Rui Car
04/04/2024 13h43 - Atualizado em 05/04/2024 08h05

Residente em Rio do Sul, “Mexicano da Lamborghini” é procurado por esquema de pirâmide com criptomoeda

Polícia Federal cumpriu mandados de prisão e de buscas nesta quinta-feira (4)

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Operação ocorre em quatro estados brasileiros (Foto: Divulgação)

Operação ocorre em quatro estados brasileiros (Foto: Divulgação)

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O empresário mexicano Jorge Antonio Fernández Garcia, conhecido por supostamente querer implantar uma fábrica da Lamborghini em Santa Catarina, é alvo de um mandado de prisão da Polícia Federal. Agentes estiveram na casa dele, em Rio do Sul, na manhã desta quinta-feira (4). Ele não foi encontrado e passa a ser considerado foragido. No imóvel, foram recolhidos, com autorização judicial, documentos que devem ajudar nas investigações.

 

Garcia é investigado por ter criado uma criptomoeda usando o nome da fabricante italiana de carros de luxo, a qual nega qualquer relação com o mexicano. Ele teria se associado a empresas de investimento que atuavam com pirâmides financeiras. O grupo usava a figura do “integrante da Lamborghini” para atrair mais investidores, mesmo cientes de que empresário não representaria a montadora.

 

O número de vítimas e o valor dos prejuízos aos investidores ainda é apurado.

 

Garcia não é o único na mira da Polícia Federal. Os agentes também cumpriram mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão nas cidades de Itapetininga (SP), Campinas (SP), Cabo de Santo Agostinho (PE), Paulista (PE) e Belmonte (BA), onde estão sediadas as empresas parceiras do mexicano no esquema. A PF ainda solicitou o bloqueio de bens de nove pessoas físicas e seis jurídicas.

 

A operação foi batizada de Second Place, que significa, em português, segundo lugar. Os delitos investigados são associação criminosa, crimes contra o sistema financeiro nacional, estelionato, fraude com utilização de ativos virtuais, valores mobiliários ou ativos financeiros, e evasão de divisas. As penas para esses crimes, se somadas, podem chegar a 21 anos de prisão.

 

Origem da investigação

 

As investigações que levaram à ação desta quinta-feira (4) tiveram início a partir da Operação Technikós, deflagrada em setembro de 2022. A apuração aponta que Garcia, além de comercializar indevidamente produtos da marca Lamborghini, também participou do projeto de criação de uma criptomoeda relacionada a essa mesma empresa.

 

Depois, o homem se associou a criminosos de outros estados envolvidos em pirâmides financeiras e movimentações de capital sem a autorização do Banco Central ou da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A Polícia Federal cita que o investigado já possui uma condenação transitada em julgado nos Estados Unidos, em junho de 2020, por falsificação de contrato e assinatura falsa, tendo sido condenado a pagar a quantia de 6 milhões de dólares.

 

Saia-justa

 

O empresário chegou a participar de uma reunião, em 2021, com o governo do Estado para tratar da instalação de uma fábrica da Lamborghini no Estado. Na época, as autoridades locais divulgaram o encontro com a impressão de estar tratando com a montadora italiana. Após a informação circular na internet, começou a repercussão sobre não ser, de fato, a empresa famosa por carros de luxo e isso gerou saia-justa, como mostrou a jornalista Dagmara Spautz.

 

Garcia se apresenta como da Lamborghini Latinoamérica, mas o uso do nome está na Justiça. Em resumo, a Volkswagen, que adquiriu a Lamborghini em 1998, questiona o uso da marca por outra empresa. Em 2018, uma nota da montadora, publicada pelo portal Uol, dizia que a Lamborghini não tem negócios relacionados com entidades na América Latina e que estava processando os representantes da Latinoamérica.

 

À época, o governo do Estado chegou a apagar as fotos e a reportagem que fala sobre o encontro com os supostos integrantes da Lamborghini.

 

Fonte: Talita Catie / Jornal de Santa Catarina / NSC Total
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