Adalberto Bitelbrunn e Clodoaldo Censi se emocionam ao lembrar da madrugada de 17 de dezembro. Sentados à frente do portão daquilo que um dia foi uma casa e em meio à lama e escombros, eles relembraram à reportagem do Santa como foram as horas de terror por conta do temporal em Presidente Getúlio.
Dor, saudade do lugar onde viviam e das pessoas que lá estavam são sentimentos que marcam os moradores da localidade do Revólver, área mais atingida pela enxurrada.
Eles estavam em casa no momento em que a chuva ganhou força. Segundo a Defesa Civil, foram 120 milímetros em apenas quatro horas, suficiente para fazer com que os morros viessem abaixo. Casas inteiras foram arrastadas e as pessoas gritavam por socorro enquanto buscavam a salvação em meio à escuridão da madrugada.
— Quando fui voltar para ver minha casa, pensei umas oito vezes antes. Será que tenho coragem? Porque a gente chora antes de ir. Já chorei três dias, não dormi dois. Claro que tem pessoas que estão piores do que nós, porque nem a sacola para levar as coisas embora eles não têm. Tem gente que não tem o parente para abraçar e dizer “eu te amo”. A morte passou por ali, na porta de todo mundo. Nós nos agarramos, nos seguramos, mas teve gente que não conseguiu — recorda Adalberto.
Já Censi conta que ouviu os pedidos por ajuda, conseguiu socorrer algumas pessoas, mas viu a própria casa desabar:
— Eu estava assistindo ao jogo na TV, e daqui a pouco escutei pessoas gritando por socorro. Abri a porta da casa e vi o drama. Consegui acordar a minha mulher e o meu menino, fui socorrê-los, salvei um, e nesse meio tempo minha casa já tinha ido embora. Ficamos ilhados um tempo, vendo as coisas iam embora… Nem sei como atravessei de um lado para o outro, só via as casas caindo.