Rui Car
22/09/2020 07h16

Suicídio pode ter sido provocado após extorsão, em Rio do Campo

Delegado fala sobre investigação do caso e dá recomendações à população

Assistência Familiar Alto Vale
Local onde o corpo foi encontrado (Foto: JATV)

Local onde o corpo foi encontrado (Foto: JATV)

Delta Ativa

Dia 11 de setembro foi um dia triste na cidade de Rio do Campo. Policiais foram acionados após populares encontrarem um corpo nas proximidades da Ponte do CTG, no centro. Existe a possibilidade de o suicídio ter ocorrido um dia antes, porém, o corpo foi localizado apenas na sexta-feira (11). Dezenas de pessoas foram até o local. A curiosidade da população era a de saber por qual motivo um homem jovem teria tirado a própria vida.

 

Para tentar desvendar esse triste fato, o Delegado da Polícia Civil de Rio do Campo, Juliano Bridi, dá mais detalhes sobre as investigações. Segundo Bridi, as informações que a polícia obteve até o momento, indicam que o riocampense foi vítima do “Golpe do Nudes”. Porém, o delegado confirma que o caso ainda está sendo investigado. A vítima de Rio do Campo teria recebido ligações pedindo dinheiro em troca da não divulgação de uma suposta denúncia de troca de fotos com uma menor de idade, da qual ainda não se tem a confirmação se é um perfil verdadeiro, nem se realmente houve essa troca de fotos. O número do suposto autor é do Rio Grande do Sul (DDD 51).

 

Relato de uma parente

 

Uma mulher, familiar do riocampense que teria cometido suicídio fez uma postagem nas redes sociais, indignada com o golpe. “Têm quadrilhas, com perfis fakes no Facebook, mandando mensagem, solicitação, primeiro conversa, manda fotos íntimas muitas vezes, depois disso pede uma certa quantia em dinheiro como aconteceu com meu tio, que acabou recebendo várias ameaças por WhatsApp, infelizmente não aguentou a pressão e atentou contra a sua própria vida. Por isso, eu peço do fundo do meu coração, se receber esse tipo de mensagens, procurem a justiça e denunciem! Não desejo para ninguém passar o que estamos passando, e o que outras várias famílias passaram também. Agora mandando mensagem até para o meu pai? Aqui não! Essas pessoas que não têm Deus no coração, espero que paguem por tudo o que fizeram e que estão fazendo com outras vítimas”, diz ela no relato.

 

Anexo a postagem, ela publicou os prints da “moça” que mandava mensagem para o seu tio, do tal delegado que o ameaçou e pediu dinheiro e dos tais boletins que o ele mandou para o riocampense. O boletim, apesar de bem elaborado, dá impressão de ser falso por alguns pequenos erros ortográficos.

 

Carta de despedida

 

Apesar da investigação ainda não ter sido concluída, os próprios familiares trabalham com a hipótese de ter sido suicídio. Inclusive, isso teria sido planejado pelo riocampense, tendo em vista que ele deixou algumas cartas de despedida.

 

“Se eu perceber que alguém não entendeu a real história, se houver julgamentos, eu mesma posto fotos das cartas que meu tio escreveu explicando o porquê de se suicidar, que foi o fake que mandava fotos íntimas, foi o fake que procurou ele e aconteceram várias outras coisas”, diz o mesmo relato da parente do falecido.

 

Extorsão já foi registrada em Taió

 

Em julho, uma investigação da Polícia Civil de SC, desmontou uma quadrilha que praticava extorsão sexual em série, pela internet, usando perfis falsos, de garotas, no Facebook. A investigação teve duração de quinze meses e constatou o crime em vários municípios de Santa Catarina.

 

A organização criminosa executava complexa articulação para extorsão de vítimas, intimamente expostas em enganosas trocas de mensagens por aplicativo. A ação fez parte da Operação Aletheia e apontou indícios dos crimes de organização criminosa, extorsão, lavagem de dinheiro, falsidade documental/ideológica e corrupção de menores.

 

Os criminosos também fizeram vítimas em Taió. Homens casados procuraram advogados depois que foram ameaçados a depositar dinheiro em contas bancárias do Rio Grande do Sul e São Paulo.

 

“Vi que a menina era bonita, e me pediu para ser amiga no Facebook, depois começou a puxar conversa pelo messenger. Pediu o número do whatsapp. Eu me empolguei e dei trela pra ela. Daí me pediu se podia mandar foto de nudes, eu deixei e ela também me pediu. Depois disso, o padrasto dela entrou na conversa dizendo que ela era de menor, me apavorei”, disse um dos envolvidos que pediu o anonimato.

 

A atuação dos criminosos começa com a criação de perfis falsos de mulheres jovens em redes sociais. Estes perfis são utilizados para adicionar e arrebanhar potenciais vítimas. As conversas migravam para outros aplicativos de mensagens, onde eram realizadas conversas de cunho sexual e trocas de fotos e vídeos íntimos.

 

Depois, vem a ameaça. Com o perfil fake, os criminosos conseguem identificar esposas e parceiras, e se caso a vítima não depositasse o dinheiro, poderiam enviar fotos e prints das conversas para as companheiras. Com medo de exposição, a maioria das vítimas sequer registra Boletim de Ocorrência.

 

A investigação apontou, ainda, que o grupo simulava que os pais da suposta interlocutora tiveram acesso às conversas e vídeos. Alegavam que a menina era adolescente e, a partir daí, passavam a extorquir dinheiro para que o conteúdo íntimo não fosse divulgado para familiares da vítima ou para a polícia. O grupo assumia identidade de policiais e até criava mandados de prisões para dar veracidade aos golpes. Com medo, as vítimas realizavam pagamentos de grandes quantias em contas bancárias. Em uma das contas do grupo, a movimentação mensal superou os R$ 80 mil.

 

O nome da operação Aletheia é uma referência a um personagem da mitologia grega associada à verdade. Citada em uma das fábulas de Esopo, com o ensinamento de que algo falso pode às vezes começar com sucesso, no entanto, com o tempo, a verdade “Aletheia” prevalecerá.

 

Recomendações do Delegado

 

Juliano Bridi, o delegado de Rio do Campo, faz algumas recomendações para toda a população:

 

– Evitar adicionar e conversas com perfis de pessoas desconhecidas;

 

– Não conversar pelo whatsapp com prefixos telefônicos desconhecidos;

 

– Em hipótese alguma troque fotografias, que possam ter conotação íntima, através do whatsapp ou messenger;

 

– Jamais faça depósitos, transferências ou pagamentos para desconhecidos;

 

– Se for vítima de algum golpe, procure imediatamente a Polícia e registre a ocorrência (nada será divulgado a respeito da vítima, será mantido sigilo absoluto).

 

FONTE: JORNAL A TRIBUNA DO VALE – WWW.JATV.COM.BR

 

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