Rui Car
09/05/2020 08h22

Trabalhadores de frigoríficos são mais da metade do número de casos de Covid-19 em cidade de SC

O governo anunciou na quinta-feira (7) medidas restrições de prevenção ao coronavírus para a região como o fechamento do comércio não essencial por 14 dias e o uso obrigatório de máscaras

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Concórdia, cidade de 74,6 mil habitantes no Oeste catarinense, tem mais da metade dos casos de Covid-19 em trabalhadores de frigoríficos, segundo a prefeitura. Há uma empresa do ramo no próprio município e outra na vizinha Ipumirim. O Ministério Público do Trabalho (MPT-SC) investiga casos em funcionários da área também em Chapecó, na mesma região, e Nova Veneza, no Sul. No país, mais de 60 frigoríficos em 11 estados estão sendo investigados.

 

O governo anunciou na quinta-feira (7) medidas restrições de prevenção ao coronavírus para a região como o fechamento do comércio não essencial por 14 dias e o uso obrigatório de máscaras. A situação também foi tema de reunião da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa (Alesc) com o setor e as secretarias de Estado da Saúde e da Agricultura. Na ocasião, a Associação Catarinense de Avicultura (Acav) e o Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados (Sindcarne-SC) disseram que os frigoríficos adotaram protocolos rigorosos, sob orientação médica.

 

Segundo a Prefeitura de Concórdia, havia 176 casos confirmados de Covid-19 na cidade, conforme boletim das 18h de quarta-feira (6), 94 deles em trabalhadores de frigoríficos. O primeiro diagnóstico na cidade foi em 11 de abril, de uma mulher contratada por um frigorífico em Ipumirim. Uma semana depois, começaram a aparecer casos na indústria de carne de Concórdia.

 

Para o prefeito Rogério Luciano Pacheco, não é possível afirmar que os trabalhadores contraíram o vírus dentro do frigorífico da cidade.

 

“Desde aquele momento [primeiro caso confirmado em Concórdia], a prefeitura vem cobrando a eficiência da indústria na prevenção, de não aglomeração, desinfecção do espaço, do uso de máscaras”, completou.

 

O presidente do Sindicato da Alimentação de Concórdia e Região, Jair Baller, confirmou que há casos da doença em funcionários da indústria da carne no município e em Ipumirim, mas não tinha informação sobre quantos testaram positivo.

 

De acordo com o prefeito, foi feita uma inspeção da Vigilância Epidemiológica estadual no frigorífico, que é da BRF, no dia 28 de abril e foi dado prazo até 3 de maio para serem feitas adequações. A empresa disse em nota que foram adotadas normas como uso de máscaras, distanciamento mínimo entre funcionários, medição de temperatura, afastamento de quem é do grupo de risco e de casos suspeitos e reforço de higienização, entre outros.

 

Há duas mortes por coronavírus em Concórdia. Segundo o município, nenhuma das vítimas fatais é trabalhador de frigorífico.

 

Leitos

 

O hospital de Concórdia, chamado de São Francisco, é o único com leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da região, que abrange 13 municípios. Até a manhã de quarta (6), os 16 leitos reservados para Covid-19 estavam ocupados, informou o prefeito, por oito pessoas confirmadas com a doença e os demais, com suspeita. Quatro precisam usar respiradores. O local tem mais 10 leitos do tipo para pessoas com outras enfermidades.

 

O mesmo hospital tem 34 leitos de enfermaria reservados para Covid-19. Desses, 22 estavam ocupados, com 14 pessoas com coronavírus e oito com suspeita. Pacheco afirmou que há possibilidade de ampliação no número desses leitos, assim como os de UTI, com chance de aumento para 20.

 
 

Investigação

O Ministério Público do Trabalho em Santa Catarina (MPT-SC) investiga casos de trabalhadores da indústria da carne confirmados com Covid-19 em Nova Veneza, Concórdia, Ipumirim e Chapecó. Há um inquérito civil em andamento sobre isso para cada município.

 

A forma como é feito o trabalho nos frigoríficos preocupa o MPT em relação à transmissão da Covid-19, conforme o procurador Lincoln Cordeiro.

 

“As indústrias de abate e processamento de carne têm por característica a presença de centenas e, até mesmo, milhares de empregados em um único estabelecimento, os quais laboram em setores produtivos com elevada concentração de trabalhadores em ambientes fechados, com baixa taxa de renovação de ar, baixas temperaturas, alguns setores com bastante umidade e com diversos postos de trabalho sem o distanciamento mínimo de segurança de acordo com os parâmetros que vem sendo estabelecidos pelas autoridades sanitárias”, afirmou.

 

 

Em 23 de abril, o MPT firmou termo de compromisso de âmbito nacional com a BRF sobre medidas de prevenção ao contágio do coronavírus nas unidades de abate e processamento de aves.

 

Em Chapecó, a prefeitura não informou se há casos de coronavírus em trabalhadores do setor. “Existe um plano pelas duas grandes empresas de agroindústria aqui desde lá do início da pandemia para o resultado, a resposta, o enfrentamento de casos que porventura possam acontecer”, disse o prefeito, Luciano Buligon (PSL), em entrevista coletiva no dia 29 de abril.

 

O gestor declarou ainda que técnicos da Vigilância Epidemiológica de Chapecó têm feito visitas diárias de fiscalização “e de respeito a essas normas [de prevenção ao coronavírus]”.

 

Fonte: G1 

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