Rui Car
02/12/2020 10h59 - Atualizado em 02/12/2020 11h41

Santa Catarina tem a maior taxa de ocupação de leitos para Covid do país

Levantamento aponta que Estado tem 85% de ocupação de UTIs de hospitais da rede pública e/ou privada

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Leitos de enfermaria do Hospital Regional de Araranguá (Foto: Imas/Divulgaçã)

Leitos de enfermaria do Hospital Regional de Araranguá (Foto: Imas/Divulgaçã)

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Santa Catarina é o Estado com a maior taxa de ocupação de leitos de UTI dedicados a Covid-19 no Brasil. O Estado lidera a lista com 85% da ocupação. Os números do levantamento feito pelo Metrópoles apontam os locais onde a lotação é superior a 80%, ou seja, onde é indicado alto risco de colapso no sistema de saúde.

 

A pesquisa, feita com base nos boletins epidemiológicos divulgados diariamente pelas secretarias de Saúde e em dados registrados em painéis, engloba os leitos de UTI de hospitais da rede pública e/ou privada.

 

Números dos leitos de UTI Covid-19 no Brasil indicam Santa Catarina no topo da taxa de ocupação

Leitos ocupados no país (Foto: Reprodução/Metrópoles)

Conforme dados do governo, Santa Catarina tem 704 leitos de UTI do SUS (Sistema Único de Saúde) para Covid-19 ativos, sendo que estão 610 ocupados.

 

Mapa mostra os números da ocupação dos leitos de Covid-19 em Santa Catarina

Taxa de ocupação de leitos de UTI para Covid do SUS em SC (Foto: Reprodução/SES)

 

Além de Santa Catarina, aparecem na lista o Paraná (84%), Pernambuco (84%), Espírito Santo (82%), Rio de Janeiro (81%), e Rio Grande do Sul (80%).

 

Os números foram obtidos em levantamento junto às secretarias de Saúde das 27 unidades federativas. Os dados foram atualizados pelas pastas entre sexta-feira (27) e terça-feira (01).

 

Panorama

 

Santa Catarina ultrapassou o Rio de Janeiro e se tornou o quarto Estado com mais pacientes diagnosticados com coronavírus no acumulado, desde o início da pandemia. Está atrás apenas de São Paulo (1.250.590 casos), Minas Gerais (419.655) e Bahia (406.189). Nesta terça-feira, a SES (Secretaria de Estado da Saúde) informou 372.545 casos confirmados de Covid-19.

 

Movimento de pessoas no Centro de Florianópolis

Centro de Florianópolis lotado durante dia de semana (Foto: Reprodução/SSP)

 

O panorama mostra a gravidade da atual situação em meio ao temor de que o país esteja no limiar (ou já tenha entrado) na chamada “segunda onda” – termo que não tem sido usado por especialistas – da pandemia. Os números de casos e de mortes voltaram a crescer no território nacional.

 

Para comparação, boletim publicado na última quinta-feira (26) pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), com dados de 8 a 21 de novembro, informava que apenas dois Estados tinham taxa de ocupação crítica nas UTIs para Covid-19.

 

Eram eles: Amazonas (86%), que apresentou queda – hoje a ocupação é de 73% – e passou a ser considerado como de risco médio, e Espírito Santo (85%), que viu a taxa abaixar apenas dois pontos percentuais.

 

Os outros cinco Estados que passaram a fazer parte do grupo de risco crítico, ou seja, com taxa de ocupação de leitos de UTI para pacientes com Covid-19 maior que 80%, já beiravam o limite de gravidade.

 

Flexibilizações e aumento de casos

 

O consultor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) Leonardo Weissmann avalia que o aumento da ocupação de leitos de UTI se deve, sobretudo, ao relaxamento de medidas restritivas tomadas por gestores locais.

 

“Normas de flexibilização de atividades deram a impressão de que não existia mais pandemia, mas o vírus continua circulando entre nós e, devido ao relaxamento, com maior velocidade, propagando-se cada vez mais”, frisa.

 

O especialista explica também que muitos dos leitos de enfermaria e de terapia intensiva, que eram destinados anteriormente à Covid-19 nos hospitais, foram liberados para o uso de pacientes com outras doenças.

 

“Com a ocupação crítica e o número de casos confirmados aumentando, corre-se o risco de um colapso do sistema de saúde”, complementa Leonardo Weissmann, em conversa com o Metrópoles.

 

Segunda onda

 

“Não existe ‘segunda onda’ no Brasil. Há uma falsa sensação de que a coisa aquietou aqui, mas nunca houve controle da pandemia, apenas uma pequena queda. Lá na Europa sim: o vírus parou de circular”, sintetiza Weissmann.

 

O diretor científico reforça a necessidade de governos tomarem medidas restritivas em relação à pandemia e de as pessoas se policiarem cada vez mais, como evitar sair de casa, sobretudo para locais com aglomerações, por exemplo.

 

“A solução é complexa, mas ajuda muito a restrição da circulação das pessoas. E só a máscara não resolve também. Não adianta ficar em um bolo de gente, todo mundo de máscara, pois o vírus vai continuar circulando”, afirma.


POR: TÁCIO LORRAN – METRÓPOLES / VIA: ND+


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