Foto: Aires Mariga / Epagri
O alho, ingrediente presente na cozinha de muitos brasileiros, não só deixa a comida mais saborosa, como movimenta a economia catarinense. Atualmente, o Estado é o terceiro maior produtor de alho do país, produto rico em propriedades medicinais e nutricionais importantes para a saúde.
Na safra de 2001/2002, por exemplo, a colheita chegou perto de 20 mil toneladas nos mais de 1.800 hectares plantados. Essa produtividade injetou R$ 143 milhões em nossa economia. Por ser uma cultura de inverno, a base da produção do alho Catarinense está na região do planalto onde o clima é mais propício. Curitibanos, Frei Rogério, Fraiburgo e Lebon Régis lideram o cultivo.
A maioria das produções catarinenses funciona em pequenas e médias propriedades, tendo como principal característica a agricultura familiar, uma cultura que gera renda e mão de obra. Estima-se que para cada hectare plantado de alho são gerados quatro empregos diretos e outros quatro indiretos.
Produção que vem de muitas décadas
Uma das cidades que mais se destacam na produção é Frei Rogério. Nela, a produção do alho roxo nobre já é uma tradição que percorre décadas, desde 1970 até os dias de hoje.
Foi na cidade que a COOPAR, Cooperativa Regional de Agropecuária do Meio-oeste Catarinense foi fundada, voltada para a produção e o beneficiamento do alho roxo nobre – alimento com uma composição única, que contribui consideravelmente com a saúde de muitos brasileiros.
Atualmente, a cooperativa conta com 192 cooperados que plantam cerca de 250 hectares, quase 50% do município. E todas essas características únicas do alho roxo nobre auxiliam na produtividade de vários trabalhos de pesquisas realizados pela Universidade Federal de Santa Catarina.
Mais tecnologia, mais produtividade
Vários trabalhos de pesquisa já estão sendo realizados sobre a produção de alho. O professor Leocir José Welter é especialista na genética de alho e no melhoramento desse tipo de planta. Ele está desenvolvendo um projeto financiado pela FAPESC e Sebrae, por meio do programa Sebraetec, em parceria com produtores de agro da região, da cooperativa e da Epagri, tudo para obter mais produtividade.
O professor explica que o projeto envolve a seleção clonal do alho. Os alhos clonais, são plantados por produtores da região de Frei Rogério há muito tempo. E o que a equipe de pesquisadores fez foi visitar as propriedades para fazer uma seleção das melhores plantas na lavoura.
A equipe foi até os produtores e selecionou as 100 melhores plantas em cada uma deles. O bulbo foi processado e analisado em detalhe, e elas foram plantadas em uma outra lavoura. Cada bulbo dá origem a uma linha, gerando “famílias”. Depois é importante observar essas famílias para entender qual delas têm um desempenho superior. Com isso, é possível selecionar as melhores e criar um novo material a partir de um único bulbo e um novo clone que o produtor possa cultivar e que será analisado em um período de quatro a cinco anos.
“Aí sim, esse material é multiplicado eu retorno ao produtor então para plantar uma variedade nova que foi selecionada a partir desse processo que a seleção clonal individual”, completa o professor. Esse é um grande exemplo de tecnologia e cooperação a serviço do campo. Os laboratórios têm sido essenciais para a cadeia produtiva do alho. É neles que são realizados os estudos que possibilitam a melhoria da produtividade, e os números não mentem: estamos crescendo e ganhando cada vez mais qualidade.
O alho em Santa Catarina é considerado o melhor do país graças ao manejo correto, à assistência técnica e, finalmente, à pesquisa. O melhoramento dessa hortaliça é estudado em vários centros de pesquisa do Estado, como nos laboratórios da Universidade Federal de Curitibanos.
O Centro de Química pesquisa as propriedades do alho produzido na região do planalto, em busca do selo de indicação geográfica dessa planta. Uma investigação minuciosa que, entre outras coisas, mantém as mudas do alho in vitro livre de doenças
Essas análises, além de atestar a qualidade do alho, também auxiliam na busca da conquista do selo de Indicação Geográfica, por isso possuem métodos bem definidos.
Segundo Cristian Soldi, professor de química da UFSC, no processo de indicação geográfica do alho é necessário mostrar que a qualidade do alho produzida na região está essencialmente relacionada com o ambiente e com os métodos de produção. Dessa forma é necessário analisar a qualidade do alho e relacioná-lo ao processo de cura, uma particularidade da região. Depois de curado, o alho vai para uma cura em um galpão aberto e, em uma segunda etapa, ele é comparado com os alhos de outras regiões produtoras.
“A gente vem percebendo que o nosso alho, aqui da região do planalto catarinense , tem alguns parâmetros que são de melhor qualidade ou tão bom quanto os outros alhos produzidos em outras regiões”, explica.
Alho é sabor e saúde
Todo mundo tem uma receita de alho diante de um resfriado ou baixa imunidade, mas nem todo mundo sabe exatamente o porquê que o consumo de Alho elimina as bactérias do nosso organismo e traz muitos outros benefícios, além de claro, temperar nossos alimentos.
Você sabia que o brasileiro consome um quilo e meio de alho por ano? Ele é um dos temperos básicos da nossa culinária e contém arginina, aminoácido que atua como um vasodilatador, ajudando a reduzir a pressão arterial. Além disso, ele também possui alicina, que ajuda a reduzir o teor de LDL, conhecido como colesterol ruim, triglicerídeos e, também, a redução de formação de placas de ateroma.
Inclusive, o alho tem sido cada vez mais estudado para melhoria da saúde cardiovascular no geral. Ele também possui propriedade antifúngica antimicrobiana e por isso é tão usado para imunidade. Sabe aquele famoso chá de alho, que as nossas avós nos ensinaram? Muitas pessoas ainda utilizam até hoje e é verdade que os benefícios do alho são ainda mais aproveitados junto com o ácido. Então o chá de alho com limão é muito benéfico para a imunidade.
Fonte: Branded Studio / Agro, Saúde, Cooperação / ND+
