Rui Car
03/04/2020 10h37

Recessão econômica preocupa trabalhadores autônomos no Ato Vale

De acordo com economista, retrocesso econômico deve atingir pico só após retomada das atividades

Assistência Familiar Alto Vale
Delta Ativa

pandemia do coronavírus tem preocupado muitos trabalhadores autônomos no Alto Vale, e o contágio não é o motivo principal dessa angústia, já que na região, não há casos confirmados da Covid-19. O que tem incomodado os trabalhadores informais, é justamente a paralisação das atividades, circunstância que segundo eles mesmos pode gerar uma crise econômica devastadora.

 

liberação de algumas atividades não tem diminuído a preocupação dos autônomos, como relata o pintor, Jeferson Adair Bruder.

 

“Entendo as medidas de prevenção, mas o trabalhador que recebe por dia, está parado quase três semanas sem receber “, disse. “As contas vencem e o auxílio do governo não será o bastante”, completou.

 

De acordo com a cabeleireira Gisele Mackoviak, a principal dificuldade é de se manter em meio a pandemia e as restrições do Governo.

 

“Sem trabalhar você não recebe e sem receber não há como manter as despesas”, enfatiza.

 

Com o objetivo complementar a renda da população, o presidente Jair Bolsonaro, sancionou nesta quarta-feira, 1º de abril, a lei que estabelece um auxílio de R$ 600 mensais, por três meses, aos trabalhadores informais. Entretanto, de acordo com o economista Luiz Alberto Neves, o impacto econômico deve ser sentido após a quarentena.

 

“Estávamos dando os primeiros passos para sair de uma recessão econômica, que foi desenhada devido à má gestão dos governos anteriores e agora a situação se torna ainda pior”, pontuou.

 

Conforme Neves, com o fechamento do comércio e da indústria o dinheiro fica retido e não tem circulação, o que impede geração de recurso, sobretudo para trabalhadores informais.

 

“As coisas na economia, funcionam como um efeito dominó, alguém recebe aqui e gasta ali, e esse dinheiro vira renda para alguém”, explica.

 

Além do auxílio de R$ 600 reais, o Governo irá antecipar o 13º dos aposentados e pensionistas. O valor total que será injetado na economia beira os R$ 46 bilhões. De acordo com o economista, neste momento, os incentivos liberados pelo Governo tem o objetivo de garantir uma renda a uma parcela da população.

 

“Mas pra que essas pessoas possam gastar esses recursos é preciso que o comércio esteja aberto”, analisa.

 

Impactos da pandemia

 

Analistas do mercado financeiro já estão prevendo recessão econômica no Brasil devido ao avanço do novo coronavírus. A projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 é de -0,48%. Na semana passada, a estimativa era de crescimento na casa do 1,48%.

 

Os desafios provocados pela pandemia e as medidas necessárias para evitar sua propagação, como o distanciamento social e fechamento de setores não essenciais,seguindo recomendação de autoridades de saúde, como a própria Organização Munidal da Saúde (OMS) –, já impactam a economia global, o que o mercado financeiro também prevê que ocorrerá no Brasil. Os dados estão no Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (30) pelo Banco Central.

 

Esta foi a sétima vez consecutiva que economistas revisaram o PIB. No início do ano, os especialistas estimavam crescimento na casa dos 2,3%. Na semana passada, o Banco Central revisou a estimativa, com um PIB estagnado em 2020. A previsão atual do Ministério da Economia também é de economia parada, de 0,02% neste ano.

 

A recessão do PIB brasileiro não ocorre desde 2016, ano do impeachment de Dilma Rousseff, quando o PIB caiu 3,3%. Nos últimos três anos, o crescimento tem sido na casa de 1%, sendo 1,3% em 2017 e 2018 e 1,1% no ano passado.

 

Reportagem: Jorge Matias/DAV

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