Rui Car
08/05/2024 14h45 - Atualizado em 08/05/2024 14h49

VÍDEO: Jorginho Mello diz que veículos de SC foram multados a caminho do RS

Governo do Rio Grande do Sul, ANTT e empresa de caminhão negam informação

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Foto: Reprodução

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O Rio Grande do Sul enfrenta não apenas o aumento das águas das chuvas, mas também a disseminação de notícias falsas. Entre terça-feira (7) e quarta-feira (8), diferentes informações relacionadas à entrega de doações têm circulado pelo Estado, incluindo notícias sobre supostas multas aplicadas a veículos que levavam os mantimentos.

 

Em publicações nas redes sociais, internautas e políticos afirmam que um caminhão carregado com donativos para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul foi barrado por estar sem nota fiscal e com 500 kg de carga superior ao peso permitido na balança.

 

Segundo o governo do Rio Grande do Sul, a informação é falsa.

 

“Carro foi multado”

 

No entanto, o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), diz que é verdade que caminhões que transportavam doações para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul foram impedidos de prosseguir e multados.

 

Jorginho Mello manifestou sua indignação diante dos desafios enfrentados pelos caminhões de auxílio.

 

Estou aqui com Samuel, da Defesa Civil da capital de Santa Catarina, que foi impedido de prosseguir no posto da ANTT enquanto tentava levar comboios de mercadorias para o Rio Grande do Sul. Apesar de apresentar os produtos, ele foi multado duas vezes, primeiro por excesso de carga e depois por se recusar a pagar um pedágio inesperado”, disse o governador.

 

De acordo com o governador, essa situação revela uma falha grave no sistema, especialmente considerando que os caminhões estavam em uma missão de ajuda humanitária. “Este tipo de impedimento é lamentável. Não se trata de fake news, mas sim de um absurdo que precisa ser corrigido imediatamente”, fala.

 

Veja o vídeo:

 

O que diz a empresa do caminhão?

 

A empresa responsável pelo caminhão envolvido na situação, a Bread King, emitiu uma nota de esclarecimento através de sua conta no Instagram. Na nota, a empresa esclarece que o caminhão foi abordado em um posto de fiscalização, porém não foi alvo de nenhuma autuação.

 

Em sua conta oficial no Instagram, a Secretaria da Fazenda do Rio Grande do Sul esclareceu que os veículos transportando doações para o Estado não estão sendo retidos nos postos fiscais localizados na divisa com Santa Catarina.

 

Carro não foi multado diz governo gaúcho

Foto: Divulgação

 

De acordo com a nota divulgada, a Receita Estadual orientou os servidores para que liberem todas as cargas contendo donativos nos seis postos fiscais situados em Barracão, Marcelino Ramos, Nonoai, Iraí, Vacaria e Torres.

 

ANTT nega

 

ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) também divulgou uma nota dizendo que, neste período emergencial, não está retendo veículos de carga nas vias de acesso ao Rio Grande do Sul.

 

Os veículos de carga que passam nas balanças em rodovias que acessam o Estado passam por um procedimento simplificado de fiscalização e são liberados para seguir viagem.

 

Não há solicitação de nota fiscal e nem aplicação de multas sobre veículos que transportam donativos. Os vídeos que circulam na internet que afirmam que a ANTT reteve veículos de doação não condizem com a realidade dos fatos”, diz a Agência. E continua:

 

A ANTT está empenhada na facilitação da movimentação de cargas, sobretudo gênero de primeiras necessidades, para abastecimento da população atingida pelas chuvas no Rio Grande do Sul, além de mobilizar equipes da própria Agência e dos entes regulados no auxílio à população atingida e no reestabelecimento da normalidade”.

 

Carros não foram taxados, segundo ANTT

ANTT diz que é mentira que caminhões tenham sido taxados (Foto: PMC / Reprodução)

 

PF vai investigar fake news

 

Diante do aumento de notícias falsas envolvendo a situação no Rio Grande do Sul, a Polícia Federal entrou na luta contra a disseminação de fake news.

 

O ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, enviou um ofício ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, solicitando a apuração de possíveis crimes.

 

No documento, o ministro lista uma série de influenciadores digitais, contas em redes sociais e postagens na internet que estão compartilhando informações falsas sobre as operações de resgate e a recuperação dos danos causados no Estado.

 

Narrativas no Rio Grande do Sul

 

De acordo com Pimenta, essas “narrativas desinformativas e criminosas” estão contribuindo para agravar a crise social enfrentada pela população gaúcha.

 

Os conteúdos afirmam que o Governo Federal não estaria ajudando a população, de que a FAB (Força Aérea Brasileira) não teria agilidade e que o Exército e a PRF (Polícia Rodoviária Federal) estariam impedindo caminhões de auxílio”, diz. E continua:

 

Destaco com preocupação o impacto dessas narrativas na credibilidade das instituições como o Exército, FAB, PRF e ministérios, que são cruciais na resposta a emergências”.

 

Governo federal diz que carros não foram multados

Foto: PMC / Reprodução

 

Segundo informações do Ministério da Justiça, a investigação terá como objetivo apurar possíveis ilícitos ou crimes relacionados à propagação de desinformação, além de identificar os responsáveis por tais condutas. Em colaboração com a AGU (Advocacia-Geral da União), serão acionadas as instâncias judiciais pertinentes para responsabilizar os envolvidos.

 

Quem são os investigados?

 

O Palácio do Planalto identificou o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG) e o influenciador Pablo Marçal como responsáveis por compartilhar postagens consideradas “fake news” relacionadas às chuvas no Rio Grande do Sul.

 

Uma das postagens mencionadas foi feita por Eduardo Bolsonaro, que criticou a resposta do governo federal ao Rio Grande do Sul, alegando que o auxílio demorou quatro dias para chegar à região afetada.

 

Outra publicação, feita pelo influenciador Pablo Marçal, afirmava que a Secretaria da Fazenda do Rio Grande do Sul estava bloqueando a entrada de caminhões de doação, o que estaria impedindo a distribuição de alimentos e marmitas. Essa mesma informação foi reiterada pelo senador Cleitinho Azevedo.

 

Fonte: Ana Schoeller / ND+
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