vieram de fora.

 

A inadequada colocação, felizmente repreendida por outros internautas, ofende não apenas o prefeito, que é natural de Mirim Doce, mas também milhares de pessoas de outros lugares que pelos mais variados motivos adotaram a cidade, aqui se estabeleceram e criaram raízes, contribuíram para o seu desenvolvimento e se sentem tão blumenauenses quanto os nativos, como complementou Hildebrandt.

 

A intervenção foi simbólica e, por isso mesmo, merece ser repercutida. Passar pano para manifestação de preconceito – e, neste caso, também de xenofobia – não pode mais ser uma opção tolerável. Gestores públicos, que estão na vitrine e muitas vezes servem de espelho para a sociedade, têm o compromisso moral de combater qualquer discurso segregatório, ele sendo isolado ou não. Pena que muitos ainda não pensem assim.

 

Fonte: NSC Total

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