Rui Car
20/03/2017 14h00 - Atualizado em 20/03/2017 10h29

Sob ameaça de importadores, entidades do Estado tentam conter efeito da Operação Carne Fraca

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Dois dias após o estouro da Operação Carne Fraca, que investiga esquema de pagamento de propinas a auditores fiscais agropecuários para liberação de carnes impróprias para o consumo, entidades de Santa Catarina tentam frear o impacto do escândalo nacional nas exportações catarinenses. De acordo com o setor no Estado, importadores acenaram no fim de semana para a possibilidade de suspender contratos no país.

 

– É bem provável que ocorra cancelamentos de alguns contratos, pois ouvimos comentários dos representantes das empresas compradoras da China cogitando cancelamentos. Mas não há nada oficial – afirmou o diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados (Sidicarnes), Ricardo Gouvêa.

 

Segundo ele, há um esforço para esclarecer a situação. Atualmente, SC é o maior exportador de frango e de carne suína do país. No primeiro bimestre, registrou crescimento de 23% no valor dos embarques ao exterior, o primeiro aumento para o período após dois anos de queda consecutiva.

 

O presidente da Associação Catarinense de Avicultura (Acav), José Antônio Ribas Júnior, também confirmou que há informações circulando.

 

– Há comentários de representantes de tradings (intermediários entre fabricantes e compradores), mas temos que nos concentrar nos canais oficiais, pois há outros interesses em jogo – afirmou Ribas.

 

Para o presidente da Acav, com esse tumulto no mercado, há empresas que podem usar esse escândalo para barganhar preço. Ele afirma que o objetivo agora é esclarecer para os compradores que a operação da Polícia Federal é algo pontual e que apenas três frigoríficos foram interditados em um universo de 5 mil no país.

 

– Temos que trabalhar para que não haja uma decisão governamental dos países importadores em fechar as compras, pois daí fecha para todos – diz Ribas.

 

O governador Raimundo Colombo se reúne na tarde de hoje com representantes do Ministério da Agricultura, membros do governo e entidades da agroindústria catarinense. Segundo Gouvêa, o encontro deve focar nas consequências da investigação sobre a cadeira produtiva no Estado, como a estabilidade dos produtores, funcionários das empresas e transportadoras. Ontem, o governador se encontrou com secretários para avaliar o impacto da crise.

 

Mercados de China e Russia ameaçados

 

O secretário da Agricultura de Santa Catarina, Moacir Sopelsa, diz que o Estado deve ser o mais prejudicado com a situação pela importância que o agronegócio representa a SC:

 

– Vamos sentir o impacto disso.

 

O presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos, Losivânio de Lorenzi, acrescenta que há o temor de suspensão de contratos principalmente da Rússia e China, os dois maiores compradores de SC. Juntos, eles representam cerca de 60% das 274 mil toneladas vendidas no ano passado.

 

A Associação Brasileira de Proteína Animal informou que não há nada oficial sobre suspensões de contratos de exportação.

 

 

Diário Catarinense

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