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A Dive/SC (Diretoria de Vigilância Sanitária) realizou um levantamento e apurou que 277 cidades catarinenses aplicaram doses “erradas” de vacina contra a Covid-19 em adolescentes. Isso corresponde a 93,4% dos municípios do estado.
O Ministério da Saúde expôs, na última quinta-feira (16), que 797 adolescentes em Santa Catarina receberam doses de fabricantes que não têm aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para esta faixa etária. O Estado corre para investigar a causa dos erros.
Na coletiva de imprensa concedida na última semana pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a informação de equívocos de aplicação – doses diferentes da Pfizer – foi um dos motivos justificados pela pasta para pedir a suspensão da vacinação de adolescentes sem comorbidades no Brasil.
Mesmo assim, junto com outros estados, Santa Catarina optou por manter a imunização de todos o público de 12 a 17 anos.
Segundo as informações da Dive sobre a apuração dos erros de aplicação de doses no Estado, a área técnica da diretoria encaminhou um ofício na última sexta-feira (17) para que os municípios fizessem uma conferência das informações.
“A orientação é que a correção dos dados seja feita de forma célere. Os municípios vão verificar se houve aplicação indevida mesmo ou erro de registro, por exemplo”, diz a nota emitida pela Dive. A lista dos municípios que aplicaram doses erradas ainda não foi divulgada.
A ideia é que os dados sejam validados rapidamente e, caso tenha algum problema, ele seja reportado a Diretoria de Vigilância Epidemiológica.
De acordo com o presidente do Cosems/SC (Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Santa Catarina), Daisson Trevisol, a indicação para todos os municípios catarinenses neste momento é para que todos verifiquem se houve erro no sistema.
“Demora para conferir”, garantiu. Ainda não há uma confirmação se haverá uma busca ativa em quem possa ter recebido a dose da marca que não possui o aval da Anvisa. Para evitar novos erros, Trevisol afirma que os municípios devem passar a ter mais atenção a partir de agora.
Vacina contra Covid-19 é segura e eficaz em adolescentes?
A maior parte das secretarias estaduais de Saúde, incluso a de Santa Catarina, optou por manter o calendário por conta dos estudos de eficácia, mesmo depois do pedido de suspensão feito pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
O próprio Queiroga chegou a voltar atrás da decisão, nesta segunda-feira (20). A decisão de continuar com a aplicação de doses da Pfizer nesta faixa etária é certeira, segundo os estudos científicos.
“Tivemos relato de apenas um caso grave no Brasil, que foi comprovado não ter relação com a vacina. Os efeitos adversos que preocupam são tão pouco frequentes que são difíceis de calcular – é menor que 0,005%”, diz o biomédico e infectologia Jefferson Russo Victor, que também é professor de medicina na Unisa (Universidade de Santo Amaro).
A Anvisa liberou apenas o imunizante da Pfizer para adolescente de 12 a 17 anos. Até o último dia 15, o órgão recebeu 32 notificação de efeitos adversos relacionados a Pfizer a serem investigados em um universo de milhões de vacinados.
Nos Estados Unidos, quase metade deste grupo já tinha tomado a primeira dose nos Estados Unidos até o fim de julho. Um terço já completara o esquema vacinal.
Para a liberação do imunizante, dois estudos foram apresentados pela farmacêutica publicados nos dias 11 de dezembro de 2020 (referente aos jovens com mais de 16 anos), e em 10 de maio (com resultados da aplicação entre adolescentes de 12 a 15).
A conclusão é que os benefícios são bem maiores que os riscos potenciais. Somente nesta última pesquisa, 2260 participantes foram observados.
Destes 1132 foram de fato vacinados e outros 1129 receberam placebo – a escolha foi feita de forma aleatória. Foi constatado que a eficácia da vacina e a produção de anticorpos é tão alta como a registrada em adultos.