Rui Car
28/02/2017 14h40 - Atualizado em 28/02/2017 14h30

Suspeito diz que não se lembra de ter esfaqueado três irmãs em SC, diz delegado

Após ser ferido, cunhado se fingiu de morto e conseguiu pedir ajuda

Assistência Familiar Alto Vale
Três irmãs são veladas em Cunha Porã - G1 SC - (Foto: Rafael Juncks/RBS TV)

Três irmãs são veladas em Cunha Porã - G1 SC - (Foto: Rafael Juncks/RBS TV)

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O suspeito de ter assassinado a facadas três irmãs, de 12, 15 e 23 anos, em Cunha Porã, no Oeste de Santa Catarina, disse que cometeu o crime após ser impedido de ter acesso ao filho, de 2 meses, de acordo com o delegado Joel Specht. Na delegacia, ele também alegou que não se recorda de ter esfaqueado as jovens. Conforme o delegado, o depoimento foi contraditório.

 

Elas foram identificadas como Julyane Horbach, de 23, Rafaela Horbach, de 15, e Fabiane Horbach, de 12 anos.

 

Julyane foi morta e o marido Gilvane ficou ferido (Foto: Reprodução/Facebook)Julyane foi morta e o marido Gilvane ficou ferido
(Foto: Reprodução/Facebook)

 

“Eram filhas muito queridas, meu deus. Cada fim de semana estavam juntas, sempre. Hoje elas iam estar lá em casa, juntas, reunidas, e tão ali agora, para sempre. O que aconteceu não podia ter acontecido. A gente espera que ele pague pelo o que fez. Queremos justiça”, disse o pai Neuri Horbach.

 

Segundo o delegado, as vítimas foram surpreendidas pelo homem de 24 anos que é ex-namorado de Rafaela. Durante o depoimento, o suspeito alegou que não deixaram ele ver o filho.

 

“Foi quando se irritou e ficou descontrolado. Para o crime, ele disse que utilizou uma faca que encontrou na casa. Não houve tempo para a reação das vítimas, quem conseguiu se defender foi o cunhado que também foi atingido. Ele falou que lembra ter esfaqueado o cunhado, mas não se recorda de ter ferido as mulheres”, disse.

 

Ainda segundo o delegado, Rafaela já tinha efetuado registros na polícia e solicitado medidas protetivas desde o ano passado por conta de ameaças feitas pelo suspeito e também conflitos envolvendo a guarda da criança.

 

Cunhado fingiu estar morto
O crime ocorreu por volta das 20h30 de segunda-feira (27). De acordo com o delegado, o marido de Julyane, Gilvane Meyer, de 25 anos, que também sofreu ferimentos graves fingiu estar morto e conseguiu fugir e pedir socorro para os vizinhos.

 

A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros foram acionados por um vizinho por volta das 21h20. No caminho para o hospital, Gilvane contou que tinham mais pessoas feridas na casa dele.

 

“Escutamos os gritos, os pedidos de socorro. Duas pessoas em vias de fatos. Pessoas caindo em frente à residência”, afirmou o vizinho Dilson Mueller.

 

Duas mulheres morreram dentro da casa e o corpo de outra foi encontrado na parte externa, em uma estrada. O bebê de dois meses não sofreu nenhum ferimento e estava dormindo no quarto no momento do crime. Ele foi entregue aos cuidados do Conselho Tutelar.

 

Gilvane passou por cirurgia no Hospital Regional Terezinha Gaio Basso, em São Miguel do Oeste. Ele precisou passar por drenagem no pulmão e segue internado na unidade hospitalar.

 

Triplo homicídio aconteceu no interior de Cunha Porã (Foto: Ederson Abi/WH Comunicações)Triplo homicídio aconteceu no interior de Cunha Porã (Foto: Ederson Abi/WH Comunicações)

 

Prisão em hospital
O suspeito foi preso em flagrante ao dar entrada no hospital com ferimentos na cabeça, na cidade vizinha de São Carlos. Durante a manhã desta terça-feira, foi encaminhado para a Cadeia Pública de Maravilha e qualificado por triplo homicídio qualificado e tentativa de homicídio qualificado.

 

“Ele estava tentando fugir, mas com o trabalho em conjunto conseguimos localizá-lo. Quando chegou na delegacia, ele confessou que tinha ido sozinho até a casa das vítimas”, disse Specht. O autor das facadas também afirmou que estava separado da jovem de 15 anos desde o início da gravidez.

 

Casa está isolada nesta terça (28) para perícia (Foto: Rafael Juncks/RBS TV)Casa está isolada nesta terça (28) para perícia (Foto: Rafael Juncks/RBS TV)

 

Investigações
O local do triplo assassinato fica na linha Sabiazinho, no interior de Cunha Porã. Na casa morava a irmã mais velha e o marido, além da garota de 15 anos e o bebê. A menina de 12 anos estava apenas de visita na noite de segunda-feira.

 

A casa da família foi isolada para os trabalhos de perícia. A Polícia Civil e Militar participaram dos trabalhos durante esta manhã. Até esta publicação, a arma do crime não tinha sido localizada.

 

Specht afirmou que durante os próximos dez dias irá fazer outras diligências no local, também deve ouvir outras testemunhas, inclusive os pais das vítimas para analisar a suspeita de feminicídio.

 

Velório e enterro
O velório das três irmãs ocorre na Igreja Congregacional do Brasil de Cunha Porã, no bairro Augusto Kempfer. O enterro está programado para as 16h no cemitério da cidade. 

 

“Elas eram tranquilas, uma família muita humilde. Elas estavam na nossa escola desde o primeir ano, terminaram. A de 12 anos continuava com nós. Ótimas alunas, nunca deram problema. Só temos coisas boas a falar delas”, disse a professora Luciane de Oliveira.

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